Sobre a Igualdade

Márcio Costa
29/09/2014
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A questão da igualdade sempre foi muito discutida em diversos fóruns de nossa sociedade. Falamos de igualdade entre nações, igualdade entre povos, igualdade entre raças, igualdade na escola, no trabalho e, até mesmo, em família. Embora o assunto seja amplo, vamos nos ater somente às bases que fundamentam a igualdade.

Desde o alvorecer da História Antiga até o primeiro entardecer da Idade Média persistia entre os homens o princípio da desigualdade. O mais forte predominava sobre o mais fraco, independente das correntes e orientações filosóficas. Contudo, mesmo com as dificuldades de entendimento para a época, diversos mensageiros enviados por Jesus já lançavam os germens dos princípios cristãos, conforme relata Emanuel no livro A Caminho da Luz, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Neste contexto, podemos exemplificar Sócrates, na Antiga Grécia, com seus ensinamentos em praça pública à infância e à juventude.

Séculos depois, a Grécia perde o seu foco para o Império Romano. E no auge deste Império recebemos na manjedoura o próprio Cristo, cujos ensinamentos se propagaram no seio da sociedade romana e nos rincões mais distantes do Império. Mas a desigualdade ainda persistia. E com a intolerância das classes mais favorecidas que não tolerava os ideais de igualdade, os primeiros cristãos foram perseguidos e levados à grandes martírios nas arenas e nos açoites, a partir do reinado de Nero.

Mais tarde, no entardecer da Idade Média, as marcas da desigualdade começam a perder força. Com a queda do feudalismo e o surgimento do comércio, uma nova classe começava a reivindicar os direitos de igualdade entre todos. Surgem novas correntes e pensamentos e os ideais de igualdades entram nas páginas da história por meio de filósofos como Rousseau e Chevallier e pelos exemplos de amor e simplicidade de missionários como Francisco de Assis.

Em 1776, a Constituição da Virgínia pauta em seu art. 1° o texto “todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes”. Somando este contexto aos princípios de isonomia reinantes naquele cenário, a França se inflama a partir de 1789 frente aos abusos do clero e da nobreza após o reinado de Luís XV, por meio do lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. A partir daquele momento foram inseridas nas páginas de nossa história estas três palavras “que constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social”, se pudesse receber integralmente aplicadas, conforme nos apresenta Allan Kardec, no livro Obras Póstumas.

A igualdade sem a fraternidade não tem a base necessária para se sustentar. E sem ambas, a liberdade caminharia pelas trilhas da anarquia. A fraternidade, em sua essência, leva ao homem a praticar a tolerância, a benevolência e a indulgência para com o seu próximo. Sendo fraternos, também não temos dificuldades de ver o próximo como um irmão, filho do mesmo Pai. Com a fraternidade, fazemos pelo nosso irmão aquilo que gostaríamos que fizéssemos por nós mesmos. Logo, somente exercendo a fraternidade podemos entender e praticar a Lei de Igualdade.

O que muitas vezes nos impede de praticar a Lei de Igualdade é o nosso egoísmo e o orgulho. Sendo o primeiro o oposto da fraternidade e o segundo o oposto da igualdade, muitas das vezes pensamos em nós mesmos e nos nossos interesses e olvidamos os irmãos mais necessitados.

Infelizes exemplos nos acercam todos os dias, mostrando-nos que ainda temos muito que aprender em prol da Lei da Igualdade. Na via pública não cedemos nossos assentos aos mais necessitados e aos idosos. Mesmo inseridos em um mesmo círculo social, às vezes olvidamos o cordial cumprimento. Por vezes somos incapazes de oferecer uma parte de nossa farta refeição a quem notadamente tem fome. Jogamos o lixo de nossas mãos ao vento na certeza de que outro menos favorecido irá recolhê-lo. Não damos oportunidade de alguém mostrar suas aptidões em uma empresa com receio de que este vá ocupar nosso lugar. Passamos à frente do desavisado, acreditando estar incólumes aos olhos de Deus, só para obter vantagens. Ocultamos informações privilegiadas de assuntos públicos para evitar competição. E enfim, ainda somos incapazes de amar nossos irmãos como a nós mesmos.

Mas nem tudo é lamentável. Em meio a tantos exemplos negativos ainda vemos luzes guiando os necessitados. Nunca na história da humanidade houve tantas demonstrações de amor pelo próximo e compaixão como vemos hoje em diversas partes do mundo. Organizações não governamentais ajudam os mais carentes. Órgãos governamentais instituem leis de amparo e de igualdade de direitos. Ações de cunho cívico e social amparam os que precisam, permitindo a eles o conforto da maioria. Iniciativas privadas se unem para apoiar causas de ajuda e apoio. E no meio da desesperança, percebemos ações anônimas que trabalham veladamente no erguimento dos irmãos em sofrimento.

A Lei de Igualdade para ser exercida em sua plenitude não deve estar somente registrada em Leis, normas ou regulamentos. Ela precisa estar registrada nos recantos mais íntimos de nossa alma. Precisamos aplicar aquilo que pautamos e defendemos para que o amor ao próximo ocorra naturalmente. Também não devemos esperar que o próximo aja antes de nós para começarmos a fazer a nossa parte. Sejamos nós mesmos a centelha necessária para incandescer os corações vizinhos. Só assim estaremos caminhando pelos ideais da Fraternidade e da Igualdade, os quais nos levarão à liberdade de agir segundo as obras do Cristo.

Márcio Martins da Silva Costa

Referências:

EMMANUEL. A caminho da luz: História da civilização à luz do Espiritismo. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2011. 113 p. Psicografia: Francisco Cândido Xavier.
KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 2. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2007. 432 p. Disponível em: <http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/139.pdf>. Acesso em: 29 set. 2014.
VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita. 31. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. 160 p.
MACIEL, Alvaro dos Santos. A evolução histórica do princípio da igualdade jurídica e o desenvolvimento nas constituições brasileiras. 2014. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8343>. Acesso em: 29 set. 2014.

Imagem em destaque disponível em <http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2012/12/12/para-combater-o-preconceito-incentive-seu-filho-a-aceitar-a-diversidade-desde-cedo.htm>.  Acesso em: 29SET2014.

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