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Inteligência Suprema

fevereiro 11, 2022

A descrença provém das filosofias e religiões que têm fornecido um conceito distorcido de Deus

“Pai nosso que estás nos Céus,
santificado seja o Teu nome.”
– Jesus.  (Mt., 6:9.)

Quando Allan Kardec começou a estruturar a monumental e singular Codificação Espírita, a primeira pergunta das mil e dezenove que se seguiriam foi: “Que é Deus?”

Tanto a ênfase quanto a prioridade que o Codificador do Espiritismo deu a esta questão, já prognosticava que aquele seria um livro diferente de quantos já, até então, haviam surgido!…

O que ressalta à primeira vista é o profundo respeito do Mestre Lionês ao fazer tal abordagem.  Ele não perguntou “quem” é Deus, e sim, “que” é Deus.

Entendeu o singular Discípulo de Pestalozzi que, se a pergunta iniciasse com o pronome “quem”, Deus estaria sendo reduzido a um vulgar antropomorfismo, isto é, Deus seria tão somente uma pessoa, o que, na sutileza do raciocínio do Filho de Lyon seria um superlativo absurdo, uma blasfêmia mesmo…

Depois vem a resposta, um verdadeiro primor de síntese e concisão, elucidando (dentro do possível) a magna questão: “Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas”.

Não sabemos, até hoje, o que admiramos mais: se as perguntas ou as respostas contidas no livro que é a “espinha dorsal” do Espiritismo: “O Livro dos Espíritos”.  Podemos afirmar que se trata de um confronto de Gênio contra Gênios.

O Espiritismo preceitua (1): Deus é a Inteligência Suprema e Soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, onisciente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diferente disso. Tal o eixo sobre o qual repousa o edifício universal; esse o farol cujos raios se estendem por sobre o Universo inteiro, única luz capaz de guiar o homem na pesquisa da verdade. Orientando-se por esse facho luminoso, a humanidade nunca se transviará. Se, portanto, o homem há errado tantas vezes é unicamente por não ter seguido o roteiro que lhe estava indicado. Tal também o critério infalível pelo qual devem se nortear todas as doutrinas filosóficas ou religiosas que desejam manter-se pelos séculos sem o menor perigo de virem a soçobrar.

O homem dispõe de uma medida rigorosamente exata nos atributos de Deus e pode afirmar a si mesmo que toda teoria, todo princípio, todo dogma, toda crença e toda prática que estiver em contradição com um só que seja desses atributos, que não tenda tanto a anulá-los, mas simplesmente a diminuí-los, não pode estar com a verdade.

Tanto em religião quanto em moral, filosofia e psicologia, só há de verdadeiro o que não se aparte nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. A religião perfeita será aquela de cujos artigos de fé nenhum estejam em oposição àquelas qualidades; aquela cujos dogmas todos suportem a prova dessa verificação sem nada sofrerem”.

A descrença lançada hoje no seio da humanidade deve-se, pois, ao fato de terem as filosofias e religiões de até então, fornecido um conceito distorcido de Deus.

Moisés chegou ao cúmulo do absurdo de afirmar (2) que Deus havia Se arrependido de ter criado o homem e, penetrado na mais íntima dor disse: “exterminarei a Criação da face da Terra, desde o homem aos animais, desde os que rastejam sobre a terra até os pássaros do Céu, porque me arrependo de tê-los criado”.

Essa ideia absurda é corroborada mais tarde pelas religiões que afirmaram que Espíritos sublimes de glória e felicidade decaíram de seu “status”, sendo que seu chefe foi o mais belo dos arcanjos.  Assim nasceu o Diabo que, até hoje, tem sido um precioso auxiliar das religiões que se sustentam através do regime de terror e ignorância de seus profitentes!…

Onde ficou a Onisciência de Deus?!

Teria Ele, a Inteligência Suprema, criado seres que de antemão Ele sabia que seriam perpetuamente devotados ao mal?! A mentalidade humana, acalentando por tantos séculos tais quimeras não teve alternativa senão guindar-se para uma estarrecedora incredulidade qual a que verificamos hoje, estadeando-se soberana e ridente. Esqueceram-se os homens que Jesus chamou-O Pai, apresentando-O amoroso, justo e bom…

O Espiritismo, confirmando e ampliando os ensinamentos de Jesus, apresenta-nos o Criador de todas as coisas como a Inteligência Suprema, respeitando-Lhe os Divinos Atributos, ratificando, com Jesus, a augusta denominação “Pai” que está nos Céus e em toda parte e cujo nome outra coisa não devemos fazer senão santificar, honrar e venerar…

Rogério Coelho

Referências:
(1) KARDEC, Allan. A Gênese. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. II, item 19.
(2) Gênesis, 6:6 e 7.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em < https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/08/08/afinal-qual-e-o-tamanho-do-universo.htm>. Acesso em: 09FEV2022.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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