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Haja paciência!

agosto 20, 2016

wellington-balboDia desses, parado com o carro esperando abrir o sinal, fiquei distraído e não percebi que a cor havia mudado para verde. Foi questão de uns 5 segundos, mas o suficiente para fazer com que o motorista atrás apertasse sua buzina, freneticamente. Calmamente engatei primeira e sai com o carro. Ao passar por mim fez um sinal indecoroso e pude ler em seus lábios, uma nada amistosa “homenagem” à minha progenitora que, certamente, ele não conheceu, pois desencarnou há mais de 15 anos.

Mas o fato colocou-me a pensar em como estamos sempre com pressa, talvez no contra fluxo do Universo. Estamos contra o fluxo do universo porque toda a mensagem que nos é enviada pede para termos mais calma ou, melhor dizendo, para treinarmos a paciência.

Quem quer tudo para ontem ainda não percebeu que a vida tem seu próprio tempo e turno. Esperar é uma tônica da vida na Terra. Mesmo que não queira, ninguém pode viver sem esperar. Um amigo, admoestado porque com frequência fazia seu chefe esperar não perdia a piada. Ele pode esperar, aliás, esperou 9 meses para nascer, não há problema algum em esperar mais 5 minutos para ter um relatório de qualidade, com informações preciosas que pouparão muito de seu tempo, dizia o ousado amigo. A verdade é que, quanto mais um indivíduo se tem em alta conta, menos ele gosta de esperar. Ah, as noivas não entram nessa análise, elas podem ter pressa e fazer os outros esperarem.

Mas só as noivas.

Por essas e outras, penso que um desafio coletivo para quem vive na Terra é o de esperar. Isso mesmo. Esperamos 9 meses para nascer, mais alguns anos para falar, mais um tempo para andar. Esperamos no trânsito, nas filas, esperamos para aposentar, esperamos chegar a Olimpíada e a Copa do Mundo, esperamos as férias e as sextas-feiras, esperamos o amigo, esperamos o exame chegar, a conexão da internet, esperamos alguém ligar e, pasmem, esperamos até a felicidade.

Isso sem contar que até quem paga a conta espera o médico chegar, já quem depende do SUS. Bem, quem depende do SUS nem sabe se o médico chegará.

Aliás, paciência para esperar que a dor passe ou a fase difícil vá embora, já é, por si, um remédio que alivia. Sim, um remédio. Quanto mais nos desesperamos mais as dores, sejam elas de ordem moral ou física, tornam-se fortes. A paciência é o remédio que permite diminuir a potência da dor. Há, aliás, bela mensagem em O Evangelho segundo o Espiritismo que traz o nome de Paciência. A mensagem diz, entre tantas coisas bacanas que, quando olhamos para baixo verificaremos que outras tantas pessoas sofrem dores mais agudas que as nossas. Ou seja, é preciso treinar a paciência e aprender a esperar, pois tudo, absolutamente tudo, passa, e quando temos mais resignação as dores não se tornam insuportáveis.

O trânsito é mais leve, o médico chega mais rápido, os exames não demoram tanto e a conexão da internet funciona de forma mais eficaz quando exercitamos a paciência.

Então, de tudo que abordamos, cabe-nos entender que é importante conquistar a paciência e que a vida nos treina para isso, constantemente.

Nem sempre o tempo que julgamos certo, o é para Deus, eis porque ele dotou a vida repleta de situações que nos ensinam um belo aprendizado: aprender a esperar, enfim, buscar a paciência para que a vida seja mais leve, menos estressante.

Até porque não existe vida sem espera.

E haja paciência.

Wellington Balbo

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/12168827/Impatient-people-may-be-ageing-faster-scientists-suspect.html>. Acesso em 20AGO2016.

Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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