O fim ou o futuro do mundo?

Vania Mugnato de Vasconcelos
08/10/2021
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A bíblia tem um livro chamado de “Apocalipse” (“Livro da revelação” ou “Apocalipse de João”), escrito pelo Apóstolo João na ilha de Patmos, no mar Egeu. Talvez por ser o último livro bíblico e ter um significado obscuro, tratando de acontecimentos que viriam a acontecer, essa obra ficou conhecida como sendo de premonições sobre o fim do mundo, o que alguns pensam que se dará de forma literal.

Na Codificação Espírita, grupo de cinco obras básicas conhecidas como fundamento doutrinário do Espiritismo, o último livro é intitulado “A Gênese” e seus dois capítulos finais tem como nomes “Predições do Evangelho” (Capítulo XVII) e “Os Tempos São Chegados” (Capítulo XVIII). Nesses capítulos temos a interpretação espírita do que alguns poderiam chamar de fim do mundo, e, ainda, do que se prevê como o processo de construção do futuro da humanidade. A Terra não será dizimada nem o ser humano será destruído, pois a obra divina é evolutiva e perene.

O destino é mutável, mas a evolução imperativa. Podemos até evitá-la por um tempo, mas um dia será inadiável e este é o momento atual da humanidade. Nunca estivemos tão próximos do “apocalipse”, não como força destrutiva que dará fim às vidas terrenas, mas sim como incentivo inadiável para colocar fim às mazelas morais que já não são mais afins com o patamar evolutivo que o planeta atingiu.

É preciso pensar no nosso papel na existência individual e coletiva. Somos seres em processo de amadurecimento, e por liberalidade divina temos mostrado o que somos e a que viemos, temos crescido na lavoura do Cristo para mostrar se damos frutos de trigo ou de joio.

Todas as nossas ações impactam nesse processo, mas não só elas. O pensamento, a vontade, a intenção, a palavra dita, a inatividade, tudo isso constrói o futuro, o nosso futuro coletivo e individual. Por isso, nenhum de nós deixa de ser responsável pelo que vivemos, não existe “voto branco ou nulo” na eleição do destino.

É importante que assumamos a responsabilidade de pensar, agir e colher os resultados daquilo a que nos vinculamos através da nossa vontade. Não somos vítimas e a posição em que estamos não é acidental. Cada dia que passa é um dia a mais de oportunidades recebidas, e um dia a menos de tempo para aproveitá-las.

O medo é o maior inimigo do ser humano – medo da morte, da verdade, da transitória prova, do amanhã. Mas o medo só dificultará a existência, enquanto na realidade deveríamos nos focar naquilo que desejamos viver. Claro que é compreensível olhar para as nossas mãos e pensar quão frágeis são para mudar o mundo inteiro, mas a praia não é feita de um grão de areia apenas, nem o mar de uma gota de água só. Assim como na natureza, nosso papel individual é fundamental e intransferível, e a direção do todo é a direção que também escolhemos experimentar.

A fé, aquele amor cheio de confiança de que Deus sabe o que é melhor para nós, deve ser a capa protetora que nos defende do mal. Não podemos minimizar esse mal, claro, mas não há fé na conclusão de que ele pode mais que o Criador. A conduta de vigiar atentamente os próprios sentimentos e tendências e o ato frequente de orar para nos sintonizarmos com forças superiores será a força extra que nos ajudará na própria salvação.

Devemos ser como os cristãos nos circos romanos, que iam cantando para o sacrifício extremo, sabendo que suas ações e o exemplo de amor e dignidade com que caminhavam para as provas significava, ao mesmo tempo, suas mãos tocando o céu e atraindo outras mãos.

Que as dificuldades não sejam compreendidas como dores aleatórias causadas por inconsequentes ou maus, mas como testes derradeiros para decidir qual porta do futuro estamos tentando abrir. Quem quer paz deverá lutar pela Terra, mundo em vias de regeneração, sem esmorecimento ou covardia, afinal, nem mesmo a morte existe de verdade. Os demais, estes têm liberdade de permanecer nos graus inferiores, mas se o fizerem, terão que dar adeus ao planeta azul para, transferidos a outro mais adequado ao seu grau de moralidade, começarem a reconstrução do próprio coração.

Sigamos firmes, é uma questão de futuro, não de fim.

Vania Mugnato de Vasconcelos

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://super.abril.com.br/especiais/o-futuro-ja-aconteceu-e-o-livre-arbitrio-nao-existe/>. Acesso em: 08OUT21.

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