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Você costuma se despedir, carinhosamente, dos que ama?

novembro 5, 2016

wellington-balboEra o ano de 1999, mês de julho, uma quarta-feira. Eu saí de casa por volta das 14:30 para buscar minha filha que brincava na casa de mamãe. Cheguei lá 40 minutos depois, cumprimentei minha mãe beijando-lhe na testa, peguei minha filha no colo e fui embora, sem trocar muitas palavras.

Quando entrei no ônibus que me levaria de regresso ao lar, lembrei que não havia quase conversado com minha mãe e, pior, a despedida fora muito pálida, sem um abraço apertado, tampouco com palavras de afeto.

Um pensamento passou pela minha mente:

E se ela morrer?

Sim, porque se ela morrer entre hoje e amanhã eu não me despedi, adequadamente.

No mesmo momento, pensei novamente:

Morrer?

Não, de forma alguma, ela está bem de saúde.

Afastei o mau pensamento com a promessa íntima de que na quinta-feira voltaria à casa de mamãe. Acontece que, por razões que não me recordo, na quinta-feira não retornei em sua casa.

Resolvi deixar a visita para o final de semana; no final de semana nos veremos e bateremos aquele bom papo, imaginei.

Mas, não deu tempo, como se fizesse questão de carimbar o meu pensamento, mamãe partiu na sexta-feira, ou melhor, sexta-feira, dia 30 de julho de 1999, foi o dia em que teve o AVC, ela partiu mesmo no sábado, dia 31 de julho e foi sepultada em 01 de agosto, aniversário de Bauru.

Eu fiquei, por muitos anos, com a lembrança dos pensamentos que me dominaram no ônibus sobre pensar em sua morte e não me despedir de forma mais calorosa.

Por que eu não voltei?

Por que eu não me despedi dela, adequadamente?

Se a morte é uma certeza, por qual razão saímos de perto de nossos amores sem nos despedirmos com o devido cuidado?

Sim, porque pode ser a última vez, o último abraço, o último beijo ou as últimas palavras.

Se eu soubesse que aquele seria o último dia de mamãe por essas bandas tudo teria sido diferente.

Teria lhe dado um grande abraço, olhado em seus olhos e dito:

Ah, mamãe, muito obrigado!

Despedidas, desde então, tomaram para mim um caráter especial. Seja para me afastar por meses ou por um dia de trabalho, costumo endereçar aos que amo um olhar de ternura, boas vibrações e ter a certeza de que, se algo acontecer no caminho, a separação temporária foi acompanhada de um último olhar de Amor.

Temos o hábito de considerarmos que a morte não nos abocanhará. Ledo engano. Ela pode vir a qualquer momento, como veio com mamãe e tantas outras pessoas.

É preciso estar preparado para a morte.

É fundamental despedir-se, adequadamente.

E você, já se despediu de seus afetos hoje?

Então, o que está esperando?

Wellington Balbo

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2654224/Hugs-make-feel-younger-Cuddle-hormone-improve-bone-health-combat-muscle-wasting.html>. Acesso em 04NOV2016.

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Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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