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Escravo do elogio

junho 20, 2015

wellington-balboRenato começava a se destacar no palco da vida. Eram aplausos, elogios, tapinhas nas costas, bajulação…

Não tardou para que o pomposo rótulo de estrela aparecesse como uma espécie de sobrenome.

Sua opinião era sempre respeitada, suas frases tornavam-se chavão e seu comportamento começou a ser imitado por infindável número de pessoas.

Logo, Renato por ser tão requisitado começou a sentir-se o Dono do Mundo.

Passou a considerar-se insubstituível. Um “Escolhido”, era assim que se intitulava.

Embriagado pelos elogios, passou a ter devaneios, julgava-se infalível e queria moldar todos a seu modo.

Quem não pensasse como ele estava errado.

Quem não lhe imitasse estava “fora de moda”.

Seu jeito de falar – O Melhor. Sua maneira de ser – A mais Adequada.

Seu sorriso – O mais Bonito.

Suas frases prediletas eram: – Eu disse, eu avisei. – Se todos fossem como eu o mundo estaria melhor. – Para as coisas darem certo, vocês têm que ser como eu sou.

Não percebeu que assim perdia sua identidade e dava largo passo à loucura.

Algum tempo depois, o povo e a mídia elegeram outro ídolo.

Renato ficou órfão da bajulação, mas não perdeu a pose, continuou querendo moldar todos que o rodeavam.

Foi perdendo amigos, namorada, o emprego…

Familiares afastaram-se por não mais quererem conviver com sua arrogância.

Hoje, Renato tenta colher aplausos de seus colegas no hospício em que está internado…

O mundo aplaude, mas também apupa.

Os elogios são sementes lançadas ao solo de nosso coração que devem ser cultivadas com todo cuidado.

Quem, à semelhança de Renato, deixa-se arrastar pelos elogios perdendo as noções da realidade a considerar-se acima do bem e do mal, habilita-se ao desequilíbrio.

Mais prudente encará-los como estímulos para que melhoremos cada vez mais.

Diz o dito popular: canja de galinha não faz mal a ninguém.

Seguindo as recomendações do adágio popular, nosso Chico Xavier, prudente como um sábio, dizia ser apenas uma formiguinha, das menores, que anda pela Terra cumprindo sua obrigação.

O médium agindo assim livrava-se dos inconvenientes de sentir-se a cereja do bolo.

Espíritos mais adiantados como Chico tem plena consciência do estágio evolutivo em que estão.

Encaram, portanto, os elogios como estímulos para o prosseguimento de sua missão, nada além disso.

São muitos casos de gente que conheceu holofotes e aplausos e aprisionaram-se a eles.

Quando cessaram os tapas nas costas caíram em depressão.

Faltou a eles o reconhecimento de que somos uma formiguinha, das menores, que anda pela Terra cumprindo nossa obrigação.

Chico sabia disso.

Para nosso equilíbrio é bom aprendermos também.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo

 

 

 

Nota do Editor:
O nome Renato é mero exemplo de personagem fictício criado pelo autor.
Imagem em destaque disponível em <http://blog.trendin.com/5-essential-rules-for-mens-suits?utm_source=blog>. Acesso em: 20JUN2015.

Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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