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A verdadeira prática religiosa

dezembro 9, 2020

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos dá os meios
de conformar nosso procedimento com a moral do Cristo

“Tornando-nos recomendáveis em tudo: na paciência,
nas aflições, nas necessidades, nas angústias…”
– Paulo. (II Cor., 6:4.)

A recomendação do Apóstolo dos Gentios aos coríntios reveste-se de plena atualidade, em que pese a sua ancestralidade… Ressalta, do versículo em epígrafe, a necessidade de estabilizarmo-nos dentro do “modus-vivendi” que traduza a prática dos ensinos de Jesus.

São raras as criaturas que, na verdade, conseguem dar-se conta do verdadeiro sentido da vida. Muitas ainda estão passando pelo sono dos hábitos ancestrais, e possuem acanhada concepção no capítulo das relações com Deus…

Acham alguns que basta frequentar assiduamente as reuniões hebdomadárias de seu culto religioso para quitar-se com a Divindade; outras lembram-se de se voltarem para Deus somente na condição de eternos pedinchões quando a dor, a angústia e as aflições maceram-lhes o Espírito.

Isso é quase um invariável característico da humanidade…

Dos dez leprosos curados por Jesus, apenas um voltou para agradecer. Os demais enfermaram novamente escravizados pelas paixões dissolventes… De uma maneira geral, nós nos assemelhamos àqueles outros nove leprosos que não souberam agradecer a dádiva recebida, vez que sempre estamos recebendo, sem perceber e muito menos agradecer os benefícios divinos e continuamos escravizados aos atavismos e paixões dissolventes…

Não basta, portanto, filiarmo-nos a uma instituição religiosa qualquer se, na vida prática, nossos atos colidirem com a Doutrina do comportamento pregada e exemplificada por Jesus. Seus ensinamentos direcionam-nos de forma clara e insofismável para o autoaprimoramento e a renovação, em toda e qualquer circunstância da vida.

Atentemos para esta pergunta de Emmanuel (1): “que dizer de um homem, aparentemente contrito nos atos públicos da confissão religiosa a que pertence e mergulhado em palavrões no santuário doméstico?”.

Vamos ver como Emmanuel vai desenovelando este tema: “(…) não são poucos os que se declaram crentes ao lado da multidão, revelando-se indolentes no trabalho, desesperados na dor, incontinentes na alegria, infiéis nas facilidades e blasfemos nas angústias do coração.

Por que motivo pugnaria Jesus pela formação dos seguidores tão-só para ser incensado por eles, durante algumas horas da semana, em genuflexão? Atribuir ao Mestre semelhante propósito seria rebaixar-lhe os sublimes princípios.

É indispensável que os aprendizes se tornem recomendáveis em tudo, revelando a excelência das ideias que os alimentam, tanto em casa, quanto nas igrejas, tanto nos serviços comuns quanto nas vias públicas.

Certo, ninguém precisará viver exclusivamente de mãos postas ou de olhar fixo no firmamento; todavia, não nos esqueçamos de que a gentileza, a boa-vontade, a cooperação e a polidez são aspectos divinos da oração viva no apostolado do Cristo”.

Justamente por perceber a defasagem enorme existente entre a teoria e a prática no âmbito das religiões é que Allan Kardec, juntamente com os Benfeitores Espirituais elaboraram o livro intitulado: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Kardec afirma textualmente em sua introdução: “esta obra é para uso de todos. Dela podem haurir os meios de conformar com a moral do Cristo o respectivo proceder. Aos Espíritas oferece aplicações que lhes concernem de modo especial. Graças às relações estabelecidas, doravante e permanentemente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os próprios Espíritos ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque cada um a compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática, a conselho de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do Céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho”, e naturalmente “tornando-nos recomendáveis em tudo: na paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias…”

Rogério Coelho

Referências:
(1) XAVIER, F. Cândido. Pão nosso. 17.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1996, cap. 132.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://tvmundomaior.com.br/doutrina-espirita-o-que-e-caridade-para-voce-2/>. Acesso em: 08DEZ2020.

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Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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