
O Criador e a criação
Tudo obedece a uma planificação superior, antecipada,
inevitável e determinista para a harmonia total
“Fiat Lux” – e a luz se fez. (1)
“No começo tudo era o caos; os elementos estavam em confusão… Pouco a pouco cada coisa tomou o seu lugar”. (2)
O pensamento humano – muito limitado – abisma-se ante a grandiosidade da Obra Divina!… Ainda falta à humanidade a maturidade necessária para compreender com mais abrangência a magnificência do Pai Celestial e a enormidade de Sua Criação.
Após o advento do Consolador prometido por Jesus, várias respostas elucidaram a magna questão da Criação, do ser, do destino, mas, a origem de tudo ainda permanece um mistério insondável, incompreensível…
Sem embargo, conforme aprendemos com Joanna de Ângelis (3), “(…) Deus prossegue criando sem cessar… O Seu psiquismo dá nascimento a verdadeiros fascículos de luz, que contêm em germe toda a grandeza da fatalidade do seu processo de evolução.
Manifestando-se em sono profundo nos minerais através dos milhões de milênios, germina, mediante processo de modificação estrutural, transferindo-se para o reino vegetal, às vezes, passando pelas formas intermediárias, dando surgimento à sensibilidade, a uma organização nervosa primária, de que se utilizará no remoto futuro. Obedecendo a campos vibratórios sutis e inabordáveis, lentamente se transfere para o reino animal, experimentando as variações do transformismo e do evolucionismo, igualmente vivenciando as experiências encarregadas das mutações e variações, desdobrando os instintos até alcançar os primatas, e deles prosseguindo no direcionamento humano…
Não cessa, porém, no bípede pensante, o grandioso desenvolver dos conteúdos divinos nesse psiquismo, antes alma e agora Espírito, que avança para a angelitude, para a superação de qualquer expressão no campo da forma, até atingir o máximo da sua destinação gloriosa.
Todas as manifestações no mundo das formas direcionadas por uma energia peculiar modificam-se, tornando-se mais complexas, até alcançar estágios definitivos que as caracterizam no campo material.
O mesmo ocorre com os iniciais fascículos de luz, que se utilizam das condensações que elaboram para desenvolver-se, impondo futuras expressões, nas quais a capacidade intelecto-moral se há de manifestar.
Pode-se, portanto, perceber a presença divina em todos esses períodos em manifestações de impulsos que conduzem aos diferentes estágios que deságuam no oceano da futura harmonia.
Arquivando todas essas experiências nos arcanos profundos da mente individual e humana, o ser que vem transitando pelo campo da matéria e desenvolvendo os inextricáveis mecanismos da energia pensante, conduz o conhecimento da evolução, de que se utiliza, consciente ou inconscientemente, para mais audaciosos cometimentos ascensionais.
A princípio, encontra-se fixado ao solo, e nele ínsito. Logo após, prende-se-lhe por intermédio de raízes que lhe oferecem elementos para a vida e para a sustentação, o mesmo ocorrendo no seio das águas… Mais tarde, arrasta-se lentamente na terra que lhe serve de base, para poder erguer-se em pernas vigorosas que lhe sustentam o peso ou voar livremente nos ares…
A libertação do magneto terrestre dá-se, a pouco e pouco, até o momento em que, humanizado, aprende a planar acima do seu apoio, quando se utiliza da mente para os fenômenos da movimentação e da vida.
Trata-se do Reino dos Céus, do Nirvana, do Paraíso, do Mundo de Plenitude fora do mundo físico, que serve de hospedagem transitória para o desenvolvimento do deus interno, da Mente divina que permanece em toda a Criação.
A denominada fatalidade biológica encarregada de fazer que o neuroblasto dê origem a todos os demais, variando na aparência e na finalidade, bem compreendida como a moldagem imposta pelo perispírito, é resultado da Mente Divina que orienta o crescimento e a manifestação da vida, na sua multifacetada expressão. Tudo e todos, portanto, obedecemos a uma planificação superior, antecipada, inevitável e determinista para a harmonia total.
Jamais se fragmenta a Mente Divina, porque Deus é Uno, Absoluto, Eterno, portador de muitos outros atributos, ainda incompreensíveis aos limites das criaturas humanas.
Jesus denominou-o como Pai, e João Evangelista, como Amor.
Seja como for, essa Mente criadora é responsável por tudo quanto existe e merece ser identificada em todas as expressões alcançadas pelo pensamento e pela percepção humana, a fim de render-Lhe graças e prestar-Lhe culto de admiração, aprendendo a amar a Obra na qual se encontra em processo de crescimento ilimitado no rumo da sua relativa perfeição.
Assim sendo, o amor é chamado a compartilhar dessa saga extraordinária, unindo todas as criaturas no mesmo nível de sentimento e de afeição, maneira apropriada de demonstrar gratidão ao Pai misericordioso”.
Rogério Coelho
Referências:
(1) BÍBLIA, V.T. Gênesis. Português. O velho testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio [de Janeiro]: Imprensa Bíblica Brasileira, 1983. cap. 1. Vers. 3;
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83.ed.Rio de Janeiro: FEB, 2002, questão 43; e
(3) FRANCO, Divaldo. Iluminação interior. Salvador: LEAL, 2006. p.17-20.
Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-07/nasa-divulga-novas-imagens-obtidas-pelo-telescopio-james-webb>. Acesso em: 02SET2022.
Veja também
Ver mais
O Fluido Espiritual Como Agente de Cura

Entrevista com André Marouço realizada pela Rádio Espírita
