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Paciência

setembro 25, 2021

Desde meus 12, 13 anos eu já trabalhava em um centro espírita. Meu trabalho era recepcionar e orientar os assistidos, indicando o local de espera, o salão da palestra, organizar filas, enfim, encaminhamentos desse tipo.

Nesse trabalho ao público sempre ficava uma boa e velha vitrola, tocando aqueles LP’s, com músicas clássicas ou mensagens, colaborando para uma melhor harmonização do ambiente. Um dos discos era de mensagens gravadas pelo próprio Chico Xavier. Lógico que com o passar do tempo eu ouvia várias vezes os mesmos discos, mensagens repetidas sucessivamente e, em uma delas, pesquei a seguinte afirmação: “a paciência é a ciência da paz”. Tantas vezes ouvida acabou que a frase nunca foi esquecida e é, até hoje, minha definição preferida para a paciência.

Por conta da frase de efeito que me conquistou, por muito tempo, inclusive, acreditei que a origem etimológica das palavras, paciência e paz, era a mesma, o que não se confirmou: paciência vem do latim ‘patientia’ que significa emocional equilibrado ao longo do tempo, sem perder a calma e, paz vem de “pax”, que significa ausência de guerra.
Assim definida por Emannuel: “A verdadeira paciência é sempre uma exteriorização da alma, que já realizou muito amor em si mesma, para dar a outrem na exemplificação.”

Eu não sei sobre você que lê esse texto, mas, eu desconfio que não realizei tanto amor assim dentro de mim, porque são vários os momentos em que demonstro a minha impaciência. Mas, talvez por sintonia, vejo essas demonstrações de falta de paciência aos montes por aí, acho até muito normal devido ao nosso estágio de evolução espiritual. É, certamente, um destes casos em que temos muito o que exercitar até que, em algum momento, consigamos algum êxito.

André Luiz diz: “Evite a impaciência. Você já viveu séculos incontáveis e está diante de milênios sem fim”. Se você tem muito claro, definido e incorporado em você esse conceito, ou seja, olha a presente existência como um pedacinho do todo, fica mais fácil olhar a questão do agora com o real tamanho dele, tornando-o menor e, talvez, enfrentá-lo com mais paciência.

É dessa frase de André Luiz que proponho a reflexão. Somos espíritos imortais, com milênios já vividos e outros tantos à frente, nascidos simples e ignorantes e em constante evolução. Diante de tantos conhecimentos já adquiridos, quais sejam, o código moral proposto por Jesus mais as Leis Naturais e Universais descortinadas pelo Espiritismo, é hora do exercício, pois, de nada nos serve o conhecimento sem ação.

Sem o exercício deste conhecimento apenas repetiremos comportamentos de antes e será que eu quero levar isso do passado ao futuro? Milênios do passado repetidos em milênios no futuro? Até quando será possível repetir esses padrões pretéritos e suportar as suas consequências, nos outros e em nós mesmos?

Eu, você e qualquer outra pessoa que conheça já entrou em enormes problemas por ter agido impacientemente diante de algo ou alguém. Chover no molhado aqui falar da importância dessa virtude em todas as nossas relações sociais, seja no trabalho, na escola, dentro da casa espírita e, sobretudo, em família, primeiro e mais importante núcleo social de nossa existência.

E mais, eu acredito que ao sermos mais pacientes somos, mesmo, promotores da paz na medida em que evitamos os conflitos causados pela impaciência. E aí, eu volto lá na frase do Chico: “ A paciência é a ciência da paz”, quando eu sou paciente em meio a um turbilhão de coisas e pessoas eu quebro esse ciclo de acontecimentos e promovo a paz ali. Jesus disse que os pacificadores seriam chamados filhos de Deus, olha a importância disso, pode parecer pouco mas naquele instante em que você esperou um pouco mais, vencendo a impaciência, virou um agente da paz, de Deus, aqui na Terra. Talvez por isso tudo é que Santo Agostinho declarou que a paciência é companheira da sabedoria.
Por fim, diante do momento atual, de um mundo diferente, paralisado e assustado, lembro e fico com o poeta Lenine “A gente espera do mundo e o mundo espera de nós Um pouco mais de paciência.”

André Tarifa

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em https://pixabay.com/pt/photos/planta-isolado-humano-morango-solo-164500/<>. Acesso em: 24SET2021.

 

André Luis R. Tarifa
André Luis R. Tarifa

Trabalhador espírita desde os 12 anos de idade, eterno aprendiz, tenho um canal no Youtube onde compartilho meu aprendizado e as belezas da poesia. Atualmente desenvolvo os meus trabalhos no Centro Espírita Mansão da Esperança em São Paulo, SP.

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