
Sobre o Aborto
É quase consenso que a vida começa na concepção, o que para nós, os Espíritas, é confirmado em O Livro dos Espíritos:
“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até o instante em que a criança vê a luz.” (Questão 344)
Assim, após a concepção há um Ser inteligente dando sequência ao seu périplo evolutivo, e na fase em que se encontra está sem condições de se defender, ou seja, está fragilizado.
Diz o livro O Evangelho segundo o Espiritismo que o Homem de Bem defenderá o fraco diante do forte (Cap. XVII), e ninguém tem o direito de atentar contra a vida alheia, conforme se pode ver, há milênios, no Decálogo de Moisés, na primeira Revelação propiciada pela Espiritualidade Superior no enfático “Não matarás (Êxodo 20:13)”.
Em O Livro dos Espíritos também encontramos:
“Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, pois isso impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.” (Questão 358)
Os Espíritos Superiores apontam, no entanto, a única condição em que o aborto é aceitável:
“Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
“Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.” (Questão 359)
Torna-se imprescindível analisar o fato sob a ótica do Espírito Imortal, que está circunscrito à Lei Natural, que é a Lei de Deus, portanto, Lei de Amor, e o Amor, entre outras coisas, educa e, muitas vezes, pela dor, dada a nossa teimosia em nos adequar a ele.
Segundo Jesus o “Espírito sopra a vida onde quer (Jo 3:8)”, ou seja, sabe onde vai nascer, e em que condições, e esta informação é corroborada pelo Livro dos Espíritos:
“Ele próprio (o Espírito) escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.” (Questão 258)
Isso serve tanto para o filho quanto para a mãe. Portanto, a mãezinha que sofre com uma concepção não programada, ou fruto de uma violência qualquer, não está passando pelo sofrimento sem que ela não tenha nada a ver com a situação. Trata-se de uma necessidade espiritual de ambos, que é regulada pelos mecanismos da Justiça Divina, que não erra, e que visa o progresso espiritual, seja ela, a necessidade, fruto de escolhas dos Espíritos envolvidos, ou consequência de seus erros do passado, quase sempre cometidos em outra vida.
Não se pode, é evidente, desejar que estas situações ocorram, para facilitar a correção de quem quer que seja. Seria maldade pura.
É evidente também que a mãezinha deve ser socorrida, amparada, mas, sobretudo, orientada sobre a “inocência” do ser que ela gera e, se por maiores sejam seus esforços ela não conseguir conviver com tal Bebê, que o ofereça a adoção após o nascimento.
Melhor ainda seria se se conseguisse esclarecê-la sob a ótica do Espírito imortal, que nos leva a conhecer toda a verdade, que liberta e que nos induz a uma vida sem “pecado”, para que algo de pior não aconteça, como nos advertiu Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
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O Cuidado e atenção para com o próximo!
