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Um tesouro renovável que não se pode desperdiçar

janeiro 18, 2016

jorge-hessenA Terra abrange 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água. A parte consumível corresponde a míseros 2,5% desse total. Só que 68,7% disso está nos polos, em forma de gelo, e 29,9% em lençóis subterrâneos. Restam apenas 1,4 % estão sob a forma de água potável que se encontra no subsolo, num grande pré-sal aquático, pouco acessível. Porém, 0,26% do total planetário de H2O está disponível em rios, lagoas e represas para consumo imediato. Entretanto, fontes de água de vários “esgotos a céu aberto” tais como a represa Billings, o Rio Tietê, a Lagoa Rodrigo de Freitas abrigam juntos cerca de 3,3 milhões de trilhões de litros, porém são águas, inobstante “doce”, porém impróprias para consumo humano.

O assombroso é que a “saúde” de diversos rios que são as principais fontes de água “doce” da Terra está piorando. Metade dos mananciais do planeta está ameaçada pela poluição e pelo assoreamento. A humanidade sempre tratou a água como um recurso inesgotável. Estamos descobrindo hoje que a água (embora renovável) está expirando. Viveremos a era da falta d’água consumível. Em que pese o Brasil não utilizar nem 1% do seu potencial de água potável, ainda assim, metrópoles como São Paulo e Recife enfrentam colapso no abastecimento público.

Sim, o Brasil detém sozinho, 16% do total das reservas de água para consumo humano do planeta, possui o maior rio e o maior aquífero subterrâneo do mundo, apresenta índices recorde de chuva, mas paradoxalmente as maiores cidades brasileiras sofrem racionamento de água. Infelizmente o brasileiro é acostumado a uma conta de água barata e não faz muito esforço para evitar o desperdício. Tomando banho, por exemplo, com o chuveiro ligado durante 15 minutos, se joga literalmente no ralo 242 litros de água “doce”. As maiores vilãs domésticas são as válvulas convencionais de descarga. Elas usam cerca de 40% de toda a água da casa. Cada segundo que se utiliza a descarga do vaso sanitário são 2 litros de água que saem direto para o esgoto. Isso sem falar no desperdício de água daqueles que escovam os dentes, fazem barba, ensaboam louças com as torneiras totalmente abertas… Isso é uma aberração imperdoável !

Uma previsão catastrófica marca o colapso da água (consumível) no mundo para daqui a 10 anos. No norte da África, 95% das reservas de água doce já são utilizadas hoje. Em 2025 a demanda pelo líquido na região vai ultrapassar a oferta. Na Ásia Central, a exploração chega a 84% das reservas. Deverá ultrapassar os 100% em menos de 25 anos. Diante desse cenário, segundo os especialistas, “reuso” é a palavra-chave quando se fala em gestão de recursos hídricos. Reciclar água representa não só alívio para as reservas do líquido como também para o bolso do consumidor. No caso brasileiro, o governo precisa levar a sério tal questão.  Em países ricos e desprovidos de fontes naturais, como o Japão, a retirada de água fresca dos reservatórios é taxada pesadamente. Sai bem mais barato reutilizá-la.

Nesse contexto, ninguém entende tanto de seca quanto os israelenses. Eles moram em um deserto onde chove metade do que chove no sertão do Ceará e onde quase não há rios. A maior parte da água é coletada em lençóis subterrâneos. O segredo dos hebreus tem duas causas básicas. A primeira é o reuso, pois dois terços dos esgotos do país são reciclados. As águas residuais são tratadas para irrigar lavouras e jardins públicos, e também para revitalizar os rios. A segunda é a purificação racional da água do mar e dos depósitos salobros subterrâneos.

Os recursos “renováveis”, de um modo geral, que se consomem e o impacto sobre o meio ambiente não podem ser relegados a questões de menor importância, principalmente, levando-se em consideração a utilização da água potável. Certamente no futuro a sua posse (água consumível) pode ser o motivo mais explícito de confronto bélico planetário. É urgente que se crie uma mentalidade crítica, que permita estabelecer novos comportamentos com foco na sustentabilidade da vida humana. A sociedade deve formatar novos modelos de convivência, lastreados na fraternidade, no amor à natureza e na economia de água.

Ao se desmatar as florestas, modificar cursos de rios, aterrar áreas alagadas e desestabilizar o clima, estamos destroçando as bases de uma rede de segurança ecológica extremamente sensível. O meio ambiente em que renascemos, muitas vezes constitui a prova expiatória; com poderosas influências sobre nossa personalidade, destarte, faz-se indispensável que cooperemos na sua transformação para o bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que vivem em nossa zona de influência. Um dia, mais cedo ou mais tarde, todos responderemos por isso.

Ainda há tempo para a prática dos códigos evangélicos, condição única que determinará a grande transformação planetária do futuro. Há uma lição a tirar de tudo isso. Em sociedade todos nós estamos condenados a viver conectados uns com os outros, por isso, é urgente sairmos dos discursos vazios, buscarmos na disciplina cotidiana, no respeito à natureza, no não desperdício de água, a fim de nos prepararmos para sobreviver com dignidade no planeta que hoje abriga nossas vidas físicas.

Jorge Hessen

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em
<http://www.goodfon.su/download/water-glass-liquid/1280×720>.
Acesso em: 18JAN2016.

Jorge Hessen
Jorge Hessen

Servidor Publico Federal, residente em Brasília, palestrante,
escritor, articulista em diversos jornais e sites, com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, entre outros e além de Conselheiro da Revista Eletrônica O Consolador.

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