Ante a violência doméstica é importante a oração no grupo familiar

Jorge Hessen
21/12/2015
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jorge-hessenNo clã familiar ancestral, sem dúvida, encontrava-se um espaço de convivência maior entre seus membros, embora não se esteja discutindo sua qualidade. Na atual disposição familiar, pelo contrário, e apesar das menores dificuldades materiais, encontra-se um espaço menor. A tecnologia volátil é responsável, quase que diretamente, por essa conjuntura, pois ocupam-se os familiares, espaços importantes para assistir televisão, ouvir música [com fone de ouvido], navegar na Internet – e assim por diante. Em face disso, somos instados a confirmar que o instituto familiar necessita de apoio do Evangelho para alcançar seu equilíbrio moral.

Há famílias que sobrevivem e revivem múltiplas agressividades, influenciadas pela violência que, obstinadamente, é veiculada pelos noticiários, pelos documentários, pelos filmes, pelas telenovelas e pelos programas de auditório (cada vez mais obscuros de valores éticos). Condena-se a violência alheia, mas, no entanto, no cotidiano, ao invés de agirem de forma pacífica e fraterna, são quais fantoches, revidando com a mesma moeda as agressividades sofridas.

Existem aqueles casais que dizem viver um amor recíproco e, no entanto, quando há qualquer desentendimento entre eles, são extremamente agressivos um com o outro. Dizem que veem no cônjuge um verdadeiro teste de paciência, pois os seus “santos” não se “cruzam”. Mais ainda, quando o assunto são os filhos, há pais que dizem adorar todos eles, mas os consideram espíritos imaturos, que dão muito trabalho e, não raro, desgostos. A vida em família, nessas condições, transforma-se em verdadeiro panorama de guerra. Na verdade, se não aceitarmos os filhos, hoje, como são, teremos de aceitá-los amanhã, pois as leis da vida exigem que nos entendamos com os nossos irmãos de penosa convivência enquanto estivermos a caminho com eles.

Para os rebentos devemos ensinar a tolerância mais pura, mas não desdenhemos a energia, quando necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos temperamentos. “O lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, porém, para santuário onde, por vezes, exigem-se a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.” (1) Por todas essas razões, precisamos aprender a servir e perdoar; socorrer e ajudar os filhinhos entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se nos associam à existência e, “se nos entregarmos realmente no combate à deserção do bem, reconheceremos os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em casa por bases da terapêutica do amor.” (2)

A violência externa pode nos alcançar no reduto doméstico, ferir-nos e, até mesmo, magoar-nos profundamente, mas, a violência do coração (interna), silenciosa, que certas pessoas aplicam todos os dias, em seus relacionamentos, é muito mais perniciosa e destruidora. A paz do mundo começa sob o teto a que nos albergamos. “Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações?” (3)

Os que renascem numa família, podem ser Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. “Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.” (4) Os pais não conseguem penetrar, de imediato, a trama do destino que os princípios da Lei de Ação e Reação lhes reservam aos filhos, no porvir, “e os filhos estão inabilitados a compreender, de pronto, o enredo das circunstâncias em que se mergulharam seus pais, no pretérito, a fim de que pudessem volver do Plano Espiritual ao renascimento no Plano Físico.” (5)

Somos defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas ocorrências da aversão inata. Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se repelem, desde os primeiros contatos. “Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios rebentos, desde que esses rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se inimizam com os próprios pais, tão logo senhoreiam o campo mental, nos labores da encarnação. Arraigado no labirinto de existências menos felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas, remorsos, inibições, vinganças e tantos outros estão presentes no quadro familiar, em que o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente.” (6)

“O culto do Evangelho é uma forma de reunir a família em torno de um objetivo comum. A comunhão familiar, onde todos conversam, trocam ideias, falam de seus problemas, comentam suas atividades à luz dos ensinamentos de Jesus, representa o mais eficiente estímulo para o estreitamento das ligações afetivas, transformando o lar em porto de segurança e paz, com garantia de equilíbrio e alegria para todos.” (7)

Quem estuda o Evangelho, e se esforça por praticar seus preceitos, vê-se melhor instrumentalizado para a vida familiar nos tempos atribulados em que vivemos, encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão evangélica consciente. O espírita-cristão deve se armar de sabedoria e de amor, para atender à luta que vem sendo desencadeada nos cenários domésticos em geral, concitando à concórdia e ao perdão, em qualquer conjuntura anárquica e perturbadora da vida moderna, pois “quando a família ora, Jesus se demora em casa.” (8)

É verdade – “quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.” (9) Logo, é imprescindível praticarmos os Ensinos de Jesus no lar, contribuindo com a parcela de mansidão para pacificá-lo. O homem moderno ainda não percebeu que somente a experiência do Evangelho pode estabelecer as bases da concórdia, da fraternidade e constituir os antídotos eficazes para minimizar a violência que, ainda, avassala o ninho doméstico e deságua na sociedade.

Portanto, mesmo num ambiente familiar conturbado, onde existe a evidente reunião de Espíritos não afinados, quando se institui a presença de Jesus nesse lar, esse “(…) produz sinais evidentes de paz, e aqueles que antes experimentavam repulsa pelo ajuntamento doméstico descobrem sintomas de identificação, necessidade de auxílio mútuo.” (10)

Os pais que possuem o hábito da prece devem insistir por transferir esse precioso elemento de equilíbrio e proteção psíquica para os filhos, pois necessitamos dessa realimentação vibratória com o Pai Excelso a fim de manter o nosso psiquismo estabilizado nas esferas elevadas. Essa comunhão com o Criador se estabelece através do esforço de cada qual em dominar as más tendências e da evocação da harmonia através da prece sincera e singela, principalmente, quando proferida e apoiada no seio familiar, transformando qualquer sombra em alegria e bem estar de todos.

Jorge Hessen

Referências Bibliográficas:
(01) XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: FEB, 1995;
(02) XAVIER, Francisco Cândido. “Caminhos de Volta” – Espíritos Diversos, SP: IDE 1976;
(03) XAVIER, Francisco Cândido. Jesus No Lar ditado pelo Espírito Néio Lucio, Rio de Janeiro: FEB, 2001;
(04) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, cap. XIV;
(05) XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001;
(06) Idem
(07) SIMONETTI, Richard. Temas de Hoje, Problemas de Sempre, SP: ed. Correio Fraterno 1990;
(08) FRANCO, Divaldo Pereira. SOS Família, ditado pelo Espírito Joanna de Angelis, Salvador: Ed. Leal, 2006;
(09) XAVIER, Francisco Cândido. Conduta Espírita, ditado pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1996, cap. 5;
(10) FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Salvador: Ed. LEAL, 1987, cap.3.

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.arquidiocesebh.org.br/site/admin/funcoes/imgs_upload/image/B%C3%ADbliaFamilia.jpg>. Acesso em 21DEZ2015.

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