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A Lei de Trabalho

maio 29, 2021

O Livro dos Espíritos, que contém os princípios da doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os encarnados, trata das leis morais no seu Livro Terceiro, dentre elas a Lei do Trabalho.

Abordando o trabalho como uma necessidade da criatura, a plêiade do Espírito de Verdade nos informa na resposta à questão 678 de O Livro dos Espíritos que, caso ficássemos inúteis, a ociosidade seria um suplício em lugar de ser um benefício, enfatizando que o trabalho é uma lei natural, por isso mesmo é uma necessidade (resposta à questão 674) e que tudo trabalha na Natureza (resposta à pergunta 677).

Através do opúsculo Pensamento e Vida (capítulo 7, intitulado Trabalho), Emmanuel – nobre orientador espiritual de Francisco Cândido Xavier – chama-nos a atenção no sentido de que, se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.

Avançando nos ensinamentos apresentados nessa obra, Emmanuel traz as formas conceituais do trabalho, informando existirem: (i) o trabalho-obrigação, que nos remunera de pronto; (ii) o trabalho-ação, que transforma o ambiente; e (iii) o trabalho-serviço, que transforma o homem, enfatizando que à maneira que nos alonga a ascensão, entendemos com mais clareza a necessidade de trabalhar por amor de servir. E arremata lindamente esse capítulo, com grande profundidade:

Quando começamos a ajudar o próximo, sem aguilhões, matriculamo-nos no acrisolamento da própria alma, entrando em sintonia com a Vida Abundante.

Nos círculos mais elevados do espírito, o trabalho não é imposto. A criatura consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento às Leis de Deus e a ela se rende por livre vontade.

Por isso, nos domínios superiores, quem serve avança para os cimos da imortalidade radiosa, reproduzindo dentro de si mesmo as maravilhas do Céu que nos rodeia a espelhar-se por toda parte.

Como se vê, o trabalhar (e com amor) não é obrigatório, mas altamente recomendável, seja em qual das três modalidades for, até por uma questão de inteligência.

Mais uma vez se referindo à atividade, à ação a que todos devemos nos entregar, os benfeitores espirituais – na resposta à questão 643 de O Livro dos Espíritos – instruem que não há ninguém que não possa fazer o bem; só o egoísta não encontra jamais a ocasião. Basta estar em relação com outros homens para encontrar ocasião de fazer o bem, e cada dia da vida dele dá a possibilidade a qualquer que não esteja cego pelo egoísmo; porque fazer o bem não é só ser caridoso, mas ser útil na medida de vosso poder, todas as vezes que vosso concurso pode ser necessário.

Neste momento, porém, é preciso ser feito um alerta: o trabalho, o desenvolvimento, a busca por respostas às inquietações, tudo isso são formas de evolução do espírito, quer seja encarnado, quer seja desencarnado. No entanto, essa evolução, por mais ajuda que se tenha, é feita de maneira individual.

Novamente é Emmanuel quem nos instrui, agora na resposta à pergunta 226 de O Consolador, dizendo que …cada Espírito deve buscar em si mesmo a luz necessária à visão acertada do caminho. Trabalhai sempre. Essa é a lei para vós outros e para nós que já nos afastamos do âmbito limitado do círculo carnal. Esforcemo-nos constantemente. A palavra do guia é agradável e amiga, mas o trabalho de iluminação pertence a cada um. Na solução dos nossos problemas, nunca esperemos pelos outros, porque, de pensamento voltado para a fonte de sabedoria e misericórdia, que é Deus, não nos faltará, em tempo algum, a divina inspiração de Sua Bondade infinita.

Em sendo desse modo, e como se observa, o trabalho, seja em qual sentido for (intelectual ou braçal), é uma bênção que nos tira da inércia, do comodismo e da inutilidade, sendo responsável pelo nosso progresso, consistindo em algo indispensável para a nossa evolução espiritual, para que o nosso mundo mental não se quede estanque. Afinal, nos dizeres de Richard Simonetti, postos no livro Espiritismo, Uma Nova Era, é fundamental que nos mantenhamos ativos, física e mentalmente, em favor da subsistência do corpo e do progresso da Alma.

Há que se fazer um último apontamento. O trabalho que nos é tão importante, que nos faz evoluir, que nos liberta o espírito, caso seja feito em favor do próximo, pelo bem do próximo, em prol do próximo, tanto melhor, já que, nas palavras de Emmanuel, reproduzidas anteriormente, a ação no bem é ajustamento às Leis de Deus.

Renato Confolonieri

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em < https://juancarlosespiritismo.blog/2020/08/09/ninguem-que-lanca-mao-do-arado-e-olha-para-tras-e-apto-para-o-reino-de-deus/>. Acesso em: 29MAI2021.

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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