
Reencarnação, uma ideia libertadora (Parte 2 de 2)
C – SE É UM FATO A REENCARNAÇÃO, POR QUE NÃO É UMA CRENÇA DIFUNDIDA?
Essas reflexões nos conduzem a uma conclusão também contraditória. A Reencarnação hoje, após os estudos do professor Hemendras Banerjee, no seu “Vida pretérita e futura”, do professor Ian Stevenson no seu “20 casos sugestivos de Reencarnação” e da obra de Brian Weiss em “Muitas vidas, muitos mestres”, todos popularizados, é crença difundida pelo mundo. Após as revelações das vidas sucessivas por meios mediúnicos e pelas revelações da Transcomunicação Instrumental e a adoção da terapia de Vidas Passadas pelos psicólogos, a Reencarnação consubstancia-se em amplamente crença aceita pela força de sua filosofia e de sua cientificidade. Outrossim, formalmente o mundo nega esta crença. Se é tão óbvio, tão claro, tão libertador, por que o mundo nega essa realidade?
O primeiro fator que temos de analisar é a questão do achismo numérico. Estatísticas recentes colocam 28% do mundo como Reencarnacionistas, incluindo aí os Hinduístas e Budistas. Mas, crer que esses 72% não-reencarnacionistas, compostos de Católicos, protestantes e Islâmicos, na sua íntegra, não creem na Reencarnação é pouco provável. A religião professada para muitos se apresenta como um fator cultural. Aqui no Brasil, onde Mãe menininha do Gantoais, a mais famosa Babalorixá do Brasil, declara-se católica diante das câmeras e que o censo 2000 revelou que o maior número de adeptos dos cultos afro-brasileiras está no Rio Grande do Sul, demonstra o desconhecimento das pessoas do que é a sua convicção pessoal sobre o mundo e o que é a sua participação culturalmente em uma religião. Muitos até acreditam nos pilares espíritas, mas presos aos cultos exteriores, que para eles se fazem necessários, dizem não ser o espiritismo uma religião (SIC) e sim uma crença, que pode ser compartilhada com outras. Filmes como “Ghost”, “Sexto sentido”, “Os outros”, trataram dos postulados espíritas de forma séria e ao invés de serem rechaçados por essa maioria não-reencarnacionista, obtiveram altas bilheterias e comentários diversos. A própria representação social de nosso irmão Chico Xavier, desencarnado recentemente, demonstra o apreço do povo por essas verdades, independente de suas religiões professadas. Desse modo, não podemos acreditar que em um mundo plural e com acesso a informação que temos hoje, essa gama de pessoas acredita que iremos para o Céu ou o Inferno. O que existe é um aprisionamento às práticas exteriores, de cunho cultural, que mantém as pessoas nestas outras denominações. Religião é fator cultural, passado de pai para filho. Nossas festas, nossas datas, nossa estrutura social é fruto e ainda muito vinculada às estruturas religiosas.
Outro fator a ser analisado é que a doutrina das penas eternas e seu terrorismo com a glória futura, serviu sempre aos interesses das classes dominantes, no seu objetivo de manter os povos no “Cabresto”, reservando em todas as religiões essas discussões e conhecimentos aos iniciados nas cúpulas do poder. Obviamente, ninguém patrocinará a ideia libertadora das vidas sucessivas, quando se pode jogar com a esperança das pessoas, através de promessas e vinculações salvacionistas a grupos sectários, que durante a história serviram e se confundiram com o poder institucional. Livros sagrados, mistérios e dogmas incontestáveis ainda permeiam a vida das religiões no mundo e as ideias reencarnacionistas taxadas de subversivas.
As próprias implicações das ideias reencarnacionistas constituem entraves a sua aceitação por muitos. Como explicar a um norte-americano racista que ele poderá reencarnar como um negro. Ou como aceitará um nobre inglês que ele poderá nascer pebleu. Na Índia, a ideia da reencarnação recebeu o conceito de castas para aplacar o orgulho das pessoas, que não aceitariam mudar de posição social. No mundo que valoriza as posses, a posição social, muitos cegos não querem ver que tudo pode mudar, para atender aos ditames do progresso.
D – CRER E VIVER, EIS O DESAFIO
Como o dia que nasce, nos sucedemos neste planeta. Apesar de muitos não acreditarem ou aceitarem tal fato, a vida se perpetua e o amor é a lei. Sim, mais do que acreditar na pluralidade das existências, cabe-nos viver como seres eternos. Vivermos olhando a vida com a ótica da pluralidade, vendo a dor, a doença, a miséria e a morte sob esse novo prisma e não trazemos a nossa crença como algo para responder no momento do censo ou na conversa com os amigos. O progresso é a base de tudo. Não o progresso discriminatório que faz do homem europeu superior aos demais e sim o progresso da pluralidade de vivências em diversos povos e situações que nos conduzem a perfeição. Nosso compromisso é com a lei e a lei é de amor. Sob este prisma é que seremos interrogados após a morte. E pela nossa própria consciência.
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Referências Bibliográficas:
(1) Kardec, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB;
(2) Kardec, Allan – O Céu e o Inferno, FEB;
(3) Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, FEB;
(4) Denis, Leon – O Porquê da vida, FEB;
(5) Dellane, Gabriel – A reencarnação, FEB.
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