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Do princípio da não retrogradação do Espírito

maio 23, 2020

Deus não força a evolução, pois ela se rea­liza por leis adequadas

 “A marcha dos Espíritos é progressiva, jamais retrograda.”
– Allan Kardec (1)

Desenvolvendo esta questão, o Mestre Lionês escreveu (2): “(…) o Espiritismo quer ser claro para todos e não deixar aos seus futuros seguidores nenhum motivo para discussão de palavras. Por isso todos os pontos suscetíveis de interpretação são elucidados sucessivamente…

Os Espíritos não retrogradam, no sentido de que nada perdem do progresso realizado. Podem ficar momentaneamente estacionários, mas de bons não podem tornar-se maus, nem de sábios, ignorantes. Tal é o princípio geral, que só se aplica ao estado moral e não à situação material, que de boa pode tornar-se má, se o Espírito a tiver merecido.

Façamos uma comparação: suponhamos um homem do mundo, instruído, mas culpado de um crime que o conduz à prisão. Certamente há para ele uma grande descida como posição social e como bem-estar material. À estima e à consideração sucederam o desprezo e a abjeção. Entretanto ele nada perdeu quanto ao desenvolvimento da inteligência; levará para a prisão as suas faculdades, os seus talentos, os seus conhecimentos. É um homem decaído e é assim que devem ser compreendidos os Espíritos decaídos. Deus pode, pois, ao cabo de certo tempo de prova, retirar de um mundo onde não terão progredido moralmente aqueles que O tiverem desconhecido, que se tiverem rebelado contra as Suas Leis, mandando que expiem os seus erros e o seu endurecimento num mundo inferior, entre seres ainda menos adiantados.  Aí serão o que eram antes, moral e intelectualmente, mas numa condição infinitamente mais penosa, pela própria natureza do globo e, sobretudo, pelo meio no qual se acharem. Numa palavra: estarão na posição de um homem civilizado forçado a viver entre os selvagens ou de um homem educado, condenado à sociedade dos forçados.  Perderam a posição e as vantagens, mas não regrediram ao estado primitivo. De adultos não se tornaram crianças.  Eis o que se deve entender pela não retrogradação. Não tendo aproveitado o tempo, é para eles um trabalho de recomeçar. Em Sua bondade, Deus não os quer deixar por mais tempo entre os bons, cuja paz perturbam. Por isso, os envia entre homens que terão por missão fazer estes últimos progredirem, ensinando-lhes o que sabem. Por esse trabalho poderão eles evoluir e se resgatarem, expiando as faltas passadas, como o escravo que pouco a pouco economiza para um dia comprar a liberdade. Mas, infelizmente, muitos só economizam dinheiro, em vez de amontoar virtudes, as únicas que podem pagar o resgate.  Essa tem sido, até agora, a situação de nossa Terra, Mundo de Expiação e Prova, onde a raça adâmica, raça inteligente, foi exilada entre as raças primitivas inferiores, que a habitavam antes (3). Tal a razão pela qual há tantas amarguras aqui.

Há certamente retrogradação do Espírito no sentido de que recua no seu caminho, mas não do ponto de vista de suas aquisições, em razão das quais e do desenvolvimento de sua inteligência, sua derrota social lhe é mais penosa”.

Deus não força a evolução, pois ela se rea­liza por leis adequadas dentro de condições pró­prias. Sabemos que a Natureza se rege por leis em todos os sentidos. Observamos, em nosso próprio organismo, que a desobediência a uma lei da natu­reza provoca reações inevitáveis. E isso vale tanto para a parte física como para a espiritual. Daí Jesus, ensinou que para uma caminhada evolutiva mais serena, sem recuos nem tropeços, deveríamos procurar ser “perfeitos como perfeito é o Pai Celestial”.

Rogério Coelho

 

Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 194;
(2) KARDEC, Allan. Revue Spirite. Junho/1863. Araras: IDE, 2000; e
(3) XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2008.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://irmateresa.org.br/tag/lei-de-progresso/>. Acesso em: 23MAI2020.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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