A resposta interrogativa

Rogério Coelho
05/09/2021
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O autoconhecimento é a chave do progresso individual

“Respondeu-lhe Jesus: o que está
escrito na Lei? O que lês nela?”
– Jesus. (Lc., 10:26)

Psicólogo por excelência, Jesus sempre procurou estimular as criaturas encontrar em si mesmas o equacionamento de todas as questões, encaminhando-as para a busca das soluções, de molde a destruir a educação adquirida sem reflexo e escoimar do espírito humano os preconceitos dissimulados sob o disfarce da sofística, substituindo-os por um saber de dentro do ser humano.

A maiêutica – dialética socrática – foi muito empregada por Jesus.

Allan Kardec afirma: (1) “(…) a forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais”.

Proclamando estar o Reino dos Céus dentro de nós (2) Jesus ratifica e dá consistência ao postulado maior que o famoso filho de Ática aprendeu com seu par Sólon e trouxe do Templo de Delfos: “conhece-te a ti mesmo”. Assim, compulsando o Evangelho vamos deparar em muitas circunstâncias a resposta interrogativa do Mestre.

Entendendo o valor da pergunta para alavancar os conhecimentos ínsitos na intimidade de cada um, Santo Agostinho esclarece-nos sobre a necessidade de formulá-las de forma superlativa, de nós para conosco, alegando: “o conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual, e obteremos com as respostas o descanso para nossas consciências ou a indicação de um mal que precise ser curado”.

Dando sequência ao ensinamento àquele doutor orgulhoso que queria parecer um justo, após narrar a parábola do bom samaritano e, ao mesmo tempo, forçando-o a retirar de si mesmo a resposta, Jesus lhe responde perguntando: “qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões?”

O doutor respondeu: “aquele que usou de misericórdia para com ele”.

Agora a terra sáfara estava arroteada e o Mestre plantou, a seguir, a Semente de Luz: “então, vai e faze o mesmo!”

Esclarece Amélia Rodrigues (3): “o Senhor compadecia-Se da ignorância humana, que centralizava nas aspirações do imediato, no transitório, no insignificante, o foco de seus interesses.

Na condição de Mestre, Ele veio para despertar as mentes para as realidades mais transcendentes, portanto as que são legítimas, até então desconhecidas.

Paciente, amava com ternura a multidão e concedia-lhes o tempo necessário para o amadurecimento do raciocínio e captação de ideias do bem…

Todo o Seu ministério transcorreu, pois, como lição de paciente amor, ensejando, àqueles que O buscavam, a recuperação orgânica, sem dúvida, mas, também, o ensejo de identificar os objetivos relevantes, essenciais, que constituem o impositivo da vida na Terra, rumando para a Imortalidade”.

Rogério Coelho

Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 919-a.
(2) Lucas, 17:21
(3) FRANCO, Divaldo. Trigo de Deus. Salvador: LEAL, 1993, cap. 14.

Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://pixabay.com/pt/illustrations>. Acesso em: 04 SET 21.

 

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