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Saúde Mental e Espiritismo

março 24, 2024

Dentro de uma visão com base doutrinária, podemos explicar a questão da saúde mental de muitas pessoas, como um problema de ordem espiritual.

Seria exagero da nossa parte, mas existem comprovações que a combinação de determinados elementos da vida atual e pregressa, podem explicar o despertar de doenças mentais pré-existentes, que às vezes tornam-se difíceis de serem solucionadas.

Existem deformações do perispírito e desequilíbrios, que o encarnado em sofrimento é o único responsável, embora inicialmente isso não faça muito sentido, num diagnóstico superficial.

É possível correlacionar determinados comportamentos atávicos com o despertar de certos desequilíbrios psíquicos e para romper esse looping de sofrimento, às vezes se faz necessário novas encarnações.

A saúde mental no mundo é uma questão de saúde pública, porém os sintomas nos chamam a atenção atualmente pela dimensão e frequência que estão acontecendo, em várias faixas etárias da população, pois nem todos os casos são referentes a saúde orgânica.

Infelizmente a sociedade humana vem passando por uma banalização e distorção dos costumes, como se a grande maioria das pessoas tivesse perdido a noção do limite entre a ideia do certo e do errado.

Bezerra de Menezes em sua obra “A loucura sob um novo prisma”, já conseguia antever que determinados diagnósticos dependiam de um novo olhar do médico em relação ao paciente, quando citou:

A Ciência precisa distinguir as causas físicas das morais, para poder aplicar às moléstias os meios correlativos. Ora, a loucura, como temas demonstrado, é moléstia de fundo orgânico, nuns casos, e é de fundo espiritual, noutros casos; logo, a Ciência precisa bem conhecer esta diferença, para variar de ação, segundo a espécie. (1)

Em outras palavras, já chamava atenção que o tipo de tratamento poderia variar de acordo com os sintomas, porém o mais difícil era realizar um diagnóstico percebendo o tipo de influência que o enfermo apresentava. Em outras palavras, o grau do possível desequilíbrio que o doente era portador.

Quando Allan Kardec elaborou a codificação, procurou colocar questões com o objetivo de despertar nossa atenção para a influência dos desencarnados sobre os encarnados e até vice-versa, que pode ser sutil ou ostensiva. Podemos perceber isso na questão 459 do Livro dos Espíritos, quando perguntou:

“Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?

Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”.(2)

Somos os responsáveis pelos desequilíbrios que somos portadores, porém isso não significa que não seja possível promover um processo de reparação ou reequilíbrio. André Luiz no livro Ação e Reação, ouvindo uma conversa entre o assistente Silas e o companheiro Hilário, nos deixou a seguinte reflexão:

“Nossos irmãos doentes, desse modo, estarão segregados, até que se renovem?

– Perfeitamente – aclarou Silas, bondoso.

– E que devem fazer para atingir a melhora necessária?

– Indagou Hilário com insofreável assombro.

Nosso amigo sorriu e obtemperou:

– O problema é de natureza mental. Modifiquem as próprias ideias e modificar-se-ão. – Isso, porém, não é tão fácil.” (3)

A reeducação dos sentimentos envolve encarnações corretivas provacionais, com sacrifícios e renúncias, onde só o tempo será capaz de educar e ensinar aqueles que desejarem de fato aprender. Segundo Emmanuel, existem casos tão complexos que se faz necessário duas ou três encarnações para o espírito conseguir despertar do estado de semiconsciência que se encontra.

O grande papel da Doutrina Espírita é despertar as consciências, que a saúde mental é reflexo de um conjunto de fatores espirituais e materiais, diríamos um combo de elementos internos e externos, que bem conduzidos promovem um equilíbrio psíquico e uma paz interior. Isso não se dá de uma hora para outra, representa um investimento do espírito em sua Reforma Íntima, exigindo às vezes várias encarnações de testemunho e boa vontade, além de um esforço próprio em seu benefício.

Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier, nos deixou uma mensagem para nossa reflexão pessoal, quando citou:

“Não há forças miraculosas para os seres humanos, como não existem igualmente para nós. O livre-arbítrio relativo nunca é ab-rogado em todos nós; em conjunto, somos obrigados, em qualquer plano da vida, a trabalhar pelo nosso próprio adiantamento.” (4)

A grande maioria das obras de autoajuda, assim como as obras de evangelização espíritas, procuram mudar o foco das formas de pensamento do enfermo, de maneira a renovar suas imagens mentais. Em outras palavras, mudar a natureza dos seus pensamentos, procurando vibrar de forma positiva. Deixando para trás o homem velho que ainda somos portadores, para construir uma nova realidade interior, que vai nos tornar mais livres das emoções e apegos materiais que ainda somos dependentes.

Eder Andrade

Referências:

  1. Menezes, Adolfo Bezerra de; A Loucura sob um novo prisma; Cap. III – Obsessão; FEB.
  2. Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; Cap. IX – Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos: FEB.
  3. Xavier, Francisco Cândido; Ação e Reação; 5 – Almas enfermiças; FEB.
  4. Xavier, Francisco Cândido: Emmanuel; I – Almas Enfraquecidas – Necessidades do esforço próprio; FEB.


Nota do editor:
Artigo publicado pelo Correio Espírita de Niterói (RJ) em março de 2024

Eder Andrade
Eder Andrade

Professor de História e Sociologia, frequentador do Centro Espírita Consolador, no Rio de Janeiro, RJ.

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