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A Morte de um Espírita

setembro 12, 2023

O texto está na Revista Espírita de setembro de 1859. Kardec evoca o espírito do Sr. J, homem de bem e de uma caridade sem limites, já adepto a recém-nascida doutrina espírita. O Livro dos Espíritos fora publicado há apenas dois anos antes de seu desencarne, era assinante da Revista espírita e, usualmente trocava correspondências com o codificador.

Apesar de suas convicções doutrinárias, o espírito comunicante confessa que tinha receio da morte e, com o fim de tranquilizá-lo, apenas seis semanas antes de seu desencarne, recebera notícia de espírito amigo dizendo que não se preocupasse já que sua passagem distanciaria, ainda, cinco anos. A informação foi necessária a fim de que ele não se apegasse muito à vida, dificultando seu retorno, algo muito semelhante à “melhora da morte” a qual já estamos acostumados diante de tantos casos conhecidos.

O texto todo nos traz muitos e diversos ensinamentos, mas foco aqui neste receio da morte. Veja que apesar do conhecimento, o medo do futuro reservado, após a morte do corpo físico, é inerente a todos nós. O que encontraremos do outro lado? E olha que, a seu tempo não havia ainda livros como Nosso Lar que, não por culpa do livro mas, sim, por nossa interpretação equivocada, criou um umbral temeroso, ora semelhante e um inferno mas mais com cara de purgatório já que lá ficaríamos até o resgate do plano maior quando ou pagássemos nossa dívida ou, de alguma forma fossemos dignos de merecimento ou intercessão de alguém que nos ama. De uma maneira, ou de outra, diante de tantas repetições em demais obras literárias ou audiovisuais acabamos por criar esse entendimento ou paradigma e solidificamos ele em nosso mental.

Mas não é assim. A morte do personagem desse texto é linda, tranquila, fora recebido por espíritos queridos, seu período de perturbação fora curtíssimo, rapidamente recobrara sua consciência. Afirma, na mesma entrevista que os conhecimentos prévios da doutrina lhe fora muito útil nessa transição.

Trago também, à guisa de comparação, o caso de Frederico Figner relatando sua desencarnação no livro Voltei, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Outra passagem linda, acompanhada por mentores e da filha amada.

O caso de ambos e de tantos outros, anônimos e famosos, são comuns, corriqueiros. Nada temos a temer. O conhecimento prévio da doutrina lógico que ajuda para entendermos o mecanismo do processo e diminuir as expectativas da chegada já que ninguém aqui espera céu ou descanso eterno. Mas o conhecimento das leis naturais, do código moral do Evangelho naquilo que cada um de nós consegue assimilar e aplicar, prepara-nos para mais do que o paradigma “umbral-resgate futuro”.

Entreguemos à vida o que temos de melhor, com as ferramentas que temos, respeitando nossos limites e sem a criação de expectativas. Vivamos bem e tenhamos uma boa morte.

André Tarifa

André Luis R. Tarifa
André Luis R. Tarifa

Trabalhador espírita desde os 12 anos de idade, eterno aprendiz, tenho um canal no Youtube onde compartilho meu aprendizado e as belezas da poesia. Atualmente desenvolvo os meus trabalhos no Centro Espírita Mansão da Esperança em São Paulo, SP.

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