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Onde está nossa verdadeira pátria? No Além ou na Terra?

setembro 10, 2016

wellington-balboÉ muito comum escutarmos “estamos aqui na Terra de passagem, a vida verdadeira é no mundo dos Espíritos”.

Lá, alguns dizem, é nossa verdadeira pátria. Lá, sim, a vida é de verdade, repleta dos melhores amigos e sentimentos. Aqui é apenas um ensaio.

Entretanto, não é bem assim.

No atual estágio evolutivo ainda estamos sujeitos às rodas da reencarnação, ou seja, voltaremos à matéria, incontáveis vezes, de modo que, ainda viajantes, não podemos afirmar que lá, no mundo dos Espíritos é nossa morada verdadeira.

Será um dia, mas ainda não é.

Por que abordo esta questão?

Percebo muita gente ignorando a importância da vida material para o progresso do Espírito, a tratar a matéria como algo que, a grosso modo expressando, não é lá uma coisa muito boa, num dualismo injustificado, do tipo “Espírito versus Matéria”.

Ora, imaginam:

Se a vida verdadeira é lá, esta aqui, então, é mera ilusão. Por qual razão devo dar-lhe importância, já que o que ocorre de real está tudo do lado de lá?

Para Deus, porém, não há diferenças. Somos todos, indubitavelmente, seus filhos, portanto, para a Inteligência Suprema tanto faz estarmos encarnados ou desencarnados.

Tudo é vida. Para Deus, tudo pulsa, vibra, vive…

A vida material é fundamental à ascensão do Espírito. Há, na literatura espírita, vasto material que comprova isto. Vejamos o diálogo que Kardec estabelece com o Espírito de Verdade em Obras Póstumas:

– Disseste que serás para mim um guia, que me ajudará e protegerá. Compreendo essa proteção e o seu objetivo, dentro de certa ordem de coisas; mas, poderias dizer-me se essa proteção também alcança as coisas materiais da vida?
R – Nesse mundo, a vida material é muito de ter-se em conta; não te ajudar a viver seria não te amar.

Percebam a preocupação do codificador em saber sobre a vida material e a resposta do benfeitor é clara no que tange à existência física.

O diálogo prossegue e é muito interessante, deixo, pois, a critério do leitor a pesquisa.

Mas não paramos por aqui.

Na questão de número 132 de O Livro dos Espíritos, temos:

“A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza”.

Perceba que o codificador coloca a ação do ser encarnado como necessária para que a marcha do Universo se cumpra.

Ou seja, a vida aqui na matéria é, sim, fundamental à evolução do Espírito, portanto, repleta de importância e valor.

O que faz o Codificador é convidar-nos a viver bem onde estivermos. Estou reencarnado, viverei bem, produzirei, trabalharei para que tudo transcorra em harmonia, arregaçarei as mangas e colaborarei para que as coisas aconteçam. Não serei um peso, mas alguém que, definitivamente, colabora com Deus.

Caso esteja desencarnado, a mesma situação: trabalharei, produzirei, estudarei, enfim, acenderei em mim a luz da Verdade, porquanto, conforme assinala Jesus, ela é libertadora.

Seja aqui ou no Além, façamos de nossa vida uma verdade; transformemos este exato momento em um instante verdadeiro e sem grandes preocupações de onde está a nossa verdadeira vida e nossa real morada, porque ela, em suma, reside em nosso coração.

Enfim, a verdadeira vida não está no local geográfico em que nos encontramos, mas em nosso mundo íntimo.

E como diz o poeta:

Que seja, nossa vida, eterna enquanto dure…
Que seja verdadeira, intensa e, sobretudo, permeada por reflexões e ações no campo do bem.

Pensemos nisto.

Wellington Balbo

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.naturekidsbc.ca/2012_04_01_archive.html>. Acesso em 09SET2016.

Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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