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Paradigmas e mudanças

dezembro 29, 2023

Um dos maiores desafios do mundo atual é a mudança da nossa conduta para com nossos semelhantes, principalmente nossos familiares diretos. As pessoas se queixam da grande dificuldade do relacionamento humano, mas esquecem que também precisam fazer a parte delas.

Mudar implica em uma renovação de atitudes e em alguns momentos se reinventar, para melhorar as relações humanas no nosso dia a dia. Nossa cultura é responsável por certos paradigmas que fazem parte da nossa sociedade, engessando a capacidade de iniciativa para uma mudança, pois nem todas as pessoas conseguem romper com seu modelo de história de vida, para reconstruir um novo formato cultural. 

Emmanuel através da mediunidade de Chico Xavier, nos deixou uma preciosa mensagem no livro Fonte Viva quando citou:

A corrigenda é sempre rude, desagradável, amargurosa; mas, naqueles que lhe aceitam a luz, resulta sempre em frutos abençoados de experiência, conhecimento, compreensão e justiça.

O problema da felicidade pessoal, por isso mesmo, nunca será resolvido pela fuga ao processo reparador (1).

O novo sempre vai desafiar e gerar medo, principalmente nas pessoas com pouca experiência de vida ou com limitações. Existe um grande choque de gerações, onde o principal elemento é a diferença cultural e o ponto de vista do que é certo ou errado, assim como também a noção de limite.

Não basta as pessoas buscarem se capacitar para melhor lidar com as diferenças, é necessário ter compreensão e sensibilidade para intermediar certas situações, onde a principal questão é a diferença do ponto de vista das pessoas. Gostando ou não nossas dificuldades refletem as questões mal resolvidas no nosso mundo íntimo, e a vida pede correção ou reparação. No livro Justiça Divina, psicografado por Chico Xavier e ditado por Emmanuel, encontraremos incentivos a mudar o foco da nossa vida e os nossos interesses por um mundo melhor, quando nos diz:

Julgávamos que o poder transitório entre os homens nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes… 

Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo quanto dói o cativeiro da humilhação (2).

A ciência pode ser usada para mostrar que é possível romper com paradigmas ou dogmas.

No início do século XX, a tuberculose era uma doença fatal, sem possibilidade de cura. Com o passar do tempo, o tratamento e a cura tornaram-se de acesso popular, sendo uma doença considerada de controle da saúde pública. O diagnóstico mudou completamente no intervalo de meio século. Da mesma forma que o dogma reflete uma mente fechada para mudanças, pois ele representa uma verdade inquestionável.

Se a doutrina espírita procura nos mostrar que todo erro pode ser reparado, num tempo adequado, a expressão pecado pode perfeitamente ser ressignificada, já que é possível uma reparação do mal cometido. As dores da alma refletem nossas dificuldades de assumir nossas culpas diante da nossa consciência. No livro Rumo Certo de Chico Xavier, Emmanuel apresenta uma orientação espiritual para nos ajudar a entender as dificuldades de superação das nossas limitações ou atrasos espirituais, quando cita:

Todos os estados enfermiços da alma se assemelham, no fundo, aos estados enfermiços

do corpo, solicitando remédio adequado que lhes patrocine a cura.

E a impaciência que tantas vezes gera rixas inúteis é um deles, pedindo o específico da

calma que a desterre do mundo íntimo.

Como, porém, obter a serenidade, quando somos impulsivos por vocação ou por hábito (3)? 

Os paradigmas culturais atávicos que somos portadores interferem nas possibilidades de mudanças muito mais do que imaginamos, por conta disso Allan Kardec, no Livro dos Espíritos nos apresenta: 

A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?

A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito (4).

Aquele que reconhece seus erros e aceita iniciar um processo de mudança em sua vida, abre oportunidades para pensar de uma forma diferente e começar a enxergar sua existência espiritual e os desdobramentos na vida material sob um novo prisma.

Eder Andrade

Referências:
(1) Xavier, Francisco Cândido; Fonte Viva; Cap. 6 – Aceita a correção; FEB;
(2) _____ , _______________; Justiça Divina; Cap. 11 – Culpa e reparação; FEB;
(3) ______, _______________; Rumo Certo; Cap. 19 – Conquista íntima; FEB; e
(4) Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; 4a p. – Cap. 2 – Expiação e Arrependimento – Perg: 998; FEB.

Nota do Editor:
Artigo publicado pelo Jornal O Clarim (RIE) de Matão (SP) em novembro de 2023.

Eder Andrade
Eder Andrade

Professor de História e Sociologia, frequentador do Centro Espírita Consolador, no Rio de Janeiro, RJ.

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