dia de finados na visão espírita

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Morrer no Dia de Finados

outubro 31, 2015

marcus-de-marioCuriosa narrativa é trazida pelo espírito Irmão X através da psicografia de Chico Xavier, compondo o capítulo 35 do livro “Cartas e Crônicas”. Trata-se do depoimento de quem teve seu enterro exatamente no dia 02 de novembro, o chamado Dia de Finados, onde multidões de encarnados (os vivos) acorrem aos cemitérios para prantear e homenagear os mortos (os desencarnados). O fato não ocorreu com o Irmão X, mas sim com um conhecido seu e que escreveu um contundente depoimento, do qual vamos destacar algumas partes para reflexão.

Confessa o missivista que não estava preparado para encontrar a vida depois da morte e que, ao final do féretro, quando bem na entrada do cemitério, foi tomado de assalto por uma multidão de espíritos, conforme relata:

“Da multidão irrequieta dos vivos na carne, vinha a massa enorme dos vivos de outra natureza. Eram desencarnados às centenas, que me apalpavam curiosos, entre o sarcasmo e a comiseração. Alguns me dirigiam indagações indiscretas, enquanto outros me deploravam a sorte”.

Como podemos perceber, o despreparo espiritual reserva-nos desagradáveis surpresas do outro lado da vida, quando podemos virar joguete na mão de espíritos inferiores, tão despreparados moralmente quanto nós.

E continua o narrador:

“Os visitantes terrestres daquela mansão, pertencente aos supostos finados, traziam consigo imensa turba de almas sofredoras e revoltadas, perfeitamente jungidas a eles mesmos. Muitos desses espíritos, agrilhoados aos nossos companheiros humanos, gritavam ao pé das tumbas, contando os crimes ocultos que os haviam arremessado à vala escura da morte, outros traziam nas mãos documentos acusadores, clamando contra a insânia de parentes ou contra a venalidade de tribunais que lhes haviam alterado as disposições e desejos”.

Aqui temos a lei de sintonia em pleno funcionamento. Nossos interesses arrastam conosco uma multidão de espíritos. Somos verdadeiros obsessores dos desencarnados, assim como continuamos, no além, presos às questões que foram alvo de nossos interesses, ou que nossos valores elegeram por prioridade. Por isso nossa moralização e espiritualização é tarefa urgente.

Anota nosso companheiro:

“Em muitas ocasiões, ouvi de amigos espíritas a afirmação de que há sempre muitos mortos obsidiando os vivos, mas, registrando biografias e narrações, escutando choro e praga, tanto quando vendo o retrato real de muitos, creio hoje que há mais vivos flagelando os mortos, algemando-os aos desvarios e paixões da carne, pelo menosprezo com que lhes tratam a memória e pela hipocrisia com que lhes visitam as sepulturas”.

É verdade, infelizmente. O desrespeito aos que partiram é enorme. As conversações durante o velório são muitas vezes vexatórias, indignas, e tudo isso atinge o desencarnado, necessitado de nossas orações sinceras, de respeito. Nossa conduta condenável faz o desencarnado sofrer, revoltar-se, ficando preso às nossas emissões mentais. Nesse caso a obsessão é de encarnado para desencarnado.

A narrativa encerra com a seguinte advertência:

“Como vê, enquanto a humanidade não se habilitar para o respeito à vida eterna, é muito desagradável embarcar da Terra para o Além, no dia dedicado por ela ao culto dos mortos que lhe são simpáticos e antipáticos”.

O depois da morte deve ser bem entendido. Além de termos de nos preparar para esse momento inevitável de troca de morada, devemos respeitar o culto aos que partiram, colocando sentimento em nossas ações e falas, pois, como diz o ditado popular, “respeito é bom e eu gosto”. Decerto não gostaríamos de assistir familiares e amigos, em nosso enterro, ou melhor, do nosso corpo, falando mal de nós e de outras pessoas. Então façamos aos outros somente o que gostaríamos que fizessem conosco. E, como pedir não custa nada, peçamos a Jesus, governador planetário para, se possível, não fazer a nossa transferência de domicílio no dia de finados, pois, se estiver de consciência mais tranquila, nossa passagem será bem mais agradável.

Marcus de Mario

Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em <http://saojoaquimonline.net/wp-content/uploads/2013/07/cemiterio.jpg>. Acesso em: 31OUT2015.

Marcus de Mario
Marcus de Mario

Escritor, Educador, Consultor e Expositor. Diretor Cultural da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso (Rádio Rio de Janeiro). Diretor do Grupo Espírita Seara de Luz (Rio de Janeiro, RJ). Editor do site Orientação Espírita. Diretor Geral do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).

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