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Comportamento conflitante

março 1, 2016

O desafio para a transformação moral do indivíduo, a fim de tornar-se melhor, defronta nele mesmo a maior dificuldade, que é o hábito ancestral a que se encontra acostumado. É inevitável a dubiedade em questões deste porte.

Hábitos arraigados, que se fixaram nos refolhos do ser, impõem a sua repetição, especialmente quando reforçados por novos condicionamentos.

Aí permanece a dificuldade entre viver Jesus e permanecer no mundo com as suas facécias.

Convencionou-se, historicamente, que vencedor é aquele que esmaga o opositor, e triunfador, o que atinge a glória, subindo ao pódio do destaque nas mais diversas áreas do comportamento humano.

Para que essa meta seja alcançada é indispensável ser conivente com o desrespeito aos valores éticos e morais, aceitos ante as novas proposituras, exceção feita àqueles que se vinculam à dignidade e têm consciência dos retos deveres.

Nem todos, porém, que almejam os triunfos terrestres estão dispostos ao sacrifício do ego, sobrepondo as regras da conduta sadia às circunstâncias, aos conchavos, aos desregramentos, aos desvios que se mostram como necessários à vitória.

Nas labutas diárias que todos enfrentam, apesar de os códigos legais estabelecerem mecanismos de ordem e de respeito, a astúcia e a doblez conseguem driblar o estabelecido, a fim de alcançar o poder, o destaque, a fama, que constituem os objetivos a ser alcançados a qualquer preço.

Mesmo a educação doméstica e formal, embora as experiências da evolução e as técnicas pedagógicas apuradas, anuem em que se deve envidar todos os esforços para adquirir a respeitabilidade e o apogeu, embora os ilícitos processos de que se utilizem. E desfilam os vitoriosos de um dia, soberbos e equivocados, desfrutando honrarias vãs e que se diluem e desaparecem como bolhas de sabão flutuando no ar…

Pais inescrupulosos, avaros e aturdidos, estimulam os filhos à ganância, ao prazer exorbitante, ao brilho enganoso nas manchetes da comunicação social, sem muita preocupação com o caráter e os sentimentos de dignidade.

Em consequência estabelece-se o caos, a violência incendeia as paixões primárias e o crime corre à solta, enquanto se envilecem os padrões da honra e da austeridade moral.

A renovação espiritual, conforme os postulados de Jesus, apresenta como normativas básicas para a sua conquista, o respeito ao direito do próximo, a sadia fraternidade, a sujeição às leis, o trabalho edificante, o perdão da ofensa e todo um conjunto de regras baseadas no amor.

Antagônicas, as duas doutrinas, a do poder e a do ser, terminam por gerar conflitos em todo aquele que opta pela alteração da conduta, em destaque na trajetória terrestre.

O homem velho, na expressão evangélica, vê-se aturdido ante o modelo do homem novo, ressuscitado na sublime experiência do Bem.

Condicionamentos, demoradamente fixados, tornam-se uma segunda natureza implantada na emoção de todos os indivíduos, que o levam a assumir atitudes chocantes entre o que pensa e o que expressa.

Na historiografia das mulheres e dos homens estoicos da fé religiosa, com raríssimas exceções, sempre ocorreram conflitos entre os ideais assumidos e as más inclinações ameaçadoras.

Francisco, o trovador de Deus, não poucas vezes sofria os efeitos do caráter duro do pai, apaixonado pelas glórias transitórias e a doce ternura da mãe fascinada por Jesus e por João Batista, razão pela qual lhe dera o nome de Giovanni…

Embora houvesse, pelo sacrifício absoluto e renúncia ímpar, resgatado os arroubos da juventude alegre e folgazã – herança do pai rico e déspota – imitando Jesus crucificado desde antes do martírio da cruz – herança da genitora afável e meiga – surpreendia-se, vez que outra, em conflito que logo superava a esforço hercúleo.

Imitando o Incomparável Mestre Jesus, deu à Humanidade o maior exemplo de fidelidade, dividindo os tempos da fé cristã em antes e depois da sua abnegada dedicação.

À semelhança do colégio galileu, do qual desertou Judas pela traição e pelo posterior suicídio, também ele experimentou o abandono de um querido amigo que se lhe vinculara e que, não suportando os conflitos, atormentado, fugiu, culminando vitimado pelo suicídio.

O conflito de qualquer natureza é sempre resultado de uma crise emocional que se instala, a fim de que ocorra a mudança de patamar comportamental para outro mais elevado.

Quando te sentires atraído para o erro, apesar do esforço na conduta correta, não te atormentes, racionaliza a emoção enfermiça e fixa-te no objetivo que abraças.

Quando venhas a sentir o deperecer das forças ante as facilidades para um existência faustosa e prazenteira, em detrimento da austeridade e do equilíbrio, considera que toda e qualquer sensação logo passa, enquanto as emoções superiores enflorescem-se em incessantes alegrias de paz e bem-estar.

Não te perturbes pelo fato de, apesar dos esforços para o comportamento saudável e nobre, sentires os impulsos quase irresistíveis das más inclinações, por seres humano e estares sob o jugo do fardo carnal.

Apesar de tudo proceder do Espírito que se é, o impositivo orgânico exerce vigorosa pressão para a satisfação dos desejos acumulados.

Nesses momentos, recorre à oração como mecanismo de resistência e rompe as amarras com o passado, fruindo, a partir desse momento, as inefáveis emoções que vivenciarás para sempre.

O conflito de comportamento, ante o que se tem vivido, e aquele a que se aspira, faz parte do processo de crescimento e de equilíbrio espiritual, que é fundamental à vida feliz.

Avança com segurança pela trilha nova, e, a cada passo, mais próximo estarás da meta buscada: o reino dos Céus, que já se te está instalando no coração.

 Joanna de Ângelis.

Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 17 de setembro de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção,  em Salvador, Bahia.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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