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Conflitos

março 22, 2016

Sociável, o ser humano se encontra equipado de instrumentos necessários à comunhão fraternal através dos seus relacionamentos. Todavia, herdeiro da agressividade que nele vigeu nos primórdios da evolução, prossegue com certa prepotência no instinto de conservação da vida, tornando-se, com frequência, hostil e violento.
Invariavelmente permanece armado em relação ao próximo, duvidando dos valores morais que servem de roteiro a todas as vidas, quando seria ideal encontrar-se aberto à afetividade para tornar-se amado.
Mesmo sendo gentil, toda vez quando se sente incompreendido, logo pensa que poderá ser exterminado, e, de imediato, dispõe-se a reagir, no processo inconsciente de eliminar aquele que se lhe apresenta como ameaça à sua existência.
Acreditando-se injustiçado, quando a agressão de que é vítima não procede, por faltarem os elementos que a poderiam justificar, tomba no revide conforme as circunstâncias e os recursos de que dispõe.
Utiliza-se, então, de acusações indébitas, de calúnias, mediante as quais procura punir o opositor, e crê estar atendendo ao dever da consciência saudável. Nos seus padrões de lucidez, acredita que a sua defesa é uma necessidade, permitindo-se a utilização de recursos procedentes ou não, como vingança ou, na sua visão distorcida, justiça reparadora.
Em decorrência, o conflito se lhe instala, porque lhe falta segurança íntima em torno dos próprios valores, liberando o medo que escamoteia com habilidade, desse modo compensando-se com as atitudes de agressividade. Em consequência, existem os pequenos e os grandes conflitos, que resultam do volume de pacientes que explodem ante as ocorrências para as quais não têm resistências morais a fim de enfrentá-las com serenidade.
Noutras circunstâncias, a depender do significado daquilo que considera como ofensa, passa às reações semelhantes que no outro censura, culminando em lutas corporais, crimes hediondos e guerras infelizes…
A ignorância das Divinas Leis que programam as existências humanas de acordo com as suas próprias ações, responde pela prepotência que facilmente comanda o comportamento social.
Transferindo-se de uma para outra existência no carreiro das reencarnações, o conflito domina a vida íntima, devorando, não poucas vezes, as aspirações da beleza, do progresso, das realizações dignificadoras da sociedade.
Todos indivíduos experimentam conflitos, sofrem situações conflitivas que os afligem. Fazem parte do processo evolutivo.
Desde o momento, porém, que se deem conta do transtorno na área emocional, procure-se enfrentá-lo com naturalidade e, de imediato, começam a diluir-se os fatores causais, vencendo-se a injunção momentânea.
Para que assim possam proceder, faz-se necessário ver o conflito com amor, entendê-lo na sua gênese, treinando paciência e confiança em Deus.
Jesus asseverou com propriedade: – No mundo somente tereis aflições; mas tendo bom ânimo, eu venci o mundo.
Portadora de profundo sentido é a Sua assertiva, por ensejar a reflexão de que a Terra é uma escola de aprendizagem transitória e a luta que se trava tem como objetivo a vitória sobre todas as paixões vis.
A maioria das criaturas humanas, no entanto, desde a infância é educada equivocadamente para vencer no mundo, isto é: triunfar no palco das apresentações competitivas, tornar-se destaque, fruir prazeres inexauríveis, desfrutar de todos os gozos. A imortalidade não encontra campo para desenvolver-se e a questão da vida após a morte é deixada à margem, como se a ocorrência pudesse ser evitada ou não existisse…
Quando algo não concorre para esse imediato desiderato, permite-se o conflito que se lhe assenhoreia e produz-lhe sofrimento.
Caso opte pelo trabalho de autorrealização, o que equivale a dizer: incessante labor para enfrentar as ocorrências menos agradáveis com certo grau de misericórdia, superar o egoísmo e considerar que as alegrias transitórias são necessárias, mas não as únicas manifestações que proporcionam plenitude, e estará vencendo o mundo.
Jesus experimentou a hostilidade gratuita e contínua de todos aqueles que se Lhe opunham, a perseguição sistemática, a zombaria e o desagrado, mas não se deixou afetar pela belicosidade dos Seus adversários, e por essa razão superou-os.
Levado ao sacrifício, manteve-se sereno e permitiu-se o holocausto, vencendo a hediondez dos conflitos coletivos que geraram os ódios e a violência contra Ele através da misericórdia e da compaixão.
Fez-se exemplo para todos que vieram depois e permanece como lição viva do não conflito.
Ante os conflitos que te aturdem e afligem, trabalha o ego e desenvolve o sentimento de amor, mantendo serenidade em todas as situações em que te encontres e perceberás que para vencer no mundo não faltam os contributos da traição, da violência e do desrespeito às leis. No entanto, para vencer o mundo e os seus conflitos, a presença de Jesus na mente e na emoção bastará para equacionar os desafios.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 15 de abril de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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