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O “Locus minoris resistentae” do Movimento Espírita

novembro 6, 2016

jane-maiolo-300x318“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo.” (1)

 

Por que adoecemos?

Questões inquietantes como estas muitas vezes ganham nossas mais sinceras, sentidas e profundas reflexões.

O Homem hodierno, conectato ao mundo inquietantemente tecnológico, anseia por descobrir a resposta para tal enigma.

As descobertas científicas do século XXI têm nos permitido desbravar o conhecimento sobre o Cosmo, ampliando nossa percepção acerca do Universo. Investigou-se e descobriu-se qual a utilidade do DNA. Achou-se água em Marte, o fenômeno da reprogramação celular e outras muitas investigações importantes para a evolução da vida humana na Terra.

Porém, ainda é aflitiva a questão do por quê adoecemos? Quais as razões de ainda não conseguirmos devassar as reais causas de tão urgentes e profundas demandas?

Existem múltiplas causas para surgimento das enfermidades físicas, psíquicas e ou mentais. Entretanto, sob o jugo do materialismo mecanicista e sistêmico, combóia o homem moderno sem compreender a magnitude d’outras dimensões imperceptíveis aos olhos humanos, e que nem por isso “irreais”.

O binômio corpo e alma volta à baila exigindo do pesquisador contemporâneo um olhar mais perquiridor, mais audacioso e profundo.

Os princípios espíritas confirmam que somos os seres inteligentes da Criação, compostos por espírito (centelha divina), períspirito (laço fluídico que liga o corpo ao espírito) e corpo físico. Na doença do corpo não podemos “perder de vista que, assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites, e que pode acontecer impressionar-se o Espírito temporariamente com a alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe as impressões.” (2)

Enquanto seres em evolução na Terra, ora jazemos na matéria e ora estamos fora dela ,na dimensão espiritual. Nessas experiências, mormente encarnados, vivenciamos circunstâncias nos comprometendo com outros espíritos através de sentimentos e emoções capazes de alterar nossa constituição psicossomática desorganizando-a sob o impacto do ódio, do rancor, da vingança, da ganância, da mentira, dos vícios e das imoralidades adotadas.

Assim o corpo físico ressentirá as moléstias geradas basicamente no perispírito a exteriorizar-se imediatamente na vida atual ou no futuro no processo de esculturação doutro arcabouço físico doente, desta forma, adoecemos porque  entulhamos as emoções e sentimentos.

Fato paralelo também tem ocorrido no Movimento Espírita.

Encontramos um corpo (grupo) passível de adoecer pela insensatez, pela falta de comprometimento doutrinário, pela escassez de estudo sérios, pelo extemporâneo intelectualismo, pelos exercícios mediúnicos indesejáveis.

O “locus minoris resistentiae” é um termo habitual na medicina a fim de descrever um local do corpo que oferece pouca resistência à infecção, danos ou ferimentos.

Constatamos no Movimento Espírita um corpo frágil no seu aspecto vibratório e os micróbios do pessimismo vem se alastrando e as polêmicas improfícuas surgem, contagiando gerando lesões compatíveis com as distrações do bem.

Metaforicamente podemos comparar o Movimento Espírita ao “Corpo do Cristo”, motivo pelo qual não podemos permitir que quaisquer doenças insidiosas se instalem. É urgente desfraldar as bandeiras das caravanas da fraternidade em busca do entrosamento junto às lideranças e representações doutrinárias ajuizadas e empenhadas com a propaganda das verdades da Terceira Revelação.

Deixemos as infecções ideológicas para os falazes, recordemos as repreensões de Paulo de Tarso aos Efésios – “Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo”. (3)

O que dignifica os membros do Movimento Espírita é a capacidade da transformação íntima que cada um transporta dentro de si mesmo.

O que nos torna membro saudável desse “Corpo Admirável” é a aptidão para o acolhimento, consolação, esclarecimento e orientação das muitas almas enfermas ou ignorantes que buscam o lenitivo da mensagem junto às instituições espíritas.

O que nos torna enfermeiros dessas almas sofridas é aplicação do remédio do diálogo amoroso e fraternal. É as conduzirmos aos tratamentos desobsessivos a fim de favorecer a libertação de vítimas e verdugos das garras simbióticas da obsessão. É amenizar os quadros devastadores das subjugações ante os dramas obscuros do passado. Portanto, para obtermos êxitos nesses desígnios devemos estar revestidos de alento moral e equilíbrio espiritual.

Cuidemos, pois, do Movimento Espírita, dando exemplos de superação na busca da estabilização da saúde desse sublime “Corpo”. Os medicamentos ainda são os mesmos indicados pelo Mestre: “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. (4)

As advertências paulinas nos são oportunas: “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem.

Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros! ” (5)

Assim todo nosso corpo, que é o Movimento espírita, vibrará saúde e paz!

Jane Maiolo

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Referências:
(1) Efésios 4:32;
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão nº 375 (a), RJ: Ed FEB 2002;
(3) Efésios 4:32;
(4) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5. RJ: Ed FEB 2000; e
(5) Efésios 4:29,31,32.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque cedida pela autora.

Jane Maiolo
Jane Maiolo

Professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada em Psicopedagogia. Dirigente da USE Intermunicipal de Jales. Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec de Jales. Pesquisadora do Evangelho de Jesus. Colaboradora da Agenda Espírita Brasil. Apresentadora do Programa Sementes do Evangelho da Rede Amigo Espírita.

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