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Dentro do “pão de cada dia”!

outubro 11, 2016

orson-peter-carraraPeço ao leitor raciocinar comigo. O texto apresenta uma argumentação que pode ser encarada como um pedido de alguém que deseja acertar, que procura entender, que faz um esforço por ser melhor. E mais: enquadra-se, perfeitamente, em nosso tempo. Tanto nos conflitos e questionamentos interiores que todos fazemos como na realidade do cotidiano nacional e mundial, diante dos desmandos humanos. A tradução é de Salvador Gentile.

Acompanhe comigo. Diz o texto:

“(…) Afastai também de nosso espírito o pensamento de negar a vossa justiça, vendo a prosperidade do mau e a infelicidade que oprime, por vezes, o homem de bem. Sabemos agora, graças às novas luzes que vos aprouve dar-nos, que a vossa justiça se cumpre sempre e não falta a ninguém; que a prosperidade material do mau é efêmera como a sua existência corporal, e que terá terríveis reveses, ao passo que a alegria reservada àquele sofre com resignação será eterna. (…)”.

O trecho, que é parcial dentro de uma análise mais longa de mais de uma página, enquadra-se na realidade do que estamos vivendo no planeta. A prosperidade desonesta desenfreada e gerada pela ambição desmedida, em prejuízo de outros que se esforçam no trabalho e na honestidade, com infelicidade, indignação e às vezes até revoltas com os abusos de toda ordem.

Por outro lado, a constatação dessas ilusões que passam com a mesma rapidez com que passa a vida. E, claro, com as consequências advindas dos abusos e arbitrariedades praticadas com ou sem consciência dos malefícios que espalham.

Não falamos apenas das crises políticas que perduram. Falamos de nós mesmos, seres humanos que se permitem abusos, ilusões, desejando a todo custo a felicidade ou a prosperidade, mesmo que a custo do prejuízo alheio ou da infelicidade de outras pessoas, ainda que não diretamente.

Mas, o raciocínio é claro. Que nos afastemos do pensamento de achar que a justiça maior não age, nem é indiferente. Existe um comando para a vida que estabeleceu leis que geram consequências toda vez que ultrapassamos o dever de amar e respeitar a integridade alheia, em todos os sentidos, repetimos ainda que, indiretamente.

A justiça sempre ser fará presente, senão pelos frágeis mecanismos humanos, mas perene nos tribunais da Divina Consciência.

Referida exortação é um convite para que não nos revoltemos com as injustiças, com os desmandos, com os abusos. Antes que tenhamos compaixão com os que ignoram a Lei de Amor que rege os destinos humanos. Nem duvidemos da justiça perene que comanda vida, ainda que desrespeitada. As consequências dos abusos serão sempre amargas, exigindo reparações no tempo e no espaço.

Por isso muito mais sábio a resignação que aguarda, que tem compaixão e ainda ora em favor daqueles que se perdem nos equívocos.

O citado e brilhante trecho está no capítulo XXVIII na apreciação de Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, e contido no contexto que estuda a Prece Dominical, perfeitamente enquadrado no quesito Dai-nos o pão de cada dia. Como a indicar que o pão de cada dia também é essa postura de resignação e confiança na Paternidade Divina que tudo comanda, não abandona seus filhos e ainda permite os abusos para que aprendamos finalmente a respeitar e cumprir a Lei de Amor, mandamento máximo das leis divinas.

Dai-nos, pois, Pai, o pão da compreensão com as fraquezas, equívocos e abusos alheios a que todos estamos sujeitos, mas também o pão da fortaleza que alimenta para não cairmos nessas tolas e vazias ilusões do poder, da ganância, da vaidade, da ambição.

É o pão que alimenta em todos os sentidos, perde seu sentido figurado para ganhar em extensão de autêntico significado espiritual para o equilíbrio de nossas vidas.

Orson Peter Carrara

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em < http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=289617>. Acesso em 11OUT2016.

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Orson Peter Carrara
Orson Peter Carrara

Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve na maioria dos estados do país, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita. Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas, sites e jornais do país, além de boletins regionais, no país e no exterior. Autor de treze livros, seus textos caracterizam-se pela objetividade e linguagem acessível a qualquer leitor, estando disponibilizados em vários sites de divulgação espírita.

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