
A Arte Espírita
Na Revista Espírita de dezembro/1860 temos um texto do espírito de Alfred de Musset sobre a evolução da arte. Foi lhe perguntado: “A pintura, a escultura, a arquitetura e a poesia inspiraram-se sucessivamente nas ideias pagãs e nas cristãs. Podeis dizer-nos se depois da arte pagã e da arte cristã haverá algum dia uma arte espírita?”.
Ao que ele respondeu.
“Fazeis uma pergunta respondida por si mesma. O verme é verme; torna-se bicho da seda, depois borboleta. Que há de mais aéreo, de mais gracioso do que uma borboleta? Então! A arte pagã é o verme; a arte cristã é o casulo; a arte espírita será a borboleta.”
Em seguida ele desenvolve o texto, maravilhosamente, relacionando o grau de maturidade do espírito e o desenvolvimento da arte como retrato daquele momento. Tudo muito natural, afinal não há que se esperar fonte muito sublimada para um espírito bruto, um “uga-uga” não fará mais do que pinturas rupestres em paredes de cavernas.
Mas uma característica do texto de Musset é que à medida que a arte evolui a nova não deve negar a antiga e eu gostei muito disso porque, analogamente, entendo que nós, em autoanálise, também devemos entender nossas atitudes passadas sem rompimentos com nós mesmos mas, amando e compreendendo e se perdoando, entendendo que, atitudes passadas, foram tomadas em momentos e maturidades diferentes. Bom, mas isto é tema para outro texto.
Voltando a arte e ao texto, Musset, mais a frente reafirma: “Sim, repetimos, o Espiritismo abre para a Arte um campo novo, imenso e ainda não explorado, e quando o artista espírita trabalhar com convicção, como trabalharam os artistas cristãos, colherá nessa fonte as mais sublimes inspirações.”
De dezembro de 1860 para cá, é possível, em especial no Brasil, ver muito dessa arte se desenvolvendo, partindo das próprias Casas Espíritas, com a música. Na primeira metade do século passado era muito normal algumas Casas terem os seus corais cantando e encantando, principalmente, em eventos especiais. Prática essa, aliás, muito profícua até hoje com artistas e produções de extrema qualidade técnica e com letras de maravilhoso teor.
O teatro, primeiramente amador, nas Casas também é uma forma maravilhosa de comunicação que eleva. Eu mesmo trabalhei por três maravilhosos anos no Grupo Teatral Ceme Encena, do Centro Espírita Mansão da Esperança, onde atualmente estudo e me desenvolvo nos trabalhos. Foi possível, com muito amor e dedicação de seus membros, apresentarmos trabalhos lindos na nossa casa e fora dela.
Crianças, em especial, adoram a linguagem teatral e é um excelente meio de lhes levar mensagens e conceitos, diretamente ao coração.
No teatro profissional temos a representação das grandes obras literárias da nossa Doutrina, em geral romances, mas há também incríveis obras originais, onde aproveito para destacar o trabalho sensacional dos “Amigos da Luz”, procurem o canal deles no youtube e deliciem-se.
No nosso mundão mundano é também muito fácil identificar conceitos espiritualistas ou das verdades universais bem interessantes em obras destinadas ao público comum. É como se a espiritualidade maior inspirasse roteiristas do mundo inteiro a, devagarzinho, fosse incutindo conceitos mais sutis no mental comum e coletivo.
Aproveitemos isso, busquemos essa fonte, sintonizemo-nos com o que pode contribuir com o nosso bem-estar. No meio espírita, propriamente dito, temos abnegados espalhando seus trabalhos em web rádios, redes sociais, lives, youtube.
A literatura boa, a poesia, a qual me dedicarei muito mais em outro texto, são fontes de água límpida e pão para a alma.
André Tarifa
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://blog.mundomaior.com.br/11/11/2013/pintura-mediunica/>. Acesso em: 19JUN2021.
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