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Não esperemos gratidão

agosto 4, 2016

francisco_rebouçasEm diversas oportunidades, que a vida nos proporciona de exteriorizar e exercitar todo o aprendizado que a Doutrina Espírita nos proporciona, aprimorando nossos mais nobres sentimentos através do trabalho no bem, recuamos e deixamos escapar os tesouros da experiência que certamente muito nos enriqueceria moral e espiritualmente falando.

Muitas das vezes, essas oportunidades nos surgem de forma tão natural e não nos solicitam grandes sacrifícios, pois é preciso entender que fazer o bem é algo muito simples e que, na maioria das vezes, nós é que complicamos. Um sorriso de simpatia tem o poder de encantar quem o recebe, um abraço carinhoso, um cumprimento fraterno, uma palavra sincera de esperança, revitaliza e dá novo ânimo àquele que se achava desmotivado, infeliz, propiciando-lhe benefícios incalculáveis.

Muitos de nós justificamos o desperdício dessas oportunidades com alguns argumentos de inconformação, incomodados com a falta de reconhecimento daqueles a quem beneficiamos com nossa atitude de boa vontade, empenho, dedicação, etc., que dispendemos em benefício do nosso próximo, que sequer nos agradeceu.

Em outras tantas vezes, nos aborrecemos justamente com a forma com que somos retribuídos pelo empenho que dedicamos na ajuda a alguém necessitado e que, em variadas vezes, recebemos em troca a indiferença, o escárnio ou a ingratidão como resposta, e então, insatisfeitos e decepcionados, deixamos nos levar pelo orgulho ferido, e nos sentimos tristes e até mesmo revoltados.

Sobre o assunto, vejamos o que nos ensinam os Espíritos Superiores nas seguintes questões de O Livro dos Espíritos:

Decepções. Ingratidão. Afeições destruídas
937. Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não são também uma fonte de amarguras?
“São; porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis: serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que hão feito mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco. Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.”

938. As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
“Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.”
a) – Mas, isso não impede que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a ideia de que seria mais feliz, se fosse menos sensível?
“Pode, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.”
A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta. (1)

É muito importante não nos esquecermos que o bem deve ser realizado sem qualquer desejo de retorno, isto é, sem almejar qualquer retribuição, sem qualquer tipo de interesse que não seja de ser útil ao necessitado, porque fazer o bem deveria ser algo comum em nosso dia a dia, e não deve ser motivo para se esperar gratidão de ninguém, pois, na verdade, somos nós os primeiros e maiores beneficiados.

Francisco Rebouças

Referência Bibliográfica:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos – FEB, 76ª edição.

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em < http://www.alertaemprego.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2015/05/entrevista-de-emprego-agradecer-ao-recrutador.jpg>. Acesso em 04AGO2016.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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