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Deformações do Perispírito

janeiro 6, 2024

Segundo a Doutrina Espírita, existem situações vivenciadas por um espírito que pode levá-lo a deformar o seu perispírito. Diríamos em outras palavras, o espírito perde a capacidade mental de moldar com plasticidade seu perispírito em uma nova encarnação.

Vários fatores podem ser apontados nesse processo, como abuso de drogas e deformações mentais provocadas por hipnose e em particular culpa e remorso. Porém vamos encontrar em cada história uma emoção mal resolvida, que o espírito não conseguiu ressignificar ao longo de existências anteriores.

Observamos que alguns obsessores se utilizam das lembranças no inconsciente da vítima para estabelecer uma conexão mental, levando-o ao desequilíbrio. Isso explica quando a simples presença do desafeto ou a lembrança de um acontecimento remoto, interfere desarmonizando o sofredor.

Às vezes o desconforto causado pela presença de alguém ou por uma lembrança de um acontecimento pode desequilibrar totalmente um indivíduo, quanto mais um desencarnado, sem o benefício do esquecimento produzido pela reencarnação.

Encontramos no livro psicografado por Chico Xavier, Roteiro, a seguinte advertência:

A bênção que um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso planeta pode oferecer. (1)

Vários fatores podem contribuir para promover um desequilíbrio dessa proporção, favorecendo uma deformação no perispírito, temos como exemplo, a explicação de Suely Caldas em sua obra Transtornos Mentais, com base em estudos de Carl G. Jung, Psicogênese das Doenças Mentais:

[…] a dissociação indica uma desagregação de uma parte da pessoa com ela mesma. […] A pessoa mentalmente desequilibrada tenta se defender contra o seu próprio inconsciente. Há uma intensa luta intrapsíquica e isto é muito doloroso. (2)

Allan Kardec nos ajuda a entender as questões de obsessão no O Livro dos Médiuns quando esclarece no capítulo “Da ação dos Espíritos sobre a matéria”:

[…]o perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa propriedade do seu envoltório fluídico[…]. (3)

O desequilíbrio provocado pelo mau uso do livre arbítrio ao longo de várias encarnações, contribui para um desequilíbrio mental do próprio espírito, que vai gradativamente perdendo seu autocontrole, sua capacidade mental e concentração, elementos esses que favorecem a interferência dos obsessores e magnetizadores para uma subjugação.

Vão se utilizar das memórias vivas que o sofredor é portador para induzi-lo a fazer coisas deploráveis ou se ver diante de um sofrimento que não faz sentido algum no atual momento, quando projetam em sua mente a natureza do seu sofrimento, chegando ao ponto de o sofredor perder sua vontade e capacidade de resistir.

Na obra Libertação, temos a história, onde o Instrutor Gúbio, acompanhado de André Luiz, visita uma Cidadela Trevosa, governada pelo Juiz Gregório, onde presenciaram uma cena de julgamento de uma mulher:

Certa mulher é destacada de um grupo e confessa ter matado seus quatro filhos e contratado o assassino do esposo, e que arrependida, viveu chafurdada na bebida e nos prazeres. O juiz impenitente usa de seu poder magnético e a hipnotiza chamando-a de loba e, aos poucos, seu perispírito toma a forma da referida fera, dando-se o fenômeno da licantropia. (4)

Em todas as situações, encontramos um remorso muito grande em total estado de desequilíbrio mental e demência, tornando o indivíduo refém da condição que se encontra, onde a ausência das boas atitudes, como uma prece, nem se cogitam por parte desses sofredores.

Nas obras de André Luiz na série A Vida no Mundo Espiritual, vamos encontrar sempre um espírito respeitável ou missionário, que procura orientar e esclarecer os aprendizes e trabalhadores das colônias espirituais sobre a importância da encarnação como uma dádiva para nossa evolução, dizendo mais ou menos o seguinte:

A oportunidade abençoada da reencarnação a todos que solicitam essa misericórdia da espiritualidade, tem duas grandes finalidades:

A primeira é que a grande maioria dos espíritos buscam a benção do esquecimento em um novo corpo de carne, pois a diferença vibratória da matéria grosseira, favorece o abafamento das lembranças de outras existências, principalmente as de sofrimento que precisamos ressignificar, pois temos grande dificuldade de conviver com o desconforto das nossas atitudes equivocadas e imprudentes.

A segunda se refere a oportunidade de renovação pelo estudo e aprendizagem no nosso movimento de reforma íntima. Conhecendo a verdade fica mais fácil, para aqueles que assim desejar mudar o curso das suas vidas. Como um aluno que sente necessidade e busca em uma aula de reforço melhorar seu rendimento.

Chico Xavier nos deixou muitas mensagens esclarecedoras, entre elas:

Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo.

Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim.

O processo de crescimento pessoal e reforma íntima é muito particular para cada um de nós.

Tudo o que pudermos fazer no bem, não devemos adiar. É indispensável que o bem se propague. Uma atitude positiva desencadeia outras. O amor contagia.

(Chico Xavier)

Eder Andrade

Referências:
(1) Xavier, Francisco Cândido; Roteiro; Cap. 3 – O Santuário Sublime; FEB;
(2) Schubert, Suely Caldas; Transtornos Mentais; Definindo os Transtornos Mentais; FEB;
(3) Kardec, Allan; O Livro dos Médiuns; Cap. 1- Da ação dos Espíritos sobre a matéria – It. 56; FEB; e
(4) Xavier, Francisco Cândido; Libertação; Cap. 5 – Operações Seletivas; FEB.

Eder Andrade
Eder Andrade

Professor de História e Sociologia, frequentador do Centro Espírita Consolador, no Rio de Janeiro, RJ.

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