
Necessidades
“A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no necessário”.
(O Livro dos Espíritos, capítulo V, Lei de Conservação)
Entro na Internet e leio, estampada em manchete, a preocupação de cientistas com a evolução, mais rápida do que o inicialmente previsto, do aquecimento global, ameaçando chegar a um ponto de não mais retorno o que desencadearia uma série de efeitos que mudaria o planeta como o conhecemos hoje.
Dias depois, em telejornal matutino, crise hídrica no Brasil com números piores do que o ano anterior à grande crise de 2014, sentida especialmente aqui no estado de São Paulo.
Note leitor ou leitora amiga que o enunciado deste texto está em uma questão de “O Livro dos Espíritos”, nosso texto base. Nos planos maiores, para o nosso planeta, minuciosamente planejado por espíritos muito superiores a nós, tudo foi projetado dentro de uma harmonia divina.
Poderíamos usar e fruir dos nossos recursos naturais, à vontade, desde que para suprirmos com o necessário. Mas o que acontece?
Usamos nossa inteligência para desenvolvermos tecnologias para, em consequência, aumentarmos a produção de bens muito além do que, de fato, necessitaríamos. E o que é ainda mais incrível é que enorme contingente populacional deste planeta sequer tem o mínimo para uma existência digna, para dizer o menos.
Produzimos muito do que não necessitamos e menos do que é o básico e, este último, ainda distribuímos injustamente, mas isso é tema para outro texto.
Para justificar todo esse consumo do supérfluo existe toda uma indústria de marketing que cria necessidades que absolutamente não existiam antes. Aparelhos e marcas, da tecnologia às roupas e outros itens que todos os nossos ancestrais, e não me refiro aos muito longínquos não, pais e avós mesmo, viveram muito bem sem.
E tudo isso, até os alimentos, embalados de maneira quase criminosa contra o meio em que vivemos. Sugamos todos os maravilhosos recursos que esta obra divina nos provém e devolvemos a ela, lixo e gases sufocantes, forçando o planeta a se recuperar longe, muito longe, do tempo necessário para que isso fosse possível. E as consequências?
Se antes tudo parecia distante, séculos e séculos à frente, vemos agora, já no nosso dia a dia, um pouco da consequência deste comportamento. Se não chove agora é porque correntes de umidade que vinham da nossa floresta amazônica não chegaram por conta de desmatamento e queimadas bem recentes.
Se o clima se apresenta diferente em outros tantos cantos desta Terra redonda é porque a temperatura e volume da água dos mares está se alterando por conta do derretimento de geleiras.
E se somos espíritas, e acreditamos na reencarnação, a pergunta vai além de que planeta queremos deixar para nossos filhos e netos; podemos, até mesmo, nos perguntar em que planeta queremos viver na próxima encarnação.
Não esperemos das autoridades políticas sobre o assunto, elas se alternam no poder e hora temos alguém que acredita na ciência e, no instante seguinte, assume um que a confronta e isso e, todos os cantos de planeta. Nesse troca-troca pouca coisa evolui.
Então é hora de repensarmos nosso jeito de viver, e o nosso consumo, porque estes hábitos estão diretamente ligados as diferenças de comportamento da natureza. Ação e reação, causa e efeito diretamente sentida no nosso dia a dia.
André Tarifa
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://agendaespiritabrasil.com.br/2022/04/08/necessario-e-superfluo/>. Acesso em: 05JAN2023.
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