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Mimetizados, mas não penetrados

abril 3, 2023

O Espiritismo é a Doutrina do amor por excelência e tem a Caridade por meio e meta

“Todavia, quem perseverar até o fim, esse será salvo.”
(Mt., 24:13)

Em seu largo descortino mental e aguçada percepção, Kardec pondera (1):

“(…) os que no Espiritismo veem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam, insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres.  Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O avarento continua a sê-lo, o orgulhoso se conserva cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis. Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos”.

Com todo o potencial de sua larga experiência existencial, alerta-nos e ao mesmo tempo esclarece Joanna de Ângelis (2): “(…) agora que assumiste compromissos no movimento espírita que te comove e abrasa, percebes e registras, com a alma dorida, que os companheiros de ideal – salvas expressivas exceções –, ainda se encontram em dubiedade, face à decisão de transporem a aduana da luz. Conquanto se digam espiritistas, longe se encontram de manter as enobrecedoras atitudes do verdadeiro crente, aquele que, impregnado pela fé, pauta a própria conduta nas linhas da convicção esposada.

Antes supunhas que nos arraiais espiritistas a paz houvera feito morada…    Pareciam-te resignados e felizes, lutadores intrépidos os novos discípulos do Evangelho.   Entanto, observas como estão transidos de amargura, quando não rebelados, ante a dor, e interrogas: que fazem da fé clara e pura? Por que ferem, quando conhecem de perto as realidades da lei de “causa e efeito?” Como se deixam conduzir pelos obsessores?!…

Sem dúvida, porque em se assenhoreando da fé, a fé sublimada deles não se assenhoreou. Ficaram apenas mimetizados, mas, não penetrados. Apressados, não mergulharam realmente o espírito nas lides do conhecimento da Doutrina libertadora.

Alguns se fazem notados, mas não conseguiram as íntimas e reais transformações para melhor. Projetaram-se, sem se renovarem. E derrapam com facilidade nos mesmos equívocos, quando contrariados, sofridos ou simplesmente considerados aquém do que se supõem merecedores…

São homens e preferem continuar a sê-lo, quando se poderiam tornar cristãos… O Espiritismo é a doutrina do amor por excelência e tem a caridade por meio e meta. Eles sabem disto, mas apenas sabem.  Não vivem a vida que dizem saber e crer, por estarem acostumados a outra conduta. Mudaram de conceito religioso, mas não de comportamento moral…  Não os estranhes, nem os censures para que não incidas nos erros deles. Sensibilizado pelas lições imortalistas que estudas, vive-as cordialmente, sejam quais forem as circunstâncias.

(…) Acautela-te, orando e trabalhando incessantemente. Não serás poupado, pois o êxito da tua produção fraterna na Vinha do Senhor incomoda-os, irrita-os, e, na falta de argumentos justos, usarão estranhas armadilhas e conceitos infelizes para se realizarem ante a chuva de amargura e fel que desabe sobre a tua cabeça. Não obstante, prossegue sereno e confiante…

Não apenas os sacerdotes e políticos de Israel, a soldadesca e os bandoleiros crucificados ao Seu lado, zombaram, sarcasticamente de Jesus. Não somente os estranhos conspiraram antes para colocarem-nO perdido: foram os amigos invigilantes, os comensais do Seu amor, aqueles que O conheciam e sabiam, que O entregaram, para logo após fugirem.

Diante dessa comovedora realidade, refugia-te n`Ele e compreende, integrando-te no Evangelho Restaurado, a necessidade de viver pelo exemplo o Espiritismo que o descerra para ti e não olhes para trás, não reclames, não te defendas quando acusado, nem te justifiques. Ama, e serve sem parar, pois “aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.”       

Rogério Coelho

Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 1ª parte, cap. III, item 28, § 2º.
(2) Joanna de Ângelis/Franco, D.P. “Florações Evangélicas” – Salvador: LEAL, cap. 15.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www.draevelinsouza.com.br/passarinho-na-tempestade/>. Acesso em: 03ABR2023.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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