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A colheita da nossa semeadura

novembro 17, 2016

francisco_rebouçasA presente reencarnação significa para cada um de nós o somatório das inúmeras experiências adquiridas nas várias passagens que já realizamos por este nosso planeta, ao longo dos milênios, em que armazenamos no psiquismo a bagagem da qual nos utilizamos no relacionamento com o nosso próximo nem sempre respeitosa e pacífica como deveria ter sido. Essa convivência desequilibrada de outrora, surge agora como colheita de uma semeadura investida em sua grande maioria na obtenção de bens fugazes, perecíveis, que os ladrões e as traças se incumbem de destruir.

Hoje vivenciamos inúmeras situações, que muitas das vezes nos fazem duvidar até mesmo da bondade do Pai Celestial, inconformados com as tribulações, as situações adversas, as dificuldades, as desavenças, as antipatias entre outras tantas situações desconfortáveis, que nos aparecem aparentemente sem motivos que justifiquem nossas dificuldades nos relacionamentos familiares, sociais, profissionais, religiosos etc.

Em razão dessa incômoda situação, muitos de nós buscamos encontrar argumentos em nossa defesa que justifique perante a opinião dos outros, o nosso presente estado de sofrimento, apressando-nos em nos apresentar como vítimas da vida, blasfemando contra a sorte, alegando que nada fizemos por merecer tal castigo, pois sempre procuramos respeitar as Leis instituídas pela sociedade no relacionamento com o próximo, não entendendo o porquê de tantos obstáculos para nosso crescimento moral espiritual.

É natural que ainda pensemos dessa forma, em vista da nossa incompreensão diante da grandiosidade da perfeição das Leis Divinas, únicas capazes de nos projetarem para frente e para o alto, e das quais frequentemente nos divorciamos, para buscar a satisfação de nossos instintos selvagens, sem nos apercebermos de que sofreremos as consequências positivas ou negativas da nossa livre escolha.

É preciso que dediquemos mais atenção na análise de algumas questões que por certo muito nos ajudariam a proceder de maneira diferente da que normalmente decidimos por agir, e não percamos tempo com coisas que não oferecem absolutamente nada que nos ajudem na obtenção de nosso sonho por adquirir um estado permanente de paz, felicidade e harmonia interior, porque essas virtudes não podem ser adquiridas sem os necessários esforços da reforma íntima que precisamos empreender.

Urge decidirmos o quanto antes por fazer a parte que nos cabe, na modificação de nossas palavras, atos e atitudes modificando inteiramente a maneira de ver, ouvir e sentir o convite do mestre Jesus, que de mãos estendidas nos oferecendo sua ajuda, e segurá-las com fé, esperança, trabalho no bem e confiar o que não depende de nós a Deus que é nosso Pai, infinitamente bom e justo criador de tudo e todos, pois que Ele tem o controle total de tudo que ocorre no universo, não caindo sequer uma folha de uma árvore, nem um fio de cabelo de nossas cabeças sem sua permissão e entender definitivamente que os problemas que hoje nos visitam são frutos amargos de nossa própria plantação, que agora colhemos por força da Lei de ação e reação que vem confirmar as palavras de Jesus quando nos afirmou “a cada um segundo as suas obras”.

No Capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo, no item Justiça das aflições, encontramos sábias explicações no texto que segue:

“Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos”.(1)

Resta-nos buscar na Codificação, as explicações claras, fundamentadas na lógica da razão, e no ensino moral da Doutrina Espírita e providenciarmos colocar em prática os conceitos éticos morais que ela nos preceitua, procurando vivenciar as lições dos espíritos superiores, e entendermos que Deus nosso Pai, é infinitamente amoroso com todos nós, e que tudo pelo que passamos faz parte da bagagem de detritos que acumulamos ao longo dos séculos, da qual precisamos urgentemente nos desvencilhar se pretendemos ascender na escala hierárquica dos seres eternos da criação em busca da felicidade que tanto almejamos.

Preciso se faz seguir os ensinamentos ali contidos, e atentarmos para o chamamento que nos convidam a aprimorar as virtudes que se acham presentes no imo de nosso ser, esperando o momento em que nos decidamos por desenvolvê-las, projetando de dentro para fora as qualidades que nos hão de fazer seres melhores, dispostos a nova semeadura, em benefício do nosso porvir futuro.

Para tanto, não precisamos de grandes esforços, na maioria das vezes nos bastariam pequeninas atitudes em nossas ações do dia a dia, procurando espalhar em redor de nossos passos a simpatia, o otimismo, a gentileza, a compreensão, a calma, a fraternidade em doses homeopáticas, e no exercitar dessas atitudes positivas em nossa vida de relação em qualquer ambiente em que nos encontrarmos, estaríamos automatizando em nós as boas ações que com o passar do tempo se tornariam espontâneas, naturais, e não precisaríamos de enormes sacrifícios como costumamos alardear, o codificador Allan Kardec não deixou de formular pergunta nesse sentido aos imortais da vida maior na questão que abaixo transcrevemos do livro dos espíritos.

  1. Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!” (2)

Finalizando, queremos enfatizar que só nos resta investir cada vez mais no estudo da Doutrina Espírita, para sairmos desse estado de inércia se é que desejamos fazer da nossa vida motivo de alegria e felicidade, não mais utilizando-nos do desculpismo injustificado, nem jogando a responsabilidade que nos cabe de fazer os inevitáveis esforços, no desenvolvimento do nosso crescimento moral espiritual visando à colheita de novas oportunidades melhores do que as que hoje vivenciamos, e que costumeiramente responsabilizamos a vida e o acaso.

Francisco Rebouças

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Referências:
(1)Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB 112ª edição, Cap. V item 3; e
(2)Kardec, Allan. O Livro dos espíritos. FEB 76ª edição.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://www.superiorwallpapers.com/girls-and-models/little-girl-walking-through-a-field-full-of-pink-flowers>. Acesso em: 17NOV2016.

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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