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Una legião!

julho 3, 2016

jane-maiolo-300x318Então Jesus lhe perguntou: “Qual é o seu nome?” “Meu nome é Legião”, respondeu ele, “porque somos muitos.” [1]

 

Variadas são as questões que envolvem o ser humano na busca do conhecimento de sua identidade real.

Quem somos? É uma incógnita que há séculos o homem tenta desvendar ou pelo menos saciar o desejo de se auto descobrir.

A Doutrina Espírita aponta-nos caminhos, ensinando que somos espíritos e que já experimentamos muitos capítulos no limite do mundo físico, sob o guante da matéria grosseira e fora dele, nas infinitas paragens do plano espiritual.

O Espiritismo nos revela que somos compostos de três características dimensionais, a saber: o espírito, isto é, princípio inteligente que preside o pensamento, a inteligência e o senso moral; o perispírito, que se consubstancia no vínculo que conecta o princípio inteligente à estrutura física, invólucro de natureza fluídica, leve, imponderável e, por fim, o corpo carnal, ou invólucro fisiológico para as inter-relações com o universo tangível da vida material.

É bem verdade que somos uma individualidade, por conseguinte indivisíveis, contudo, que envergamos distintas personalidades, estagiando com diferentes nomes, sobrenomes, alcunhas e etc., pelos quais diversos personagens nos reconhecem e nos identificam em cada etapa existencial.

Obviamente nossas personalidades sofreram e sofrem influências de natureza endógena (interna) e exógena (externa). As influências endógenas (internas) são aquelas advindas da nossa realidade espiritual, ou seja, um patrimônio que nos escolta por eras incontáveis e encontra-se armazenada na memória emocional, na herança genética, e nas múltiplas aprendizagens enquanto individualidade.

As influências exógenas (externas) são as que nos chegam no dia a dia pelas experiências pessoais, bem como pelas influências de potências mentais provenientes doutras pessoas encarnadas ou não.

Dotados de um amplo acervo mento-espiritual, permanecemos entre o enlevo do consciente e do inconsciente, manifestando-se em idas e vindas nas estruturas infinitas do nosso eu indivisível. Algumas vezes visitamos determinadas regiões do inconsciente e daí entronizamos manifestos escombros tangendo para emoções sobrecarregadas, ambíguas e tensas.

Por vezes paralisamos os sentidos, permanecemos inermes e estertoramos na agonia íntima. Doutras vezes encontramo-nos tão interligados com o eu real que olvidamos que somos seres imortais e que urge prosseguir na evolução para a aquisição dos valores transcendentes.

O aforismo grego “Conhece a ti mesmo” pode nos trazer grandes revelações e muitas surpresas, porquanto somos entes incompletos, ansiosos, múltiplos em desejos, emoções e sensações. Dessa forma, sem sombra de dúvidas, existe uma legião inclusa em cada um de nós. Todavia, o que almejarmos e vencermos em nós mesmos nas próximas experiências reencarnatórias definirá o lapso de tempo para nossa união definitiva com o Cristo.

Como observamos, a receita para o autoconhecimento é antiga e Agostinho, ex-bispo de Hipona, nos oferece a fórmula para aquisição desse tesouro, vejamos:

Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava em revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma.” [2]

Nessa indispensável busca para compreendermos quem somos é forçoso observarmos os convites do Evangelho, dispondo-nos a realizar novas descobertas a fim de ascendermos na hierarquia espiritual o EU aguardado pelo Divino Senhor.

Assim nada se faz de novo, mas tudo se revela para aquele que deseja encontrar-se com o verdadeiro.

Perguntará o Senhor: Qual o seu nome?

Que dirá?

Meditemos ainda hoje quem somos e o que podemos realizar em favor de nós mesmos.

Jane Maiolo

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Nota da autora:
O termo “legião”, ao tempo do Cristo, era uma referência aos soldados romanos que permaneciam em território palestino e assim subjugavam toda a nação judaica. Nas interpretações subsequentes ganhou o sentido de “muitos”.

Referências:
(1) Marcos 5:9;
(2) Kardec, Allan. O livro dos espíritos, questão 919-a (mensagem de Santo Agostinho), RJ: Ed FEB, 2009.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque: cena do filme Jesus – O Filme: Segundo o Evangelho de Lucas, EUA, 1979, por Peter Sykes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jiMIatzAg9U>. Acesso em: 03JUL2016.

Jane Maiolo
Jane Maiolo

Professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada em Psicopedagogia. Dirigente da USE Intermunicipal de Jales. Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec de Jales. Pesquisadora do Evangelho de Jesus. Colaboradora da Agenda Espírita Brasil. Apresentadora do Programa Sementes do Evangelho da Rede Amigo Espírita.

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