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Felicidade possível num planeta de provas e expiações: o homem de bem

setembro 17, 2022

Muito se tem sofrido no planeta, especialmente no momento atual da humanidade. São as mais diversas aflições, angústias, misérias, catástrofes naturais ou provocadas pelo ser humano, guerras ou sua iminência, conflitos individuais e coletivos, pandemia, desmandos em geral. Todos esses acontecimentos e situações contribuem para o sofrimento da criatura, quer seja físico, quer seja psicológico ou moral.

Sendo o Espírito mais evoluído a encarnar entre nós, o plasmador do planeta, o nosso exemplo maior, Jesus Cristo já dissera que rogaria a Deus e Ele nos enviaria outro consolador, a fim de que permanecesse eternamente conosco – João, capítulo XIV, v. 15, 16, 17 e 26. Tal consolador é o Espiritismo, doutrina de pilar tríplice e não baseada no ensino de um só, mas da coletividade dos Espíritos superiores, por orientação divina.

No final do item 4 do capítulo VI de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec nos informa que “… o Espiritismo realiza o que Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz com que o homem saiba de onde vem, aonde vai, e porque está na Terra; um chamamento aos verdadeiros princípios da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.”.

Tendo, porém, seus sofrimentos por base, várias pessoas adentram os centros espíritas movidas muito mais pela dor do que pelo amor, buscando um lenitivo para os seus tormentos e desventuras, ainda que de modo não consciente, procurando respostas para os seus males, para as suas mazelas.

De fato, a doutrina espírita nos consola, trazendo a verdade da vida maior, chamando-nos à responsabilidade que temos para conosco, para com os demais, para com as nossas atitudes. No entanto, e apesar de compreender a nossa infantilidade espiritual, não nos examina ou trata como seres desprovidos de compromisso, de comprometimento, de atribuição pelos nossos atos, pela nossa situação atual, pelo nosso destino.

Como é sabido, em O Livro dos Espíritos o codificador compila e ordena o ensinamento dado pelos Espíritos superiores acerca da imortalidade da alma, da natureza dos Espíritos e das suas relações com os homens, das leis morais, da vida presente, da vida futura e do futuro da humanidade.

Na questão 918 dessa obra magnífica, o mestre de Lyon questiona a Espiritualidade acerca das características do homem de bem, buscando saber por quais sinais se pode reconhecer na criatura o progresso real que deve elevar seu Espírito na hierarquia espírita. De acordo com os benfeitores, “o Espírito prova sua elevação quando todos os atos de sua vida corporal são a prática da lei de Deus e quando compreende, por antecipação, a vida espiritual.”.

Complementado essa resposta já imensamente profunda e bela, Allan Kardec faz a seguinte observação, revelando toda a sua compreensão sobre a doutrina que se apresenta à humanidade encarnada:

            “O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua maior pureza. Se interroga sua consciência sobre os atos realizados, se pergunta se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém tem nada a se lamentar dele, enfim, se fez a outrem tudo aquilo que queria que outros lhe fizessem.

            O homem cheio de sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperança de retribuição, e sacrifica o seu interesse à justiça.

            Ele é bom, humano e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem exceção de raças nem de crenças. Se Deus lhe deu o poder e a riqueza, olha essas coisas como um depósito, do qual deve fazer uso para o bem, sem se envaidecer, porque sabe que Deus, que os deu, pode retirá-los.

            Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais diante de Deus. Usa de sua autoridade para elevar sua moral e não para os esmagar por seu orgulho.

            É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que, ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: que aquele que está sem pecado lhe atire a primeira pedra.

            Não é vingativo: a exemplo de Jesus, perdoa as ofensa para não se recordar senão dos benefícios, porque sabe que lhe será perdoado como ele próprio tiver perdoado.

            Respeita nos seus semelhantes todos os seus direitos decorrentes das leis da Natureza, como gostaria que respeitassem os seus.”.

Portanto, e traçadas as características que devem estar presentes na criatura para que se torne uma pessoa de bem, tais predicados são um guia seguro para que deixemos de sofrer, assumindo a responsabilidade que nos cabe, no que se refere a nós e aos nossos irmãos em humanidade, os que ombreiam conosco na criação divina.

Como se viu, não podemos nos colocar à parte do mundo espiritual, do cumprimento das leis divinas de justiça, de amor e de caridade.

E cumprir essas leis, tendo por consequência uma vida minimamente boa e feliz, significa expurgarmos os sentimentos de orgulho e egoísmo do nosso íntimo e das nossas atitudes, prestando atenção no outro como prestamos atenção em nós, querendo o bem do outro como queremos o nosso bem, não adotando atitudes mesquinhas, egoístas ou orgulhosas, conhecendo-nos a nós mesmos, percebendo que todos são iguais perante Deus, que todos temos os mesmos direitos e deveres, e entendendo que enquanto houver um indivíduo sofrendo e passando por necessidades no planeta, não teremos a felicidade, aquela possível num mundo de provas e expiações.

Renato Confolonieri

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://www.canteiroideias.com.br/2015/01/o-homem-de-bem.html>. Acesso em: 17SET2022.

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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