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Coerência

maio 13, 2019

Valores como a honestidade, a decência, a compostura e, naturalmente que, a plena identificação deles com as crenças que dizemos defender, revelam a coerência no comportamento social. Como conciliar atitudes indecorosas, violentas ou de atentado aos bons costumes em homens e mulheres que se dizem cristãos?

Sim, imagine o leitor um cidadão – seja qual for a religião a que se filie – que age em discordância com os ensinos que diz seguir. Existe aí uma grande incoerência entre o que “prega” e o que vive. Por sua vez, as religiões não podem responder pelo comportamento de seus seguidores. Todo comportamento contrário aos ensinos da religião e da moral devem ser creditados à insânia humana que insiste em burlar a própria consciência.

Vários exemplos podem ser citados: a) Bêbados que fazem arruaças e responsabilizam o governo ou justificam-se reclamando da sorte; b) Violências de toda ordem, espancamentos em casa, traições conjugais ou gritos incontroláveis, levados a conta de gênio ruim; c) Desordens sociais, roubos e vandalismos considerados como meros divertimentos; d) Corrupção espalhada, permanecendo-se a noção do correto e do respeito às pessoas e às instituições.

Na verdade, nada é falta de sorte, culpa do governo ou de quem quer que seja. Age-se dessa ou daquela forma porque se permite a si mesmo adotar este ou aquele comportamento. Nada justifica gestos de violência, de desrespeito ou de imoralidade, senão a própria decisão individual marcada por desequilíbrio.

É comum, por exemplo, alguém justificar um comportamento agressivo e incontrolável por conta de suposta influência de espíritos, responsabilizando-os por atos desrespeitosos e antissociais. Ora, assim é fácil justificar! Pode acontecer, momentaneamente, mas o domínio do próprio comportamento pertence a cada um. Os espíritos são os homens – antes de virem ao mundo ou depois de partirem dele – e conservam, portanto, suas qualidades ou defeitos morais. Podem ser sábios ou ignorantes, bons ou mal-intencionados, mas todos são senhores da própria vontade. Quem se deixa levar a atitudes agressivas, a atos desrespeitosos, imorais, prova por si só que é ele mesmo agressivo, imoral e desrespeitoso. Justificar o próprio comportamento à conta da presença de espíritos é atitude de fuga que não condiz à própria realidade individual.

Não se pode creditar responsabilidade à Doutrina Espírita, por exemplo, diante de atitudes de supostos médiuns ou pseudo-espíritas desconhecedores da proposta essencial do Espiritismo: a renovação moral do ser humano. O espírita sincero é aquele que se preocupa em melhorar a si mesmo. É alguém em luta consigo mesmo para aperfeiçoar-se, melhorar o comportamento e agir coerentemente com o Evangelho de Jesus, base da Doutrina Espírita. O espírita, como qualquer outro cidadão, é homem comum, que reconhece os próprios limites e sabe que tem o dever de progredir moralmente e trabalhar para um ambiente melhor no planeta.

Neste 18 de abril, data do lançamento de O Livro dos Espíritos, em 1857, nossa homenagem de gratidão a essa luz que ilumina a Humanidade. Por respeito e gratidão aos conteúdos que apresenta, sejamos coerentes com sua proposta de renovação humana.

Orson Peter Carrara

Orson Peter Carrara
Orson Peter Carrara

Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve na maioria dos estados do país, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita. Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas, sites e jornais do país, além de boletins regionais, no país e no exterior. Autor de treze livros, seus textos caracterizam-se pela objetividade e linguagem acessível a qualquer leitor, estando disponibilizados em vários sites de divulgação espírita.

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