
A turma do prefiro
Os dois irmãos habitavam bela residência herdada de seus pais.
Construção antiga, mas sólida, confortável, de cômodos amplos e arejados. Ali poderiam permanecer por longos anos, sem problemas.
No entanto, por uma insignificância desentenderam-se, concluindo, após ásperas discussões, que não continuariam juntos.
A solução seria vender o imóvel, ideia que nenhum deles admitia. Então, resolveram dividi-lo ao meio, providenciando para que fossem erguidas paredes onde existiam portas ligando as duas metades.
Isto feito, instalaram-se, cada qual em sua nova residência, dois arremedos de casa, porquanto, sem recursos para gastos maiores, acomodaram-se ao que existia.
Um ficou sem cozinha; o outro, sem banheiro. Situação incômoda, desconfortável, resolvida precariamente.
Um amigo comum passou por ali e, observando a tolice cometida pelos dois irmãos, que apenas lhes complicara a vida, sugeriu:
– Por que vocês não se reconciliam, derrubam as paredes divisórias e voltam a viver confortavelmente?
– Não! – respondeu cada um por si.
– Por quê? – indagou, perplexo, o bem intencionado conciliador.
Ambos responderam, em uníssono:
– Prefiro viver assim!
E assim permaneceram por muitos anos, sem jamais conversarem, existência azedada pelo ressentimento, numa casa dividida pela intransigência.
* * *
Muitos vivem assim, a levantar barreiras de ressentimento, mágoa e irritação, que impedem uma convivência pacífica com o semelhante.
Quando instados a modificar suas disposições, engrossam as fileiras lamentáveis da “turma do prefiro”.
Tudo seria diferente se exercitassem um pouco de compreensão e tolerância, evitando as divisórias de intransigência que separam as pessoas, gerando desconfortáveis situações.
Richard Simonetti
Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.papodegarotacrista.com/2013/03/quero-ficar-de-bem.html#.VZU_IxtViko>. Acesso em: 02JUL2015.
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