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Contratempos e contrariedades

agosto 27, 2015

francisco_rebouçasEm certas horas, de nossas vidas, geralmente quando menos esperamos, eis que nos acontece alguma coisa que nos deixa muito aborrecidos.

Sem o salutar hábito de meditar antes de tomar uma atitude, imediatamente reagimos de forma instintiva, de maneira destemperada e desequilibrada, movidos pelo impulso do nosso “amor próprio” que nada mais é do que o orgulho que trazemos bem guardado e cuidadosamente camuflado, que nos faz entender que se o outro não agir ou pensar como nós esperamos que faça, já é motivo bastante suficiente para respondermos de forma deselegante, grosseira deseducada e, às vezes, até mesmo desrespeitosa.

É claro que essa maneira de nos exprimir diante de qualquer que seja a atitude do nosso semelhante em relação a nós, não passa de uma reação equivocada e até mesmo doentia, através da qual tentamos nos isentar de responsabilidade, atirando a culpa nos ombros do outro, mascarando na verdade o forte poder que o orgulho exerce em nossas vidas.

“Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar “ponto de honra” produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei mosaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: Retribui o mal com o bem. E disse ainda: “Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende porque sua visão não pode ultrapassar o presente”. (1)

Em nosso interior, dormitam há séculos esses instintos animalescos, que na hora em que temos nossos pontos de vista contrariados, e sem que nos apercebamos, explodem em uma atitude impensada e agressiva, que tentamos justificar atirando a responsabilidade de nosso desequilíbrio, na suposta maneira de como os outros nos provocaram, como se os outros fossem simples marionetes, a repetir as nossas projeções mentais, sem ter o direito de discordar do nosso modo de ver a questão discutida, em que muitas das vezes estamos equivocados e utilizando-nos de argumentos carentes de fundamento e de bom senso.

Preciso se faz, buscarmos assumir desde já que, o problema não está na atitude tomada pelo nosso opositor, em relação ao nosso ponto de vista, e sim, que se trata de um problema exclusivamente de nossa alçada, e que só o extinguiremos de nosso Ser, à medida que, reconhecendo nossa maneira errada de agir, pois nosso semelhante tem o direito de pensar diferente de nós, nos dispusermos a utilizar os recursos capazes de nos livrar desse incômodo procedimento, enfrentando de maneira corajosa e honesta nossas próprias fraquezas, tomando por base as lições sublimes contidas no evangelho de Jesus, que há dois mil anos atrás já nos alertava para que “buscássemos enxergar primeiramente a “trave” que nos dificulta a visão sadia das coisas, e só então, prestássemos atenção ao “argueiro” do olho do nosso semelhante”, ensinando-nos a cuidar antes de tudo, do nosso comportamento e não do procedimento alheio.

Sendo, o orgulho uma das chagas da humanidade, como nos ensinam os Espíritos Superiores, é, prudente, analisarmos nossas ações, antes de tomarmos qualquer atitude em relação ao procedimento de quem quer que seja, procurando fazer desde já, a necessária e inadiável reforma moral, deixando fluir em nós, as expressões divinas da presença de Deus em nosso Ser, através do cultivo das boas ações, no constante desenvolvimento das virtudes que jazem latentes e esquecidas em nosso mundo interior.

Francisco Rebouças

 

Bibliografia:
1 – Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB, 112ª edição, Cap. XII, item 8.
Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em <http://modestiacrista.com/reforma-uma-experiencia-com-deus/>. Acesso em: 27AGO2015.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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