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Reencarnação, uma ideia libertadora (Parte 2 de 2)

julho 2, 2016

marcus-braga[Continuação…]

C – SE É UM FATO A REENCARNAÇÃO, POR QUE NÃO É UMA CRENÇA DIFUNDIDA?
Essas reflexões nos conduzem a uma conclusão também contraditória. A Reencarnação hoje, após os estudos do professor Hemendras Banerjee, no seu “Vida pretérita e futura”, do professor Ian Stevenson no seu “20 casos sugestivos de Reencarnação” e da obra de Brian Weiss em “Muitas vidas, muitos mestres”, todos popularizados, é crença difundida pelo mundo. Após as revelações das vidas sucessivas por meios mediúnicos e pelas revelações da Transcomunicação Instrumental e a adoção da terapia de Vidas Passadas pelos psicólogos, a Reencarnação consubstancia-se em amplamente crença aceita pela força de sua filosofia e de sua cientificidade. Outrossim, formalmente o mundo nega esta crença. Se é tão óbvio, tão claro, tão libertador, por que o mundo nega essa realidade?

O primeiro fator que temos de analisar é a questão do achismo numérico. Estatísticas recentes colocam 28% do mundo como Reencarnacionistas, incluindo aí os Hinduístas e Budistas. Mas, crer que esses 72% não-reencarnacionistas, compostos de Católicos, protestantes e Islâmicos, na sua íntegra, não creem na Reencarnação é pouco provável. A religião professada para muitos se apresenta como um fator cultural. Aqui no Brasil, onde Mãe menininha do Gantoais, a mais famosa Babalorixá do Brasil, declara-se católica diante das câmeras e que o censo 2000 revelou que o maior número de adeptos dos cultos afro-brasileiras está no Rio Grande do Sul, demonstra o desconhecimento das pessoas do que é a sua convicção pessoal sobre o mundo e o que é a sua participação culturalmente em uma religião. Muitos até acreditam nos pilares espíritas, mas presos aos cultos exteriores, que para eles se fazem necessários, dizem não ser o espiritismo uma religião (SIC) e sim uma crença, que pode ser compartilhada com outras. Filmes como “Ghost”, “Sexto sentido”, “Os outros”, trataram dos postulados espíritas de forma séria e ao invés de serem rechaçados por essa maioria não-reencarnacionista, obtiveram altas bilheterias e comentários diversos. A própria representação social de nosso irmão Chico Xavier, desencarnado recentemente, demonstra o apreço do povo por essas verdades, independente de suas religiões professadas. Desse modo, não podemos acreditar que em um mundo plural e com acesso a informação que temos hoje, essa gama de pessoas acredita que iremos para o Céu ou o Inferno. O que existe é um aprisionamento às práticas exteriores, de cunho cultural, que mantém as pessoas nestas outras denominações. Religião é fator cultural, passado de pai para filho. Nossas festas, nossas datas, nossa estrutura social é fruto e ainda muito vinculada às estruturas religiosas.

Outro fator a ser analisado é que a doutrina das penas eternas e seu terrorismo com a glória futura, serviu sempre aos interesses das classes dominantes, no seu objetivo de manter os povos no “Cabresto”, reservando em todas as religiões essas discussões e conhecimentos aos iniciados nas cúpulas do poder. Obviamente, ninguém patrocinará a ideia libertadora das vidas sucessivas, quando se pode jogar com a esperança das pessoas, através de promessas e vinculações salvacionistas a grupos sectários, que durante a história serviram e se confundiram com o poder institucional. Livros sagrados, mistérios e dogmas incontestáveis ainda permeiam a vida das religiões no mundo e as ideias reencarnacionistas taxadas de subversivas.

As próprias implicações das ideias reencarnacionistas constituem entraves a sua aceitação por muitos. Como explicar a um norte-americano racista que ele poderá reencarnar como um negro. Ou como aceitará um nobre inglês que ele poderá nascer pebleu. Na Índia, a ideia da reencarnação recebeu o conceito de castas para aplacar o orgulho das pessoas, que não aceitariam mudar de posição social. No mundo que valoriza as posses, a posição social, muitos cegos não querem ver que tudo pode mudar, para atender aos ditames do progresso.

D – CRER E VIVER, EIS O DESAFIO
Como o dia que nasce, nos sucedemos neste planeta. Apesar de muitos não acreditarem ou aceitarem tal fato, a vida se perpetua e o amor é a lei. Sim, mais do que acreditar na pluralidade das existências, cabe-nos viver como seres eternos. Vivermos olhando a vida com a ótica da pluralidade, vendo a dor, a doença, a miséria e a morte sob esse novo prisma e não trazemos a nossa crença como algo para responder no momento do censo ou na conversa com os amigos. O progresso é a base de tudo. Não o progresso discriminatório que faz do homem europeu superior aos demais e sim o progresso da pluralidade de vivências em diversos povos e situações que nos conduzem a perfeição. Nosso compromisso é com a lei e a lei é de amor. Sob este prisma é que seremos interrogados após a morte. E pela nossa própria consciência.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Referências Bibliográficas:
(1) Kardec, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB;
(2) Kardec, Allan – O Céu e o Inferno, FEB;
(3) Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, FEB;
(4) Denis, Leon – O Porquê da vida, FEB;
(5) Dellane, Gabriel – A reencarnação, FEB.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.

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