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A última aristocracia

fevereiro 15, 2021

O Espiritismo é um dos mais fortes precursores da Aristocracia do Futuro “Todas as aristocracias tiveram sua razão de ser; nasceram do estado da humanidade; assim há de acontecer com o que se tornará uma necessidade; todas preencheram ou preencherão seu tempo.”
– Allan Kardec (1)

De origem grega, a palavra “Aristocracia” tem o radical “Aristos” que significa: o melhor; e o sufixo “Kratos” que significa: poder. Embora tenha sido deturpado, etimologicamente, podemos compreender que em sua acepção literal “Aristocracia” significa: poder dos melhores.

Mas, como surgiram as aristocracias? Responde o ínclito Mestre Lionês (1): “em nenhum tempo, nem no seio de nenhum povo, os homens, em sociedade, hão podido prescindir de chefes; inclusive deparamos com estes até nas tribos mais selvagens. Decorre isto de que, em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há, por toda parte, homens incapazes, que precisam ser dirigidos, homens fracos que reclamam proteção, paixões que exigem repressão… Daí a necessidade imperiosa de uma autoridade. É sabido que, nas sociedades primitivas, essa autoridade foi
conferida aos chefes de família, aos antigos, aos anciãos; numa palavra: aos patriarcas. Essa a primeira de todas as aristocracias…

Com o tempo, as classes dominantes começaram a abusar de sua autoridade, causando revolta nas classes dominadas, sempre mais numerosas. A classe submetida viu com clareza as coisas: viu a fraca resistência que lhe opunham e, sentindo-se forte pelo número, aboliu os privilégios e proclamou a igualdade perante a lei. Este princípio, no seio de alguns povos, marcou o fim do reinado da aristocracia de nascimento, que passou a ser apenas nominal e honorífica, porquanto já não confere direitos legais.

Elevou-se então, uma nova potência, outro “Kratos”: a plutocracia, isto é, o poder do dinheiro. Com ele se dispõe dos homens e das coisas. Era um sol nascente diante do qual todos se inclinavam, como outrora se curvavam diante de um brasão. O que não se concedia aos títulos concedia-se à riqueza e a riqueza teve – igualmente – os seus privilégios. Logo, porém, se aperceberam de que, para conseguir a  riqueza, certa dose de inteligência era necessária, não sendo necessária para herdá-la, e de que os descendentes são quase sempre hábeis em consumi-la, do que em ganhá-la; de que os próprios meios de enriquecimento nem sempre são irreprocháveis, donde resultou ir o dinheiro perdendo pouco a pouco o seu prestígio moral e tender essa potência a ser substituída por outra, por uma aristocracia mais justa: a da inteligência, diante da qual todos podem curvar-se, sem se envilecerem, porque ela pertence tanto ao pobre quanto ao rico… Mas, será essa a última? Será a mais alta expressão da humanidade civilizada?

Não!…

A inteligência nem sempre constitui penhor de moralidade e o homem mais inteligente pode fazer péssimo uso de suas faculdades. D`outro lado, a moralidade, isolada, pode, muita vez, ser incapaz.

A reunião dessas duas faculdades, inteligência e moralidade, é, pois, necessária para criar uma preponderância legítima, a que a massa submeterá cegamente, porque lhe inspirará plena confiança, pelas suas luzes e pela sua justiça.

Será essa a última aristocracia, a que se apresentará como consequência, ou antes, como sinal do advento do reinado do bem na Terra. Ela se erguerá muito naturalmente pela força mesma das coisas.

Quando os homens de tal categoria forem bastante numerosos para formarem uma maioria imponente, a massa lhes confiará seus interesses.

A influência do Espiritismo

Erradicando os vícios de caráter tais como: o orgulho, o egoísmo, a cupidez com seus cortejos, o Espiritismo abrirá espaço para o surgimento da última e definitiva aristocracia: A aristocracia intelecto-moral. Essa, finalmente, marcará o advento do reinado do Bem na Terra.

Certamente, chegar a tal estado de coisas não pode ser obra de um dia, mas, se há uma causa capaz de apressar-lhe o advento, essa causa é, sem nenhuma dúvida, o Espiritismo. Fator por excelência da fraternidade humana, por mostrar que as provas da vida atual são a consequência lógica e racional dos atos praticados nas existências anteriores, por fazer de cada homem o artífice voluntário da sua própria felicidade, a propagação universal do Espiritismo dará em resultado, necessariamente, uma elevação sensível do nível moral da atualidade.

(…) Com bom direito, pois, podemos considerar o Espiritismo como um dos mais fortes precursores da Aristocracia do Futuro.”

Rogério Coelho

Referência:
(1) KARDEC, Allan. Obras póstumas. 25.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1990, p. 239-245.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://www.bahianapolitica.com.br/noticias/77713/espiritismo-marca-150-anos-da-morte-de-allan-kardec.html>. Acesso em: 15FEV2021.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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