suicida

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Carta a um potencial suicida

janeiro 17, 2015

marcio_costa_150x150Querido leitor, se as linhas que se desdobram adiante não fazem parte dos pensamentos que preenchem o seu foro íntimo, sinta-se à vontade para abandonar a leitura ainda no primeiro parágrafo. Este pequeno texto, embora que ainda muito incompleto diante da complexidade do tema, tem por objetivo somente levar algumas pequenas palavras de orientação, esperança e consolo para aqueles que se encontram em situações onde o limite das forças já se esvanece por completo.

Desde que o Espiritismo nos abriu as portas para o recebimento de cartas do além-túmulo, diversas mensagens daqueles que experimentaram os momentos derradeiros desta lamentável opção já chegaram às nossas mãos. Dando-lhes credibilidade ou não, o certo é que tais comunicações são unânimes no sentido de descortinar uma perspectiva de incremento no sofrimento e na dor, ao invés de cessar os malefícios junto com o desfalecimento do corpo físico, conforme esperado pelos incrédulos na vida pós-morte.

Indiscutivelmente, muitas das provas das quais estamos sujeitos em nossa vida carnal não são fáceis de serem transpostas. Nos momentos limítrofes entre a aceitação ou a renúncia, duas portas se colocam adiante daqueles que cogitam o abandono da vida material. Uma delas, se aberta, permitirá àquele que se desespera em permanecer em vida caminhando nos labirintos dos atuais sofrimentos. A outra porta é uma incógnita. Não se sabe o que há por trás dela. Aparentemente é a paz, pois a dor possivelmente não irá transpô-la. Ou ainda, um caminho mais rápido para um possível “céu”. Uma saída, um “repouso”, ou o nada… ledo engano!

Querido amigo (a), se a porta que escolher estiver na primeira opção, ou seja, a de permanecer conosco, confia, abre e segue. Por trás dela a vida continua com todos os seus problemas, mas com as oportunidades que se mostrarão no desenrolar dos fatos. Embora tudo se mostre denso, encerrando as opções a um quarto estreito sem portas e janelas, onde as paredes testemunham somente a desesperança, conflitos, mágoas e dor, acredite, sempre haverá uma saída, por mais impossível e improvável que pareça. Mais adiante retornaremos com estas ideias.

Contudo, se ainda assim suas mãos o conduzirem pela porta que leva ao suicídio, pare, pense e reflita! Uma vez aberta esta porta não será mais possível voltar a ela e tentar retornar à condição anterior. Muitas possibilidades se descortinarão à medida que sua consciência desperta após o momento fatídico. Nenhum daqueles que cruzaram esta porta trouxeram mensagens de conforto e paz. Todos reportaram uma “tortura” muito maior do que o sofrimento que experimentavam ainda em vida.

Se a chave que o levará ao mundo dos mortos for moldada pelo veneno, possivelmente seu espírito poderá sentir os efeitos de sua atuação corrosiva por vários anos depois. Se forem empregados materiais contundentes, as dores de sua ação invasiva poderão perdurar as terríveis sensações indefinidamente. Se jogar seu corpo em um abismo, a sensação da queda e da aniquilação do veículo físico poderá lhe acompanhar a todo o instante. Ainda envolvido no “turbilhão da matéria carnal”, poderá crer que ainda conta do número dos vivos. Neste contexto, poderá até perceber as sensações corpo físico, mesmo depois da extinção da vida deste. Alguns até chegam a sentir os vermes eliminarem a carne. Logo, pare, pense e reflita!

As atitudes citadas anteriormente encontram-se na literatura Espírita trazida até nós pelas mãos do Consolador. Muitas delas também descrevem que as marcas dos atos realizados podem ser impressas no períspirito de forma que o reflexo de tais ações poderá acompanhá-lo até mesmo em outras encarnações. Se hoje possuis um corpo que lhe permite gozar de várias faculdades naturais ao ser humano, amanhã poderá ser diferente. Circunscrito em uma nova roupagem canal, limitada pelas funestas marcas de atos agressivos ao períspirito em vidas passadas, carregará durante toda a nova experiência na matéria, sofrimentos ainda maiores daqueles que atualmente lhe acompanham. Se a dor que a vida atual lhe empresta é de caráter moral, não tenha dúvida de que o ato falho lhe emprestará sentimentos muito mais agressivos daqueles que vive agora. Logo, pare, pense e reflita!

Reflita se a embriaguez e outros atos de ordem fisiológica vêm contribuindo para a condução de tais ações e o que poderia ser mudado em sua vida. Reflita se não são os bens materiais, as decepções e os desgostos de toda natureza que o estão levando à derrocada de suas forças. Reflita se a publicidade que se dá a tantos outros que partiram pelo suicídio não está lhe criando um falso sentimento de coragem. Todos aqueles que optaram pelo adeus à vida material pela porta do suicídio demonstraram coragem de enfrentar a morte, mas na realidade, passaram a contar das fileiras dos que fraquejaram em suas provações. Não seja mais um deles. Logo, pare, pense e reflita!

Retornando às oportunidades que lhe podem seguir ao optar pela vida terrena, tenha a certeza de que após toda a “tempestade”, o “mar” se acalma. O tempo parece parar nos momentos mais delicados de nossas vidas, mas, em verdade, continua sua marcha equilibrada seguindo a Lei do Progresso. Os fatores que desencadeiam a dor, o sofrimento, que alfinetam o nosso orgulho e a vaidade são apenas instrumentos a nossa volta que nos ajudam a crescer intelecto-moralmente. Passada a turbulência um novo ser desflora mais forte, mais confiante, mais experiente e mais seguro das ações a tomar. Tomado pela motivação de saber que é capaz de transpor tais barreiras, sentir-se-á mais feliz e realizado. Logo, pare, pense e reflita!

Mesmo nas situações mais insólitas, não deixe de pensar nos frutos que poderão ser colhidos após a tempestade. Se sua visão limitada ao materialismo o impede de entender as perspectivas da vida em espírito, levante os olhos até o céu, até ao Sol e as estrelas. Projete-se na calma do espaço infinito e perceba a grandiosidade de tudo que está à sua volta. Mesmo com todos os problemas que passamos a cada dia, o Sol, ignorando nossas alegrias e dores, retorna todos os dias para nos trazer a luz, a energia, novas esperanças e uma nova chance de recomeçar. Por que deixar tudo isto para trás em troca de algo cujo míope conhecimento não o leva a entender. Logo, pare, pense e reflita!

Por fim, e acima de tudo, não pense que você está abandonado. Em seu entorno, sempre há um Espírito protetor a lhe acompanhar e a lhe envolver em laços de amor e paz. Por intermédio dele, busque uma oração singela voltada a Deus. Ele nunca nos desampara e estará contigo em todos os momentos. Além disso, também você não está sozinho no plano material, como pensas. Por mais que sua percepção corrompida pelo sofrimento não lhe permita perceber, há aqueles que se preocupam de alguma forma contigo.

Tenha fé, acredite nos desígnios do Pai criador e continua conosco. Sua presença na contínua aprendizagem da vida corpórea será uma alegria para nós encarnados e desencarnados. Que Deus o ilumine!

Márcio Martins da Silva Costa

REFERÊNCIAS:
KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.
REVISTA ESPÍRITA: Jornal de Estudos Psicológicos. Paris, França: Instituto de Difusão Espírita, v., maio 1862. Mensal. Disponível em: <http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/revista-espirita-1862.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2015.

Imagem obtida em <http://www.marinareigado.com.br/o-que-assusta-tanto-na-escolha-profissional/>. Acesso em: 14 jan. 2015.

Márcio Costa
Márcio Costa

Membro do Conselho Editorial da Agenda Espírita Brasil e colaborador do Centro Espírita Seara de Luz, em São José dos Campos - SP, atua na divulgação da Doutrina Espírita escrevendo textos e realizando palestras.

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