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O “amor a si”, o “autoperdão” e o “próximo” como alvo

março 7, 2017

Estabeleceu Jesus a síntese da Lei: “amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”. [1] O resumo da Norma indicada pelo Mestre é das mais admiráveis terapias pessoais. Somos todos importantes. Somos criaturas únicas no Universo que buscamos a felicidade através do aprendizado do amar a nós mesmos, ao próximo e a Deus.

Contudo, de que forma amar a nós mesmos? Naturalmente, a proposta de Jesus é um imperativo que não deve ser confundido com o egoísmo ou o egocentrismo. Quando escolhemos aprender, para o aprimoramento intelectual, estamos nos autoamando. Quando compreendemos as nossas imperfeições temporárias, nos esforçando para corrigir os erros, estamos amando a nós mesmos. “O autoamor proporciona uma visão mais clara de quem se é, do que se deseja e do que não se deseja para si”. [2]

Quando escolhemos perdoar e extinguir o peso de uma mágoa, estamos amando a nós mesmos. O asseio mental e a estabilização emocional têm procedências brilhantes naquele que consegue praticar e receber o perdão. Todos somos convocados a praticar o perdão no ambiente doméstico, profissional, religioso; enfim na convivência social.

Afinal de contas, perdoar significa absolver, indultar, desculpar, anistiar. O prefixo “per” quer dizer “total” e “doar” significa dar inteiramente, ou seja, um empenho de autodoação plena. Portanto, perdoar-nos resulta no pleno amor a nós mesmos.

Para nos libertarmos, tanto da culpa quanto da desculpa, necessitamos cultivar o autoamor autoconsciência, o arrependimento e o aprendizado para as reparações imprescindíveis. É verdade! O autoperdão não é uma simples revogação da consciência de culpa, mas um procedimento de autoexame consciencioso de nós mesmos, o que requer arrependimento e reparação.

Somente cultivando o autoamor é que crescemos espiritualmente. Por isso não podemos ficar sob o guante do ingênuo pesar. Quem ama a si mesmo (como recomendou Jesus) preenche a vida de alegria e paz. Todavia, uma das causas de autoagressão vem da procura frenética de perfeição irrestrita, como se todos devêssemos ser deuses ou deusas de um momento para o outro.

Quando esperamos perfeição em tudo e confrontamos o lado “primário” de nossa natureza humana, nos sentiremos, fatalmente, diminuídos e envolvidos por uma aura de fracasso. A baixa autoestima nasce quando não nos aceitamos como somos. Somente a auto aceitação nos leva a sentir plena segurança ante os fatos e ocorrências do cotidiano.

Nossas reações perante a vida não acontecem em função tão somente dos episódios exteriores, mas, sobretudo, de como percebemos e julgamos, interiormente, esses mesmos acontecimentos. A forma de refletirmos e nos comportarmos em face das nossas reações perante os outros, avaliando-os como bons ou maus, é talhada por um mecanismo de autocensura que se encontra alojado em nossos níveis de consciência mais profundos. Este juiz íntimo foi cultivado sobre bases de valores e de princípios que empilhamos através dos tempos recuados sob reencarnações inumeráveis.

Todos nos equivocamos tendo o dever de perdoar-nos, porém não permaneçamos no erro. É imprescindível, buscarmos não reincidir no mesmo endividamento moral, libertando-nos das algemas constringentes do remorso, até mesmo porque “o remorso é um lampejo de Deus sobre o complexo de culpa que se expressa por enfermidade da consciência”. [3] Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade, de acordo com os nossos valores, crenças, princípios e normas vigentes. Apreendemos assim que para alcançar o autoperdão é imperioso que reexaminemos nossas convicções profundas sobre a natureza do nosso próprio EU.

Todos cometemos desacertos de maior ou menor agravamento, alguns dos quais, como vimos, são arquivados nos porões do inconsciente. Cedo ou tarde ressurgem devastadores, causando mal-estar, ansiedade, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de conduta.

A terapia moral pelo autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por nós mesmos. Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o otimismo, a alegria de viver, amando a Deus e ao próximo, perdoando-nos e amando-nos, verdadeiramente.

Jorge Hessen

Referências Bibliográficas:
[1] Mt. 22:34;
[2] FRANCO, Divaldo Pereira. Amor, imbatível amor, ditado pelo espírito de Joanna de Ângelis, Bahia: ed. Leal, 2005, cap. 13;
[3] XAVIER, Francisco Cândido. Pronto Socorro, ditado pelo espirito Emmanuel SP: Ed CEU 1980.

Jorge Hessen
Jorge Hessen

Servidor Publico Federal, residente em Brasília, palestrante,
escritor, articulista em diversos jornais e sites, com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, entre outros e além de Conselheiro da Revista Eletrônica O Consolador.

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