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O Desejo

agosto 25, 2015

AntnioCarlosNavarro2No livro Agora é o Tempo, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel dita uma mensagem intitulada Ação e Caminho, que transcrevemos abaixo, para nossas reflexões sobre o Desejo.

O sentimento cria a ideia.
A ideia gera o desejo.
O desejo acalentado forma a palavra.
A palavra orienta a ação.
A ação detona resultados.
Os resultados nos traçam o caminho nas áreas infinitas do tempo.
Cada criatura permanece na estrada que construiu para si mesma.
A escolha é sempre nossa.

Enquanto Ser imperfeito, o espírito em evolução busca, instintivamente a princípio e conscientemente na medida em que se esclarece, satisfazer suas necessidades reais ou fictícias, sempre de acordo com seu grau evolutivo.

Podemos, a título de interpretação para estas reflexões, traduzir, da mensagem de Emmanuel, “sentimento” como sendo a noção de algo que falta ao espírito e se faz falta buscar-se-á preencher o vazio então percebido, criando-se uma ideia a respeito daquilo que falta.

Ideia é pensamento e o Benfeitor André Luiz nos esclarece no monumental livro Mecanismos da Mediunidade, dizendo que “Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial.”

Sustentando o pensamento e dando-lhe “asas”, este é intensificado não só intencionalmente pelo ente que o gerou, mas também pelos espíritos que se afinam com a ideia em andamento, tornando-se alicerce da construção das ações que serão necessárias para consecução do desejo criado.

Também de André Luiz, dois outros livros trazem esclarecimentos a respeito do desejo.  Entre a Terra e o Céu traz o esclarecimento do Ministro Clarêncio dizendo que “Todo desejo é manancial de poder”, e Missionários da Luz reproduz a palavra esclarecedora  do Benfeitor Alexandre que, entre outras coisas, “a vontade comanda as forças subconscientes do espírito”. Estas forças serão utilizadas para se satisfazer o desejo criado.

A satisfação dos desejos, sejam físicos ou subjetivos, produz um estado de bem estar que muitas vezes é traduzido por felicidade, mas que poderá ser prejudicial ao espírito se não estiver em consonância com a Lei Natural.

Através da questão setecentos e dezenove de O Livro dos Espíritos, aprendemos que o bem estar só estará concorde com a Lei Natural se, em relação ao corpo físico, a Lei de Conservação não for transgredida e em relação ao aspecto moral, não seja causado nenhum prejuízo ao bem estar alheio.

Uma vez que o Espírito é um ser gregário destinado à vida em sociedade, os desejos criados deverão passar pelo crivo da razão, em relação aos direitos alheios, para que se evite problemas que deverão ser solucionados por seus causadores, no tempo mais adequado segundo a Justiça Divina.

Ainda em O Livro dos Espíritos, encontramos, na questão novecentos e vinte e seis, interessantes esclarecimentos relacionados ao assunto.

Allan Kardec pergunta:

“A civilização, ao criar novas necessidades, não é a fonte de novas aflições?”

E os Espíritos respondem:

“Os males desse mundo ocorrem em razão das necessidades falsas que criais. Aquele que sabe limitar seus desejos e vê sem inveja o que está acima de si poupa-se das decepções nessa vida (grifo nosso). O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades.

Invejais os prazeres daqueles que parecem os mais felizes do mundo; mas sabeis o que lhes está reservado? Se desfrutam desses prazeres somente para si, são egoístas, então virá o reverso. De preferência, lastimai-os. Deus permite algumas vezes que o mau prospere, mas essa felicidade não é para ser invejada, porque a pagará com lágrimas amargas.

Se o justo é infeliz, é uma prova que lhe será levada em conta, se a suporta com coragem; lembrai-vos dessas palavras de Jesus: “Felizes os que sofrem pois serão consolados”.

Finalizando esta pequena reflexão, fica patente que os desejos tanto podem ser fonte de progresso, como motivos de estacionamento e dores futuras.

Emmanuel encerra a mensagem dizendo que “A escolha é sempre nossa”, o que quer dizer que desejar, e tudo o que decorre em seguida ao desejo criado, seja filtrando através do “Vigiai e orai” preconizado por Nosso Senhor Jesus Cristo (1), seja buscando a concretização do ideal assumido, é de responsabilidade da individualidade espiritual, que se sujeitará, infalivelmente, a lei de ação e reação, recebendo sempre “segundo suas próprias obras”.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Nota do editor:
Cena do filme “Amor Além da Vida” (original em inglês, “What Dreams May Come”), com Robin Williams, EUA, 1998.

Antônio Carlos Navarro
Antônio Carlos Navarro

Estudioso e palestrante espírita. Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio Preto - SP

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