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Por que comigo?

novembro 19, 2016

wellington-balboDesde que conhecera o Espiritismo, há dez anos, Ademar entregara-se de corpo e alma ao trabalho na Instituição Espírita de seu bairro. Tornara-se um trabalhador incansável servindo nas mais variadas frentes: auxiliava na limpeza, distribuía mensagens, colaborava no almoço fraterno de domingo. Todas essas atividades eram desempenhadas na mais pura e comovente alegria. Ademar tinha, invariavelmente, um sorriso, uma palavra de bom ânimo, um abraço amigo para confortar quem dele se aproximava.

Seu esforço era contagiante. Quando a enfermidade visitava algum amigo ou amiga, lá estava Ademar orando, visitando ou auxiliando.

Porém, certa vez, a enfermidade bateu na porta de sua família. A querida esposa, companheira de tantos anos, foi acometida de grave doença e, em prazo de alguns meses, seu desencarne estaria consumado.

Ademar, o incansável trabalhador, o amigo de todos os momentos, o seareiro da Boa Nova, negava-se a acreditar que tamanha “tragédia” batia a sua porta. Revoltado com a Divina Providência que, segundo ele, esquecera-se de olhar para sua esposa, abria os braços e bradava aos céus, como se cobrasse de Deus:

Por que comigo? Por que isto foi acontecer justamente comigo?

***

O notável tribuno baiano Divaldo Pereira Franco, em uma de suas palestras propôs o seguinte questionamento para que não nos revoltemos quando as adversidades da existência nos visitarem. “Por que não comigo?”

Excelente! Em vez de perguntarmos, prepotentes: “Por que comigo? ” Importante perguntarmos, humildemente: “Por que não comigo? ”

Tal pergunta proposta por Divaldo faz-nos acordar à realidade. Sim, por que não conosco? Por que as enfermidades não irão visitar nossa família? Por acaso somos melhores que os outros?

O bom senso assevera que não, ou seja, estamos sujeitos às dificuldades inerentes a este planeta de provas e expiações. A grande questão está em como iremos passar pela provação que nos visita? Com serenidade, não obstante as agulhadas da dor? Ou revoltados, julgando Deus, um pai insano, que castiga seus filhos?

O problema de Ademar foi ser prepotente ao julgar que as atividades desenvolvidas no Centro Espírita iriam o alçar a um patamar inalcançável, onde as provações não lhe visitariam. Por isso revoltou-se. Em realidade, Ademar, interiormente, fazia troca com Deus. Colaboro no Centro Espírita, porém, nada quero de dificuldades.

Contudo, a história de vida de valorosos espíritas, que deram vasta contribuição ao movimento, mostram que foram eles acometidos de inúmeras dificuldades no curso de suas vidas. Porém, nada de revoltas. Alegria e agradecimento notabilizam o servidor desinteressado.

A propósito, o inesquecível Jerônimo Mendonça é exemplo marcante de humildade. Paralítico, num leito há mais de trinta anos, cego há vinte anos, Jerônimo Mendonça percorria o Brasil com palestras de divulgação da Doutrina Espírita. E mais: adorava cantar e escrever, por isso gravou discos, escreveu livros e fundou Centro Espírita. Espíritos como Jerônimo Mendonça não se revoltam, porque, humildemente, sabem que estão sujeitos às complicações da vida na Terra, por isso, ao invés de perguntarem “Por que comigo? ”, seguiram a sugestiva pergunta de Divaldo e afirmaram: “Por que não comigo? ”

Wellington Balbo

Nota do Editor:
a) Título adaptado do original “A Pergunta de Divaldo”.
b) Imagem em destaque disponível em <https://cdn.davidwolfe.com/wp-content/uploads/2015/10/woman-crying-tissue-1000×600.jpg>. Acesso em 19NOV2016.

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Wellington Balbo
Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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