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O sonho na visão Espírita

novembro 21, 2014

marcio_costa_300x300A maioria de nós nem costuma dar importância para o que sonhou na noite anterior. Levantamos da cama, esticamos o corpo e começamos as atividades do dia. Alguns acordam bem dispostos, outros mal humorados. Mas, em geral, não nos preocupamos com o que fizemos na noite anterior. Geralmente a lembrança dos sonhos só nos chama a atenção quando temos um sonho muito motivador ou um sonho ruim que nos impressiona.

Fazendo a diferença entre o sono e os sonhos, o primeiro se refere ao repouso de nosso corpo físico.  É o momento necessário para a recuperação das energias que consumimos quando estamos em vigília. Por mais que fiquemos horas acordados, em algum momento o nosso corpo pede para parar. Assim, nossos sistemas e regiões do sistema nervoso central se entorpecem e damos lugar ao sono confortante.

Para a nossa alma, este é um momento esperado na qual os laços que nos ligam à matéria tornam-se mais sutis e podemos adentrar na erraticidade. Comparando a um presidiário em regime semiaberto, o sono é para o espírito aquela oportunidade de gozar de suas faculdades dentro das possibilidades que as conexões com o corpo físico ainda permitem.

Já os nossos sonhos nada mais são do que as reminiscências da viagem realizada por nosso espírito no momento do sono. Nem sempre temos noção plena daquilo que sonhamos na noite anterior. Muitas das vezes as lembranças vêm fragmentadas à nossa mente em uma desordem incompreensível de fatos e coisas, geralmente fora de padrões lógicos. Lacunas entre pensamentos e ideias ficam soltas e nem sempre conseguimos claramente organizá-los ao despertar do corpo físico. Isto ocorre porque nosso corpo grosseiro não consegue assimilar todas as impressões sutis vivenciadas pelo espírito.

Bastam alguns momentos de torpor do nosso corpo para que o espírito possa iniciar o seu desprendimento. Muitos têm medo da morte, mas é exatamente isto que se dá com todos nós a cada noite de sono. A única diferença é que ainda permanecemos ligados ao nosso corpo o qual voltamos quando este retorna ao estado de vigília.

Durante o sono a alma se liberta e pode gozar de boa parte de suas faculdades como espírito. Dependendo de seu adiantamento intelecto-moral, pode cruzar o passado, o presente e o futuro. Pode ir a lugares próximos e distantes. Pode estar com amigos e parentes encarnados ou não, desta ou de outra vida. Pode também ir aos rincões físicos mais distantes, em até outros mundos, atendendo aos interesses do espírito.

Eis o porquê de muitas vezes sonharmos com pessoas que nunca vimos em nossas vidas. E, neste contexto, há várias possibilidades. Podem ser espíritos simpáticos (ou não) a nós de outras encarnações; podem ser aqueles com quem estabelecemos nossa sintonia por meio de nossos pensamentos e ações quando em acordados; ou ainda aqueles com os quais compartilhamos atividades somente realizadas no plano espiritual.

Interessante também são os sonhos que temos com conhecidos realizando ações totalmente diferentes das que estamos acostumados a vê-los. Pode até parecer inverossímil, contudo, pode ser uma experiência pregressa vivida com aqueles espíritos, cujos momentos foram rememorados pela nossa alma. Sabendo que evoluímos de encarnação em encarnação, talvez aquele espírito não pratique os mesmos atos e ações hoje, mas a forma de agir anterior pode ter ficado em nossa lembrança.

Outras vezes sonhamos com pessoas próximas ou que irão estar próximas a nós. Isto pode justificar, em alguns casos, a simpatia profunda e gratuita que temos por alguém ao vê-la(o) pela primeira vez. Se a simpatia não ocorrer pelos laços do passado, é possível que ambas as almas frequentem os mesmos lugares no plano espiritual antes mesmo de se conhecerem.

No momento do sono também podemos ser levados a amigos e familiares do plano espiritual que já desencarnaram. Desde que haja um propósito para isto, poderemos estar com nossos pais, avós e irmãos, tendo uma oportunidade, mesmo que breve, de estabelecer um contato com eles. Contudo, não adianta irmos para a cama rezando e pedindo para que isto aconteça. Desdobrados do corpo físico retomamos parte de nossas faculdades e nem sempre nossos interesses se mostram os mesmos daqueles quando estamos acordados.

O espírito durante o sono também poderá percorrer o futuro. Isto responde a questão de que alguns até conseguem antever a proximidade do próprio desencarne. A percepção do amanhã também pode nos trazer pressentimentos de fatos que estão por acontecer. Isto pode explicar algumas sensações conhecidas como “déjà vu”, ou impressão de já termos vivenciado um fato que está ocorrendo pela primeira vez.

Nem sempre o sonho significa algo que realmente possa ter ocorrido efetivamente com a nossa alma. Ligados ainda à roupagem carnal ainda estamos sujeitos a sofrer impressões desta em nossa imaginação e desejo. Assim, um sonho também pode espelhar algo que desejamos para nós, mas que não necessariamente possa ter ocorrido.

Pesadelos podem representar os lugares que frequentamos devido à nossa baixa sintonia quando em vigília. Podem ainda ser lembranças daqueles que nos perseguem de encarnações anteriores, ou até nesta vida, reclamando o débito que contraímos com eles.

Em geral, poucos dão a importância aos sonhos, mas eles podem significar muito para nós. Em teoria, passamos um terço do dia dormindo e, consequentemente, convivendo com espíritos que podem ser de nosso passado, do presente ou do futuro. E não nos atentamos o quão tais experiências influenciam as nossas vidas. Se vibrarmos bem durante o dia, à noite poderemos estar em contato com amigos mais sublimes, os quais podem se tornar amigos e intuidores benéficos de nossa alma. Se vibrarmos mal, no vício ou em tantas outras paixões terrenas, poderemos estabelecer conexões com as sombras que poderão nos acompanhar depois.

Não há uma regra fixa para os sonhos que temos. “Cada caso é um caso” e os comentários anteriores são apenas exemplos de fatos que podem ocorrer com a nossa alma durante o sono. A única certeza que temos é da importância de aprender a dar mais atenção ao nosso sonho e aos nossos sonhos. Hoje nos desligamos temporariamente do corpo físico por apenas cerca de oito horas, quando então iremos aos lugares e estaremos com aqueles que nos são afins. Após o nosso desencarne, este desligamento será definitivo e o que faremos não será diferente do que costumamos fazer hoje.

Devemos então, trabalhar da melhor forma possível este momento de descanso para que ele seja proveitoso e nos ensine a buscar o que realmente dignificará a nossa alma. Este trabalho começa ao despertar, quando devemos nos esforçar para abrir nossos olhos e coração para o trabalho no bem. Deve continuar durante o dia, prezando pelo “orai e vigiai”, o qual nos livrará da sintonia baixa de irmãos das sombras. E finalizar com uma prece antes de dormir, buscando orientar nossas vibrações para pensamentos mais sublimes.

Na Coletânea de Preces Espíritas, no Evangelho Segundo o Espiritismo possui, em seu item 38, há uma prece bem rápida que feita de coração pode nos ajudar a melhorar nossa viagem pelo plano espiritual, qual seja:

 “Minha alma vai estar por alguns instantes com os outros Espíritos. Venham os bons ajudar-me com seus conselhos. Faze, meu anjo guardião, que, ao despertar, eu conserve durável e salutar impressão desse convívio.”

Bons sonhos a todos!

Márcio Martins da Silva Costa

Referências:

KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.

Imagem em destaque:
Disponível em <http://equilibriointerior2010.blogspot.com.br/2012/04/perispirito_13.html>. Acesso em: 21NOV2014.

Márcio Costa
Márcio Costa

Membro do Conselho Editorial da Agenda Espírita Brasil, atua na divulgação da Doutrina Espírita escrevendo textos e realizando palestras.

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