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A parte que nos toca

janeiro 14, 2022

Nossa vinda para esse planeta é o resultado da imensa misericórdia divina. Tantos mundos para pisar; mas era aqui mesmo nosso destino nesse início. Início difícil é verdade. Não conhecíamos o planeta e ele não nos conhecia. Entretanto, nossa destinação era certa: progredir em conhecimento e moralidade, em direção ao Pai, para sermos plenamente felizes.

É fácil e cômodo imaginar que aqui chegamos prontos e estamos hoje. Todavia, mesmo tomando a nós próprios como parâmetro, podemos perceber a imensa distância que existe ente mim e o outro, entre nós e os outros. Ainda que semelhantes – nunca iguais – fisicamente na constituição orgânica, guardamos na nossa história evolutiva, no caminho que percorremos para até aqui chegar, uma tão grande diferença que assustaria a mais brilhante inteligência que pretendesse nos nivelar.

O quando, o como e o porquê de estarmos sobre esse chão não poderemos saber por ora, pois pertencem aos desígnios do Pai Celeste; mais precisamente ao resultado da aplicação de Suas sábias, justas e amorosas leis.

Cada ser humano é em essência um mundo particular. E esse mundo, na maioria das vezes, ignoramos, seja por incapacidade de entendê-lo, seja por medo do que encontrar se mergulharmos nele. Nos dois casos, queiramos ou não, esse encontro acontecerá mais cedo ou mais tarde. É da nossa destinação. É a chave que nos abrirá a porta da liberdade, do autoconhecimento, como na Parábola do Filho Pródigo, tão necessários ao crescimento 18 evolutivo e à conquista da plena felicidade.

No Templo de Delfos, na Grécia, o célebre filósofo Sócrates encontrou grafada a seguinte frase cunhada por seu sapientíssimo confrade Sólon: “conhece-te a ti mesmo”. Este conceito é tema recorrente das ciências humanas modernas na busca do bem viver. Que longo caminho foi percorrido!… E ainda hoje não compreendemos ou não desejamos compreender o que verdadeiramente isso significa.

Somos análogos na estrutura orgânica, é verdade, mas muito longe da igualdade moral. Uns caminham mais rápidos, porque se fizeram mais fortes, determinados e corajosos, apesar das dificuldades que enfrentaram. Outros, a maioria, permanecem dormindo, aguardando o dia em que serão despertados e se verão felizes sem esforços e sem méritos. Ledo engano!…

O planeta que a todos acolhe também se modifica fisicamente. A humanidade que o habita mal se dá conta disso e continua depauperando-o. Junto com ele, essa população se renova todos os dias, trazendo novas gerações que, essencialmente, estarão mais despertas, mais conscientes da sua destinação, mais preparadas física, intelectual e moralmente para enfrentar as novas dificuldades. Assim como para nós as dificuldades eram grandes e os recursos poucos, as novas gerações enfrentarão outros desafios que nós, hoje, não conseguimos sequer perceber que existem. Mas terá outro mundo, outras fontes de saber, outra ética. Mais próximos do “ama teu próximo como a ti mesmo”, perceberão que toda a Natureza – e o homem está incluído nela – é teu próximo.

Nosso dever, neste momento, é dar o máximo que  pudermos, dentro das nossas limitações, as mínimas condições para que essa nova gente, que continua chegando, encontre, pelo menos, um planeta com menos lixo de toda ordem, de todos os quilates.

Não dá para fazer tudo de uma vez. Mas, jogar seu lixo na lixeira, ceder seu lugar no transporte público a quem necessite ou tenha direito preservado em lei, dirigir com respeito às normas de trânsito, guardar a ideia de que não é mais possível misturar o que é público com o privado, procurando lembrar que dependemos uns dos outros no dia a dia, e que é nessa troca que vamos nos fortalecendo para enfrentar com mais coragem os embates da vida, isso, sim, dá para fazer e pouco custa.

O outro, ainda que diferente, é nosso igual, pois irmanados em humanidade e filhos do mesmo Pai Criador. Estamos todos juntos nessa jornada de crescimento, aprendendo e ensinando, ajudando e sendo ajudados, pedindo e agradecendo a Deus, diariamente, a bendita oportunidade da vida.

Leda Maria Flaborea

Nota da autora:
Pub. – Revista Eletrônica O Consolador, edição nº 375.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www.eusemfronteiras.com.br/um-dia-e-pouco-para-a-caridade/>. Acesso em: 15JAN2022.

Leda Maria Flaborea
Leda Maria Flaborea
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