922 visualizações

O cultivo da verdade

março 19, 2015

richard-simonetti-menorOuvistes o que foi recomendado aos antigos: ‘Não jurarás falso, mas cumprirás com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo que não jureis de forma alguma; nem pelo Céu, que é o trono de Deus; nem pela Terra, que é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. Não jurareis tampouco pela vos­sa cabeça, porque não podeis tornar branco ou preto um só de seus cabelos. Limitai-vos a dizer: sim, sim; não, não. O que disso passar procede do Maligno” (Mateus, 5:33 a 37.)

O segundo mandamento da tábua da Lei preceitua: Não pro­nunciareis em vão o nome do Senhor vosso Deus. Isto significava para os judeus que eles deviam abster-se de usar o nome do Senhor como testemunho da Verdade. Habilmente, segundo suas conveniências, passaram a usar substitutivos, jurando pelo templo, pelo Céu, pela Terra, por Je­rusalém, por Moisés, pelos profetas…

Jesus, taxativamente, proclama que não se deve jurar de forma alguma, porque tudo no Universo é obra de Deus. Se jurar­mos por alguém ou por alguma coisa, indiretamente estaremos envolvendo seu nome. Nossas afirmativas devem ser sempre ver­dadeiras. O fato de alguém exigir nosso juramento significa que nem sempre falamos a verdade, e quando o indivíduo habitua-se à mentira nem assim merecerá crédito, porquanto para ele será fácil evocar a Terra e o Céu, pretendendo dar força de autentici­dade às suas mentiras.

As pessoas mentem nas mais variadas situações e pelos mais variados motivos. Para esconder uma falta: “Não, papai, não quebrei seu vaso de estimação. Foi o Lulu que subiu à mesa…” Para disfarçar um vício: “Não, mamãe, já lhe disse que não fumo. Não gosto de cigarro! Esse cheiro que a senhora sente está na minha roupa e nos meus cabelos… lá na escola todo mundo fuma e eu fico impregnada.” Para explicar um atraso: “Desculpe, chefe, o pneu do meu carro furou. Perdi um tempão para trocá-lo!…” Para justificar uma omissão: “Claro que respondi à sua carta! Não recebeu a resposta? Ah! Esse correio! Está cada vez pior!…” Para livrar-se de alguém: “Diga que não estou em casa!…”

No fundo todos os mentirosos e todas as mentiras iden­tificam-se em motivação comum: imaturidade. É ela que leva o indivíduo a mentir, seja para parecer o que não é, ou não deixar transparecer o que é, seja para não assumir a responsa­bilidade dos seus atos, seja por comodismo, ou embotamento de consciência.

Observando atentamente, verificaremos que nossa exis­tência é tremendamente complicada, justamente por vivermos num mundo onde grassa a mentira. As carteiras de identidade, as cartas de apresentação, os atestados de antecedentes criminais e muitos outros documentos exaustivamente adquiridos, exigidos em qualquer iniciativa que envolva nossa identificação social e profissional, não passam de meros comprovantes de que falamos a verdade ao declinar nosso nome, endereço, idade, estado civil, profissão…

Se efetuarmos uma transação comercial, principalmente envolvendo instituições financeiras, será indispensável compro­vemos, mediante vasta documentação, possuir patrimônios que responderão pela dívida. Além do mais se exigirá o aval de al­guém que, por sua vez, também deverá comprovar que possui re­cursos compatíveis com o montante de nosso débito. Isto porque se parte do princípio de que muita gente assume compromissos que não pretende ou não pode liquidar.

Se todos falássemos a verdade, eliminaríamos não ape­nas problemas dessa natureza, mas, praticamente, todo o mal do mundo. Sem a mentira não haveria adultério. Como trair o cônjuge sem iludi-lo?… Sem a mentira não haveria comerciantes desonestos que apregoam vender com lucro mínimo, que geralmente se situa acima 100%, alimentando a inflação… Sem a mentira desapareceriam os profissionais da política, hábeis na arte de iludir o povo, que prometem tudo e não cum­prem nada… Sem a mentira não haveria “fofocas”, comentários maldo­sos, boatos maliciosos. Como veicular algo negativo sobre alguém baseado no “ouvi dizer”?…

Sobretudo, sem a mentira haveria maior confiança entre as pessoas, esta virtude tão escassa hoje em dia, sem a qual a vida fica sempre complicada, isso porque raros optam pelo sim, sim; não, não.

Richard Simonetti

 

Nota do editor:
Imagem em destque disponível em <http://cinemaedebate.com/2010/09/29/pinoquio-1940/>. Acesso em: 19MAR2015.

Richard Simonetti IN MEMORIAM
Richard Simonetti IN MEMORIAM

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935 e Desencarnou em 03 de Outubro de 2018. De família espírita, participou do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, onde desenvolveu largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, teve mais de cinquenta obras publicadas.

Deixe aqui seu comentário:

Divulgue o cartaz do seu evento espírita.

Clique aqui
Abrir bate-papo
Precisa de ajuda?
Olá! Como podemos ajudá-lo(a)?