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Disciplina e amor

janeiro 24, 2024

Quando tínhamos aulas de Yoga, nossa mestra, uma sábia estudiosa do budismo e hinduísmo, nos solicitava ficarmos parados numa postura dos exercícios, os chamados “asanas”, ela insistia na respiração e na persistência e explicava que o ficar ali esforçando-nos em manter a posição representava o “amor”.

Agora, estudando o Espiritismo, conseguimos compreender melhor o que ela queria dizer com aquele aspecto do amor do ficar, da persistência, mesmo com as dores musculares resultantes do esforço.

Não foi à toa que Emmanuel solicitou muito trabalho, estudo e esforço a Francisco Cândido Xavier no início de sua missão como médium e resumiu que os três pontos básicos eram disciplina, disciplina e disciplina.

Nossa escalada para a luz começa na disciplina, com certeza. Todo o esforço que fazemos para conseguir qualquer coisa na vida é força raiz ao amor, é trabalho para sair de instinto à sentimento.

Jesus materializou nosso planeta canalizando a energia de amor de nosso Pai. Estamos vivos porque o amor de Deus nos alimenta. ikiuJesus, tal como o nosso Criador, trabalha incessantemente por nós, na disciplina do puro amor.

Joana de Ângelis (1) nos ensina sobre essa força criadora chamada Hálito do Amor:

A identificação dessa força poderosa que é o amor, faculta a sua utilização de maneira consciente em favor de si mesmo como de todas as formas vivas.

As plantas absorvem as emanações do amor ou sentem-lhe a ausência, ou sofrem o efeito dos raios desintegradores do ódio, que é o amor enlouquecido e destruidor. Os animais enternecem-se, domesticam-se, quando submetidos ao dinamismo do amor que educa e cria hábitos, vitalizando-se com a ternura ou deperecendo com a sua falta, ou extinguindo-se com as atitudes que se lhe opõem. (grifo nosso)

Nós, assim como os animais, domesticamo-nos também com a disciplina que gera os hábitos. Desde que nascemos nos esforçamos para tudo; para dar os primeiros passos, por exemplo, que exigiram coragem, disciplina e perseverança. A escola é o clássico exemplo onde aprendemos por necessidade a renunciar horas de lazer para estudar e aprender, o que não é outra coisa senão disciplina, que os que a conquistam acabam por serem mais bem sucedidos na vida.

Na evangelização infantil, muitas crianças ficam com preguiça de sair da cama cedo para ir ao centro espírita, mas é necessário a firmeza dos responsáveis por elas, pois mais tarde elas agradecerão pelas ricas aquisições que tiveram.

Não é à toa que Jesus solicita-nos “Vigiai e orais para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” O ato de vigiar implica em renúncia aos instintos negativos que são as portas largas enganadoras e de prazeres voláteis, e o ato de orar é quando buscamos a força dos céus para que não falhemos nesse intento. O sucesso dessa empreitada dependerá da disciplina, da força do hábito, de vencer barreiras de instintos para a conquista do amor.

Ao falarmos de hábito e disciplina estamos falando de educação, e no caso aqui, da moral. Joana de Ângelis (2) fala sobre ela:

A educação moral não se circunscreve às palavras com efeitos especiais ou aos verbalismos e florilégios superados, e sim ao comportamento pacífico e fraternal abrangendo todas as pessoas e formas de vida em um imenso amplexo de dignidade e admiração.

Essa contribuição moral formará pessoas de hábitos morigerados e ricas de sentimentos disciplinados, formadoras de comportamentos saudáveis, que se ampliarão pela família alcançando a sociedade como um todo.

O caminho reto é o que o amor demanda, e para que nos eduquemos nesse sentido, precisamos compreender o que acontece em nossa mente e que nos faz desviarmos dele, logo, conhecer-se é imprescindível. Se eu sei que vou mentir para poder enganar alguém, a minha consciência interna vai acusar que estou mentindo e se eu estou no caminho da disciplina do amor, minha vontade iluminará o meu discernimento e escolherei dizer a verdade para não enganar o outro, porque não quero para o outro o que não quero para mim. É simples assim, a força do amor gera a disciplina.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Referências:
(1) FRANCO, Divaldo P. Franco, pelo espírito Joana de Ângelis. Amor, Imbatível amor. Livraria Espírita Alvorada Editora. 7ª edição. Cap.13 – item: Amorterapia; e
(2) FRANCO, Divaldo P. Franco, pelo espírito Joana de Ângelis. Dias Gloriosos. Livraria Espírita Alvorada Editora. 3ª edição. Cap.2.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

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