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Onde deflagre a violência, o Espiritismo faz-se esteio da Educação

dezembro 6, 2016

jorge-hessenA violência urbana ocorre na maioria das sociedades modernas em face do “consumo” do subproduto da agressão potencializada pela televisão, rádio, jornal, revista e ou mídias tecnológicas. Há diversos tipos de violências que, normalmente, sugerem ações organizadas de jovens que agem em grupo contra o patrimônio material e pessoas, comumente unidas às quadrilhas que demarcam territórios. A selvageria do homem civilizado tem as suas raízes profundas e vigorosas na “mata” espessa da violência. O homo brutalis tem as suas leis: subjugar, humilhar, torturar e matar.

O utilitarismo das sociedades contemporâneas robotizou o homem, tornando-o um autômato inconsequente. O mesmo “cristão” que se prostra diante das imagens frias dos altares das igrejas ou na idolatria pela Bíblia “decorada” nos templos, volta ao seu posto de mando para ordenar torturas canibalescas. O homem contemporâneo vive atormentado pelo medo, esse inimigo atroz que o assombra. Uma vez submetido às contingências da vida atual, de insegurança e de incertezas, sofre como resultado em transtornos graves da mente, pela angústia dissolvente da própria individualidade.

Diz-se que o Oriente Médio é uma área violenta. Sim, é verdade, porém a América Latina é uma das áreas mais brutais e arriscadas da Terra, conforme demonstra o portal Business Insider. Das 50 cidades mais violentas ao redor do mundo 16 estão no Brasil. A “Pátria do Evangelho” é grande produtora de armas (contrastando com o compromisso espiritual) por isso cremos que proibir sua comercialização no mercado interno é prática recomendável, pois o problema seria atacado, diretamente, em sua origem. (1) No “Coração do Mundo” o homicídio é o crime mais comum. Além dos assassinatos, o tráfico de drogas, guerras de gangues, instabilidade política, corrupção e pobreza influenciam na alta violência nas cidades listadas pelo portal Business. (1)

Obviamente, esta análise é restritiva e tende a reforçar as diversas variáveis que pesam nos distintos atores que agem com brutalidade, sendo que as formas de selvageria empregadas e sua intensidade variam muito. Portanto, o aumento da violência que se conhece desde o pós-guerra não é imputável a uma categoria específica de indivíduos, mas a uma generalização dos comportamentos agressivos nas diferentes camadas da população.

Não se pode desconsiderar esses outros tipos de violências (não menos impactantes) como as que ocorrem, diariamente, no trânsito, as violências sexuais, os maus tratos infantis ou as agressões conjugais. Muitos conflitos que antes se manifestavam em afrontamentos sangrentos, atualmente, foram transmutados nos diferentes tipos das agressivas competições esportivas.

Todos nós tememos a violência, obviamente. Muitos erguem altos muros com fios eletrificados ao redor de suas residências, tentando manter a paz doméstica. Contratam seguranças para protegerem suas empresas e seus lares. Instalam equipamentos sofisticados que os alertem da chegada de eventuais usurpadores de seus bens. Contudo, existe outro tipo de violência a que não damos atenção: é a que está fincada dentro de cada um de nós. Violência íntima, que alguns alimentam, diariamente, concedendo que ela se torne animal voraz.

Paradoxalmente, pregamos a paz produzindo ogivas, canhões assassinos; cobiçamos resolver os problemas sociais ativando a edificação dos presídios e bordéis. “Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta inglória e sem-fim”. (2) A atual situação de violência, maldade, injustiça, opressão dos poderosos sobre os fracos, tanto em nível de pessoas, como instituições e países, certamente, terá que ceder lugar a uma nova era de paz, harmonia, fraternidade e solidariedade.

Uma das soluções para a criminalidade seria desarmar a população brasileira através da proibição do comércio de armas de fogo em todo o País, ressalvada a aquisição pelos órgãos de segurança pública, federal, estadual, municipal e pelas empresas de segurança privada, regularmente, constituídas, na forma prevista em Lei. Naturalmente, não somos ingênuos de ajuizarmos que a tão somente restrição (proibição) do uso de armas de fogo, por si só, equacione definitiva e imediatamente o problema da violência. Sabemos. É óbvio que a arma de fogo pode ser substituída por outras, talvez não tão “eficientes”. Na ausência de estrutura da aparelhagem repressora e preventiva do Estado, as armas de fogo continuarão chegando às mãos dos marginais e fazendo suas vítimas. Por isso, urge meditar que devemos aprender a nos defender, desarmando, antes de tudo, nossos espíritos e isto só se consegue pela prática do amor e da fraternidade.

É certo que a sociedade de hoje não está reduzida a ruínas irrecuperáveis. “O espírita é chamado à função da viga robusta, suscetível de mostrar que nem tudo se perdeu. Há quem diga que a Humanidade jaz em processo de desagregação. O espírita é convidado a guardar-se por célula sadia, capaz de abrir caminho à recuperação do organismo social. O espírita, onde surja a destruição, converte-se em apelo ao refazimento; onde estoure a indisciplina, faz-se esteio da ordem e, onde lavre o pessimismo, ergue-se, de imediato, por mensagem de esperança.” (3).

Por isso, a solução que a Doutrina Espírita apresenta para a violência é a educação em seu amplo aspecto. O Espiritismo, essencialmente educativo, conclama-nos ao amor e a instrução que poderão formar uma nova mentalidade entre os homens. Até porque a violência é o fruto espúrio da ignorância humana. Remanescente da agressividade animal explode na natureza graças às bases do egoísmo, o câncer moral que carcome o organismo social. O antídoto ao egoísmo é o altruísmo (amor ao próximo e abnegação). Por consequência, a melhor maneira de tornar uma sociedade justa e altruísta é a educação das novas gerações. Sabendo que, através da educação, formaremos caráteres saudáveis, deveremos investir tudo nesta obra libertadora, que é uma das mais elevadas expressões da caridade.

Jorge Hessen

Nota do Autor:
(1) Hoje, no Brasil, existem três empresas fabricantes de armas de fogo de onde grande parte de sua produção é destinada à exportação.

Referências Bibliográficas:
(1) Disponível em http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/as-50-cidades-mais-violentas-do-mundo-brasil-tem-16-na-lista/ar-BBdyjVo?ocid=mailsignout, acessado em 01/02/201;
(2) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditada pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB, 2001, perg 199;
(3) Xavier. Francisco Cândido. Livro da esperança, ditado pelo Espírito Emmanuel, Uberaba/MG: Ed CEC, 1964.

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Jorge Hessen
Jorge Hessen

Servidor Publico Federal, residente em Brasília, palestrante,
escritor, articulista em diversos jornais e sites, com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, entre outros e além de Conselheiro da Revista Eletrônica O Consolador.

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