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Dor e fé no País

dezembro 4, 2016

orson-peter-carraraO doloroso acidente aéreo com o time de futebol de Chapecó (SC), traz à tona, novamente, a velha questão das mortes coletivas, que vez por outra atingem a sociedade humana, em quadros de profunda dor, especialmente, face ao impacto das ocorrências.

Lembro-me, quando adolescente ainda, do pavoroso acidente que vitimou igualmente muitas pessoas em Mineiros do Tietê (SP), chocando a cidade. Não é para menos. É muito doloroso, pois a dor é intensa para as famílias envolvidas e mesmo para todos nós que, embora, não envolvidos diretamente, sofremos igualmente pelo impacto.

São fatos que, depois de ocorridos, não há o que se fazer, exceto buscarmos a Deus na aceitação do fato já consolidado, e usarmos a fé como principal instrumento de resignação frente à expressiva adversidade que esfacela famílias inteiras.

Essa força para nos mantermos de pé e para continuar vivendo, busquemos na patente realidade de que somos seres imortais. Embora a dor inevitável, a vida não é o nosso corpo. Estamos no corpo, mas não somos o corpo. Somos, antes, seres imortais utilizando, temporariamente, uma veste que utilizamos em nosso processo de aprendizado. Uma veste que envelhece, sofre acidentes, desgasta-se com o tempo e morre depois de um certo tempo, sendo devolvida, porque não nos pertence.

Alguns, todavia, retornam mais cedo. Por razões que nos escapam, por enquanto, mas, que saberemos mais tarde. Enfermidades, acidentes, bala perdida, velhice, quedas fatais, derrames ou infartos, tumores malignos ou outras causas, são apenas nomes que designam uma forma de voltar à origem comum, à realidade do que somos. O fato patente, todavia, é que não somos daqui, estamos aqui!

As causas estão em nossa necessidade de aprendizado que remontam no tempo e que no momento não temos condições de alcançar ou avaliar.

Para o enfrentamento, todavia, de situações tão dolorosas e mesmo traumáticas, faz-se necessário guardemos no coração o conforto da presença de Deus que nunca nos desampara e que, se permite tais fatos, há razões em sua sabedoria que ainda não compreendemos, mas compreenderemos em grande extensão num tempo que virá.

Seja qual for a crença que adotemos, guardemos a confiança em Deus. Os ditos “mortos” ainda vivem, pois todos somos seres “imortais”. Precisam de nossa resignação e aceitação num momento que também é difícil para eles, pois há o impacto da separação. Nossa dor os atinge, de maneira igual e, de forma muito dolorosa. Nossa aceitação, apesar da dor, suaviza-os neste processo de readaptação à nova realidade.

Sim, eles vivem! A vida continua, é imortal. As causas de tais ocorrências estão, perfeitamente, enquadradas em nossas necessidades de aprendizado, que incluem as famílias. A dor é superlativa, bem o sabemos, e nosso dever como Cristão é vibrarmos em favor dessas famílias envolvidas pela dor da separação impactante deste acidente. A prece suaviza, acalma e fortalece-os.

Os corpos são vestes emprestadas, por um curto tempo, para nossa permanência nessa autêntica escola que é o planeta Terra e desfazem-se com o tempo.

É como o exemplo da roseira. As pétalas que caem pelo vento não são a rosa ou a planta que lhe faz surgir. A vida está na semente da planta, que sempre ressurge e refloresce. Somos a vida e não os corpos!

Ressurgimos, continuamente, continuando nosso aprendizado e fazendo-nos cada vez mais felizes e unidos pelos laços do amor. Bendita Imortalidade, verdadeiro e imorredouro presente de Deus aos seus filhos!

Choremos, sim, de saudade, não de revolta. O amor nunca se separa! E a bondade de Deus nunca nos abandona. Por meios que desconhecemos, Deus permanece agindo, em nosso bem.

Por outro lado, é comovente ver tanta solidariedade e comoção surgidas com a dura e triste notícia que abalou o país. Deus tem suas razões. Aceitemo-las e peçamos força e coragem, no enfrentamento da difícil batalha com a dor.

Orson Peter Carrara

Nota do Editor:
Imagem em destaque obtida na Internet.

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Orson Peter Carrara
Orson Peter Carrara

Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve na maioria dos estados do país, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita. Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas, sites e jornais do país, além de boletins regionais, no país e no exterior. Autor de treze livros, seus textos caracterizam-se pela objetividade e linguagem acessível a qualquer leitor, estando disponibilizados em vários sites de divulgação espírita.

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