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O Espírita no Mundo de hoje!

dezembro 13, 2023

“Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal.”
Jesus – João, 17:15

Na oração ensinada por Jesus aos discípulos, não consta qualquer menção feita por Ele ao Pai, na qual alguém possa se basear para isolar-se dos homens a pretexto de melhor servir a Deus. É de se estranhar, que os que assim pensam ainda não tiveram o cuidado de examinarem a referência acima, anotada pelos evangelistas.

Essa conduta na atualidade nos causa perplexidade, por que ainda é defendida por indivíduos que, por motivos religiosos, vivem na solidão, entregues à vida contemplativa. Se essa conduta dos eremitas do passado, veneráveis e santas figuras que buscavam o insulamento em grutas desertas, fugindo do contato com o mundo externo, para adotarem uma vida de inteira renúncia com o propósito de despertarem no homem as potencialidades da alma, essa prática já deveria de há muito ter sido revista pelos religiosos de hoje, pois como diz o velho ditado, tudo tem o seu tempo, e sua época.

Encontramos sobre o assunto, em O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, na questão 657 a resposta dos Imortais sobre a questão formulada por Allan Kardec sobre o assunto, conforme segue:

“Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à vida contemplativa, uma vez que nenhum mal fazem e só em Deus pensam? 

“Não, porquanto, se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense Nele, mas não quer que só Nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na Terra. Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida toda pessoal e inútil à Humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.” 

Nos nossos agitados dias do presente, o recolhimento em mosteiros ou qualquer outro modo de isolamento com essa finalidade, é uma aberração, uma prática, sem proveito algum para seus adeptos, expressando simplesmente egoísmo, acomodação, fuga ao trabalho, ignorância aos ensinamentos do Mestre que em momento algum deixou de estar ao lado dos seus irmãos mais necessitados, para ajuda-los.

Nessa passagem evangélica de Jesus, “Não peço que os tires do mundo, e, sim, que os livres do mal” referia-se Jesus, justamente no sentido de que o verdadeiro cristão não se sentisse isento dos contratempos que adviria a todos os seguidores da Boa Nova, porque ninguém estaria isento de problemas e dificuldades por seguir o roteiro do bom procedimento contido no seu evangelho.

Seus discípulos daquela época, tanto quanto nós outros da atualidade, não prescindiam do clima ardoroso das lutas terrestres, pois bem sabe o Mestre que justamente as lutas corrigem, aperfeiçoam, iluminam, e que num mundo de expiações e provas, não será possível progredir sem os desafios propostos a cada um de renovação e progresso intelectual, moral e espiritual.

Deixou a recomendação a quantos lhe desejassem seguir, com sincero desejo de progredir principalmente em assuntos espirituais, seu seguro roteiro de procedimento no mundo de modo que todos possam dar seu próprio testemunho enfrentando com fé, trabalho e compreensão de suas mensagens e atitudes, com absoluta certeza de que Ele é o Caminho a Verdade e a Vida.

“Grande número de discípulos do Evangelho, em descortinando alguns raios de luz espiritual, afirmam-se declarados inimigos da experiência terrestre. Furtam-se, desde então, aos mais nobres testemunhos. Defendem-se contra os homens, como se estes lhes não fossem irmãos no caminho evolutivo. Enxergam espinhos, onde a flor desabrocha, e feridas venenosas, onde há riso inocente. E, condenando a paisagem a que foram conduzidos pelo Senhor, para serviço metódico no bem, retraem-se, de olhos baixos, recuando do esforço de santificação.

Declaram-se, no entanto, desejosos de união com o Cristo, esquecendo-se de que o Mestre não desampara a Humanidade. Estimam, sobretudo, a oração, mas, repetindo as sublimes palavras da prece dominical, olvidam que Jesus rogou ao Senhor Supremo nos liberte do mal, mas não pediu o afastamento da luta.

Aliás, a sabedoria do Cristianismo não consiste em insular o aprendiz na santidade artificialista e, sim, em fazê-lo ao mar largo do concurso ativo de transformação do mal em bem, da treva em luz e da dor em bênção.” (Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel no livro Vinha de Luz, Cap.57)

Não há como alguém dar testemunho de resistência moral, se não sentiu o peso de fortes tentações, lutando por superá-las sobrepondo-se com tenacidade a todas elas, com inabalável determinação de vencer a si mesmo e a seus maus pendores em busca de sua própria elevação espiritual. Isso significa viver no mundo, sem aderir ao mundo, seguir seus propósitos superiores deixando os apelos da sociedade materialista para os que ainda não despertaram para a sublime finalidade da vida.

Estamos no mundo físico em meio aos devaneios de uma sociedade corrompida e descrente dos valores éticos morais, mas não precisamos partilhar-lhe as loucuras dos desregramentos tão “naturais” que constatamos em nosso dia a dia, evitando a lama dos vícios físicos e morais que são difíceis de serem vencidos, mas nunca impossíveis, vamos precisar sempre de determinação, esforço, persistência, e uma constante vigilância, para que não venhamos sucumbir ante o mal, nas suas diversas e covardes facetas.

Vivenciando um mundo de conflitos e tentações, estamos sem dúvida diante de um clima propício às experiências renovadoras, que nos exigem o fortalecimento das imortais lições de Jesus perante a Lei Natural, onde a abnegação e o trabalho no desenvolvimento dos dons que há em cada um de nós, devem servir de adubo para o plantio no presente da boa semente em nossos corações visando a futura colheita que será inevitável.

Jesus nos abençoe.

Francisco Rebouças

“Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em Vinha de luz.
Acesso em: 10/12/2023

Francisco Rebouças
Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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