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Poucos os escolhidos

abril 28, 2024

Sabemos que o espírito encarnado no momento do sono, em sua ânsia por libertar-se da prisão que é o corpo físico (O.L.E questões 400-402), jamais fica inativo. Durante o descanso do corpo pode lembrar-se do passado, ter previsões do futuro, encontrar-se com os entes queridos desencarnados, participar de atividades edificantes junto a benfeitores espirituais, como também, dependendo de sua escolha, entregar-se a atividades não edificantes junto a espíritos ignorantes, com os quais se sintoniza.

Sabemos também que os espíritos influem sobre os nossos pensamentos muito mais que supomos, de modo a quase nos dirigir (O.L.E, q. 459). E não só isso como aproveitam-se da circunstância, muito seguidamente as provocam, nos induzindo ao objeto de nossa ambição (O.L.E questão 472).

Em Missionários da Luz (1), André Luiz acompanha o instrutor Alexandre, que teria um trabalho de preparação de seus cooperadores encarnados, e enfatiza que contam com um número de associados no centro de estudos superior a trezentos, mas apenas 32 conseguem romper as teias inferiores das mais baixas sensações fisiológicas. Ele também coloca que o homem eterno guarda a lembrança completa dos ensinamentos, porém, o homem físico, por suas necessárias limitações de seus cérebros, depende muito da iluminação do seu detentor, que por sua vez, depende de seus esforços pessoais.

Já estava quase na hora da palestra instrutiva da noite, quando deram a falta de dois companheiros encarnados, Vieira e Marcondes. Alexandre convoca o auxiliar Sertório para verificar o acontecido e autoriza André Luiz a acompanhá-lo.

Sertório explica a André que o espírito encarnado não tem ideia da imensidão e importância dos trabalhos prestados durante o sono físico e não se preparam devidamente, entregando-se à caça de emoções frívolas e menos dignas.

André pergunta se isso se sucedia mesmo aos alunos avançados como os de Alexandre e Sertório responde: Como não?… Com referência a essa probabilidade, não tenha qualquer dúvida. Quantos pregam a Verdade, sem aderirem intimamente a ela? Quantos repetem fórmulas de esperança e paz, desesperando e perseguindo no fundo do coração? Há sempre muitos “chamados” em todos os setores de construção e aprimoramento do mundo! Os “escolhidos”, contudo, são sempre poucos.

E ainda adiciona mais uma importante lição a nós todos, caro leitor: E precisamos reajustar nossas definições sobre os “escolhidos”. Os companheiros assim classificados não são especialmente favorecidos pela graça divina, que é sempre a mesma fonte de bênçãos para todos. Sabemos que a “escolha”, em qualquer trabalho construtivo, não exclui a “qualidade”, e se o homem não oferece qualidade superior para o serviço divino, em hipótese alguma deve esperar a distinção da escolha. Infere-se, pois, que Deus chama a todos os filhos à cooperação em sua obra augusta, mas somente os devotados, persistentes, operosos e fiéis constroem qualidades eternas que os tornam dignos de grandes tarefas. E, reconhecendo-se que as qualidades são frutos de construções nossas, nunca poderemos esquecer que a escolha divina começará pelo esforço de cada um.

Que pérola Sertório nos proporciona! Podemos construir a nossa resistência aos impulsos inferiores com a devoção, perseverança, operosidade e fidelidade.

Sertório e André encontram Vieira num terrível pesadelo causado por uma entidade de vestes negras que ele mesmo atraiu por suas falsas acusações a ela. A única solução que tiveram para ajudar Vieira foi acordá-lo do pesadelo.  Esse acordou confuso sem perceber a presença dos amigos espirituais e estava impossibilitado de comparecer aos trabalhos da noite.

Já Marcondes, foi encontrado entregue a relaxamento típico de viciado em ópio. Ficou envergonhado ao ver seu conhecido, Sertório, sem poder explicar o ocorrido. Estava cercado por entidades da pior espécie que o conduzia e zangavam-se com o seu recuo. Mais um companheiro inutilizado para os trabalhos da noite. Sertório explica que Marcondes deveria demorar-se em tal situação, de modo que a lembrança desagradável duraria mais, fortificando-lhe a repugnância pelo mal.

Fica bem claro para nós que a nossa consciência, aos poucos vai nos ajudando a não sermos mais presas das amargas experiências fruto de nossa falta de disciplina e fé. E todos nós somos sujeitos aos nossos impulsos negativos, precisamos ter humildade e admitindo e sendo mais proativos, vigiando e orando sempre.

Aliás, a humildade é uma proteção. Na obra As vidas de Chico Xavier (2), encontramos relevantes lições de Emmanuel a Chico. O exemplo abaixo nos mostra que mesmo um encarnado do quilate de Chico precisava estar constantemente vigiando.

(Chico) levou um tombo, caiu de costas e bateu com a cabeça no chão. Já estava pronto para reclamar, quando Emmanuel ordenou:

– Agradeça.

– Como?

– Agradeça.

Ainda no chão, Chico levantou um pouco a voz e acatou:

– Obrigado, muito obrigado.

A voz do amigo invisível decifrou o enigma;

– Se você se irritasse, emitiria vibrações quase iguais às deles e eles  ficariam com mais força.28

O tombo, segundo o amigo invisível, tinha sido provocado por “espíritos de baixa vibração”.

Percebam que Chico emitiu vibrações quase iguais às deles, agora já imaginou o estrago que nós, que provavelmente emitiríamos vibrações de igual a pior teor às entidades assim iríamos causar em nossas vidas?

Pois é, estamos aqui encarnados para incluirmo-nos ao grupo dos poucos escolhidos, não? Então todo o esforço vai valer a pena.

O importante é sabermos que somos suscetíveis, e, como Chico mesmo dizia: não podemos mudar o nosso passado, mas podemos tentar acertar a todo instante.

Orai, vigiai e humildade, são as eternas lições do nosso Senhor Jesus Cristo, e mais todas as outras lições não citadas, mas igualmente importantes, pois tudo é um pacote de informações para nós todos, sem exceção, que estamos a caminho da inevitável luz.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Referências:
(1) XAVIER, Francisco Cândido, pelo espírito André Luiz. Missionários da Luz. Cap.8.
(2) MAIOR, Marcel Souto. As vidas de Chico Xavier. Editora Planeta do Brasil. 2ª edição. Pág.108.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

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