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Reencarnação, uma ideia libertadora (Parte 1 de 2)

junho 25, 2016

marcus-bragaA – RELIGIÃO E DOMINAÇÃO
Durante milênios infindos, o homem tem sua relação com Deus mediada por estruturas sociais de cunho dominador. Estados teocráticos, onde o poder institucional sempre se confundiu com os ministros religiosos. A esperança das pessoas em uma vida melhor no futuro aproveitada na famosa “Exploração do homem pelo homem”, onde talvez por isso Karl Marx tenha citado a religião como o “ópio do povo”.

A doutrina das penas eternas é o arcabouço ideológico que patrocina esta dominação. Vivemos ainda sob o espectro de penas eternas, em um modelo importado do paganismo, onde o céu encontra-se no alto, como o Olimpo dos gregos. O inferno nos lugares baixos, como o Deus Hades da mitologia. Um fogo que arde e não queima, associado por muitos ao enxofre na crendice popular. Conceitos absolutos de destino após a morte, remediados por subterfúgios teológicos, como o limbo e o purgatório, tão artificiais como a Santíssima Trindade e o conceito de Espírito Santo, estranhos ao dito nos evangelhos.

Uma palavra perigosa permeia toda esta relação entre fiel e religião que é o individualista conceito da salvação. Este conceito, embutido do medo do que nos espera na vida futura, faz do inferno e seus habitantes mais famosos e propalados nas histórias e filmes, para assustar as almas, como assustam crianças para não mexer no pote de mel. Um Deus bárbaro e impiedoso, imagem e semelhança dos seres que são valorizados no mundo, condicionado a preces e favores intermediados para libertar as almas do suplício eterno.

Hoje o homem conhece o átomo, vislumbra a grandeza do Universo, conhecendo leis e forças que impulsionam o mundo. Mas, acendemos o écran da televisão e vislumbramos espetáculos de crenças no Deus dos Exércitos, com um inferno ardente consumindo uma leva de infiéis. O rompimento destes paradigmas se faz de forma lenta e desigual, não sendo patrocinada por poderes que se beneficiam da subjugação das ideias de penas eternas.

B – REENCARNAÇÃO, UMA IDEIA LIBERTADORA
Mas, desde o início da civilização, caminha pelo mundo a libertadora ideia das vidas sucessivas. A reencarnação, crença comum entre os gregos, os egípcios, os Vedas, citada textualmente nos evangelhos por Jesus e defendida por espíritas, Hinduístas e Budistas, traz no seu escopo conceitos que permitem classificá-la como uma ideia libertadora. Libertadora, pois permite ao espírito caminhar por si só, sem grilhões que o condenem. Tais conceitos são:

Conceito concreto de Vida após a morte: A doutrina da Reencarnação desmistifica ideias de um céu de contemplação ou a espera de um dia do Juízo, construindo um panorama concreto da vida após a morte, mostrando que como no mundo de cá (ou seria o contrário), a vida é eterno movimento e transformação.

Reconhecimento da responsabilidade individual: Ao invés de terceirizar as responsabilidades de nossas mazelas para seres malignos, a ideia da Reencarnação avoca para o espírito encarnado esta responsabilidade pela sua salvação, fornecendo-lhe os meios para tal empreitada. Ou seja, ao invés de transferir o fardo da vida para outros à vista, a Reencarnação traz, de forma justa, esta responsabilidade para a criatura humana, a prazo.

Salvação pela ação individual do espírito: Uma das questões dialéticas da vida sucessiva, desvendada de forma brilhante na doutrina espírita é que a “salvação”, ou seja, o progresso, se dá pelo esforço individual do espírito, que só tem sentido no coletivo. Nada vale nos isolarmos na montanha para a melhoria, pois o progresso ocorre na atuação no palco do mundo, no concreto do cotidiano, nos burilando com os nossos pares.

Eliminação de intermediários ou vinculações segmentárias: A Reencarnação elimina caminhos exclusivos ou intermediários para o progresso, libertando o homem da dominação da consciência, do atrelamento a grupos ou nações para seu encontro com Deus. O seu progresso está subordinado ao seu burilamento em vidas sucessivas, onde seu esforço construirá um caminho para o crescimento.

Isenção de ameaças e imagem de um Deus Justo e Bom: Demonstrando que todas as dores do mundo têm sua causa, isenta a criatura humana de ameaças amedrontadoras quanto ao futuro, que será construído no agora pelo espírito, colhendo o que plantou e semeando o seu futuro. Sem medo, cai a dominação. Reforça também a ideia do Deus Justo e Bom e Pai amantíssimo. Jesus, quando fala da Parábola do Filho Pródigo no evangelho fala muito mais do que o perdão dos pais pelos filhos e sim sobre a grandeza da filosofia da vida, onde o pai sempre deixa uma porta para o retorno de seu filho, consubstanciando bem a ideia da Reencarnação.

[Leia a continuação deste Artigo no próximo sábado…]

Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Referências Bibliográficas:
(1) Kardec, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB;
(2) Kardec, Allan – O Céu e o Inferno, FEB;
(3) Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, FEB;
(4) Denis, Leon – O Porquê da vida, FEB;
(5) Dellane, Gabriel – A reencarnação, FEB.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.

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